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Dia da Mulher: Conheça Gisela Simas, fundadora da Associação SOS SERRA em Petrópolis

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Dia da Mulher: Conheça Gisela Simas, fundadora da Associação SOS SERRA em Petrópolis

ONG se consolidou como o principal canal de doações nas tragédias de 2022, chegando a arrecadar 200 toneladas de alimentos

A Associação SOS SERRA começou em uma pequena garagem no início de 2021 e agora, quase 2 anos depois, continua atuando em diversas frentes sociais e se consolida como uma das principais ONGs de Petrópolis, em especial pelo trabalho realizado durante as tragédias de 2022. Por trás desta grande instituição, há também uma grande mulher. Neste Dia Internacional da Mulher, conheça Gisela Simas, fundadora da SOS SERRA.

Gisela Simas. Foto: Divulgação SOS Serra

Criada em uma casa com mais 7 irmãos, Gisela aprendeu desde cedo a dividir, ser altruísta e caridosa. E foi assim também que criou seus três filhos, duas mulheres e um homem que, para a petropolitana, têm a maior riqueza possível em um ser humano: a preocupação real com o próximo.

Designer de mobiliário, a benfeitora trabalha desde os 16 anos de idade com o que ama e, apesar de seu principal instrumento ser a madeira, se interessa em materiais sustentáveis, novas tecnologias e relações humanas. “Tenho muitos irmãos, o que me ensinou a ter casca. Acredito nas relações genuínas para atingirmos um objetivo”, comenta.

Foto: Divulgação SOS Serra

A SOS SERRA começou na garagem da sua casa, em 6 abril de 2021, em plena pandemia. Desde então, o que mudou? Naquela época, você acreditava que o projeto seria tão grande quanto é hoje?

Gisela: A SOS SERRA começou em um momento delicado da história da humanidade. Ainda estávamos convivendo com notícias diárias sobre pessoas que perderam suas vidas e o sofrimento de suas famílias. Essas notícias negativas estavam me fazendo mal, mas vi exemplos de pessoas reagindo, se unindo.

Mesmo achando que seria um movimento muito pequeno, fomos em frente. No primeiro fim de semana conseguimos R$3.000 em doações. Lá estávamos nós, tínhamos a crença de que deveríamos ajudar, nos vimos unidos como seres humanos e nossa força só foi aumentando. Tenho a certeza de que viemos à Terra com essa missão, sendo assim, nosso “slogan” nasceu instintivamente: Unindo corações.

Já que estamos aqui falando de nós, mulheres, posso dizer que querer proteger aquelas pessoas de mais sofrimento foi um ato de mãe, um ato feminino. Norma, minha mãe me ensinou isso. Com muita força, ela criou 8 filhos unidos, apesar das diferenças. Nós mulheres trazemos dentro de nós esse presente. Precisamos lutar como família, entendendo que cada um de nós sobrevive ao seu próprio desafio. Aprender a perdoar e enxergar nosso potencial de transformação. Nos ensinaram a vida inteira que somos o sexo frágil, que bobagem.

Quanto à proporção que a SOS SERRA tomou, grande é relativo, somos grandes se quando acordamos de manhã pensamos no outro. Ser grande não é material. É humano e moral. E também uma escolha.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis

O que te fez criar a SOS SERRA? Antes do projeto, você já se envolvia com questões humanitárias?

Gisela: Acho que a maioria das pessoas passa a sua vida jovem lutando e procurando seu ponto de equilíbrio. Criei meus 3 filhos, moramos em outro país por 10 anos e sempre trabalhei muito. Mas a vontade de ajudar, que aliás foi tema de muitos natais na casa da minha mãe, estava presente em mim. E a SOS foi essa oportunidade.

Agora com meus filhos criados e sempre com o apoio do meu marido, consigo me dedicar a algo que me completa como pessoa. E se eu pudesse pedir alguma coisa por isso, seria: que todas as pessoas pensem mais nas outras, fazendo um exercício diário. Usando a gentileza que está dentro delas. Você pode estar tendo um dia daqueles, mas experimenta receber um sorriso de gratidão: isso muda tudo.

O que te motiva a continuar e como você se sente sabendo que ajudou e continua ajudando tantas pessoas?

