Após tragédias, Defesa Civil de Petrópolis ganha investimento em prevenção de desastres
Plano de Contingência instituiu Protocolo de Inundação, com cancelas eletrônicas e sirenes no Centro, além de comunicação direta com as comunidades
Uma nova Defesa Civil, com mais equipamentos, viaturas, orçamento e estrutura para trabalhar. Um Plano de Contingência que tem medidas concretas para elevar o patamar de resiliência da cidade de Petrópolis. Diálogo permanente com as comunidades que amplia e reverbera a comunicação de alarme e alerta. Estes foram alguns dos eixos de atuação da Prefeitura de Petrópolis para preparar o município para fortes chuvas.
O contexto de mudanças climáticas, que pôde ser visto nas catástrofes de 2022, exigiu uma série de novas medidas, que geraram uma nova camada de proteção. Entenda as principais ações.
Foto: Divulgação/Ascom PMP
Plano de Contingência
O Plano de Contingência para o verão inclui ações como a instalação de cancelas eletrônicas em três pontos do corredor do Rio Quitandinha com maior incidência de alagamentos; sirenes neste corredor e no Centro Histórico; e a instalação de ilhas de segurança, que alertam o cidadão sobre áreas seguras em caso de inundações.
Este protocolo já foi acionado e funciona com várias frentes. As cancelas eletrônicas, por exemplo, foram instaladas em três pontos do corredor do Rio Quitandinha: Ponte Fones (largo que liga a Olavo Bilac e a Avenida General Rondon à Rua Coronel Veiga); cruzamento das Duas Pontes e na Rua Rocha Cardoso (na altura da UPA Centro, rua que dá acesso à Washington Luiz nos sentidos Quitandinha e Rua do Imperador).
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Elas são acionadas automaticamente, por meio do Centro Integrado de Monitoramento e Operações de Petrópolis (Cimop), a partir dos índices pluviométricos registrados pela Defesa Civil. Antes, o fechamento da via era feito de forma manual apenas a partir do nível do rio.
Ou seja: os técnicos percebiam que o rio iria encher e um agente de trânsito fechava a rua. Agora, há parâmetros, com um estudo no qual, a partir de um determinado índice pluviométrico, é detectado o risco de inundação. A partir daí, a via é fechada, para garantir a segurança dos usuários.
O mesmo funciona com as sirenes instaladas no corredor do Rio Quitandinha e no Centro: elas alertam aos motoristas e pedestres que há risco de inundação no trecho.
“É importante observar que essas sirenes são diferentes das que estão instaladas em áreas de risco. Os parâmetros para risco de deslizamento são diferentes dos parâmetros para transbordamento dos rios. É uma ação preventiva que tem como objetivo, também, alertar os comerciantes, para que eles possam retirar os produtos das partes mais baixas”, informa o secretário de Proteção e Defesa Civil, Gil Kempers.
2011 x 2022
Petrópolis já é referência nacional em mitigação e prevenção de riscos, conforme destacou equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) na The Scientist, uma das publicações sobre ciência mais respeitadas em todo o mundo.
“Houve avanços significativos no Brasil entre 2011 e 2022. Por exemplo, em 2011, em toda a região afetada pelo evento extremo, havia apenas três pluviômetros automáticos. A rede de observação, só em Petrópolis em 2022, conta com mais de 40 pluviômetros. Em 2011, não havia nenhum protocolo entre as instituições que pudesse estar relacionado aos processos que desencadearam o desastre. Em 2022, existe um sistema coordenado. As instituições de preparação e resposta foram incipientes em 2011, mas em 2022 existem estruturas robustas. A defesa civil do município de Petrópolis é uma das melhores estruturas do país”, diz o artigo.
Comunicação direta com as comunidades
Essas ações não estão restritas ao Centro da cidade: a Defesa Civil estreitou os laços com as comunidades. A reativação e ampliação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudecs) praticamente dobrou o atendimento: em 2021, eram apenas 13 ativos, e agora já são 25, atendendo a 77 comunidades. Os voluntários dos Nudecs recebem treinamento e se comunicam sobre os alertas de chuvas, replicando as informações nas regiões.
Foto: Divulgação/Ascom PMP
Outra ação neste sentido foi o mapeamento participativo: as próprias comunidades, com o auxílio de técnicos da Defesa Civil, ajudam a identificar rotas de fuga e pontos seguros.
Outra medida do governo municipal é a ampliação da divulgação do número de SMS 40199. O cidadão que digita seu CEP para este número recebe os alertas de chuva da Defesa Civil. Equipes foram às comunidades e bairros para mostrar o serviço e cadastrar a população.
Foto: Divulgação/Ascom PMP
E, além disso, Petrópolis faz parte de um projeto piloto da Secretaria Nacional de Defesa Civil. A cidade é uma das únicas do país na qual os alertas são recebidos pelo “flash SMS” – quando toda a tela do celular é bloqueada e a única coisa que o usuário vê é o alerta, ampliando a proteção.
A participação popular também se dá em outra frente: a criação do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil, que debate e delibera sobre políticas públicas para a área. O Conselho é paritário – ou seja, tem o mesmo número de integrantes do governo municipal e da sociedade – e vai definir o uso do Fundo Municipal de Proteção e Defesa Civil, outro instrumento criado pela atual gestão para ampliar os investimentos em prevenção e mitigação de riscos.