Gisela: A motivação além de poder mudar a vida dessas pessoas é poder mostrar um caminho diferente, uma alternativa para um mundo com tantos desafios humanos. Guerra em pleno século XXI? Qual o sentido de tudo isso? Pode ter faltado uma mãe na vida desses líderes. Também tenho o grande sonho de fazer de Petrópolis uma grande família, aonde todos cooperam para o bem comum, podemos dar o exemplo e, além do título de cidade Imperial, podemos conquistar o maior de todos: o de Cidade da Paz e da Cooperação.

Foto: Divulgação

A SOS SERRA continua precisando de voluntariado? Como funciona?

Gisela: Sempre. Existem campanhas durante o ano, como a que realizamos com o grupo Alpargatas (Havaianas) no Natal. Existe um trabalho importante no galpão, com treinamentos, como o que estamos realizando agora para que as pessoas aprendam a atuar melhor na hora de um desastre natural. Existe trabalho de divulgação, projetos de longo prazo. É muito trabalho e quanto mais gente envolvida, com vontade de mudar, melhor.

Hoje o trabalho no galpão é bem menor e exige um menor número de voluntários, mas aqui é super importante dizer que voluntário não deve trabalhar somente quando há um desastre. Voluntário pode trabalhar sempre: seja no galpão, em casa via computador ou em projetos específicos. O importante é cada um descobrir o que tem para doar e fazer algo para construir pontes entre pessoas que geram impacto social.

Quem quiser ser voluntário da SOS SERRA pode mandar um WhatsApp para (24) 993038885. Cada um vai ser muito bem vindo!

Foto: Divulgação

Vocês têm alguma ação específica voltada para mulheres?

Gisela: Hoje não, mas nós temos uma grande preocupação com capacitação de pessoas em geral, e claro, de mulheres. Para que elas possam gerar sua própria renda e ter independência para serem o que quiserem ser.

Quais são os próximos passos da SOS SERRA?

Gisela: Vem muita coisa boa por aí. Nós temos 3 grandes eixos de ação na SOS SERRA: educação, assistência social/capacitação e fomento ao turismo e à cultura. Nós acreditamos que a educação é o grande propulsor de mudanças sociais e estamos investindo nisso.

Muitas pessoas acham que ajudar as pessoas depois das chuvas é somente dar água, comida e cobertor. É isso no primeiro momento, sim, mas vai muito além: é criar um novo modo de viver de forma coletiva, pensando que só vamos viver melhor como indivíduos quando vivermos melhor como coletivo.

Só vamos viver em uma cidade melhor se formos melhores de forma individual: se tivermos mais educação, mais capacidade de gerar renda, mais informação, mais confiança em nossa sociedade, mais vontade de estudar, trabalhar e mudar. E só tem um jeito de fazer isso: unindo corações.

Gisela Simas, fundadora do SOS Serra – Foto Divulgação SOS Serra

A Associação

Com uma reposta rápida durante as tragédias, o grupo já estava em um galpão cedido por empresários recebendo doações físicas já no dia 16 de fevereiro. Em um fim de semana, a equipe chegou a ser composta por 200 voluntários, que viam caminhões chegando de todos os cantos do Brasil.

A atuação rápida, transparência, mobilização nas redes sociais e o compromisso para ajudar renderam ao SOS Serra o prestígio e o tamanho que tem atualmente.

Foto Divulgação SOS Serra

Até hoje, o SOS Serra contabilizou os seguintes números de doações:

  • Foram cerca de 1 mil famílias beneficiadas com o equipamento necessário para recomeçar suas vidas em novas casas: geladeiras, fogões, tanquinhos, camas, guarda-roupas, armários, panelas, utensílios domésticos, roupas de cama e mais.
  • Foram doados cerca de 200 toneladas de alimentos, o equivalente a quase 20 mil cestas básicas.
  • Foram doados mais de 5 mil fardos de água mineral e 3.500 botijões de gás (13 kg cada)
  • Mais de 200 meses de aluguel foram antecipados para famílias que esperavam o benefício do governo.

O trabalho do grupo pode ser acompanhado pelo Instagram @sos_serra e as doações podem ser realizadas através do PIX: (24) 99303-8885.

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