Professor que perdeu família na tragédia cria projeto em apoio à causa autista e em homenagem ao filho
Projeto “Borboleta Azul” pretende capacitar e formar uma comunidade acolhedora para pessoas com autismo
Embora ainda seja desafiador enxergar através da nebulosidade dos dias seguintes à tragédia de 15 de fevereiro, foi no período que sucedeu o ocorrido que o petropolitano Alessandro Garcia encontrou uma forma de honrar a memória de sua família. Professor, ele perdeu sua esposa, filhos e sogros em um dos deslizamentos e, recentemente, anunciou a criação do Projeto Borboleta Azul: uma iniciativa em apoio à causa autista da qual seu filho fazia parte.
Foto: Divulgação, ilustração: Luíza Fajardo
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De acordo com um estudo publicado em dezembro de 2021 pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção, nos Estados Unidos, uma a cada 44 crianças é autista. A estimativa é que, no mundo, 70 milhões de pessoas tenham o Transtorno do Espectro Autista, sendo 2 milhões no Brasil. No projeto iniciado por Alessandro, cujo filho, Bento, fora diagnosticado aos 2 anos de idade, a intenção é capacitar uma comunidade que gere acolhimento.
Hoje em seus primeiros passos, a iniciativa, que a partir da inclusão pretende humanizar o assunto, representa a consolidação de um propósito sentido por Alessandro cerca de duas semanas após a tragédia. Na missa, ele decidiu que continuaria a se dedicar a causa e que, a partir dela, honraria a memória da família. Intitulado Borboleta Azul, o projeto foi nomeado após “uma espécie de delicadeza naquele momento todo” como o petropolitano descreve.
Imagem: Frederico Couto
Logo após o sepultamento da esposa Carol e da filha Sophia, as equipes localizaram Bento. Junto dele, havia uma borboleta azul. “A borboleta só saiu voando quando retiraram o corpo dele. Várias pessoas viram e o azul é o símbolo do autismo. Na missa, eu sabia que o nome do projeto seria esse”, relata o professor. Reunido com a psicóloga do filho, Ana Paula Costa, voluntárias e mães autistas, Alessandro traçou a iniciativa, que agora começa a tomar forma.
Abraçada de maneira surpreendente, a ideia do petropolitano foi a forma escolhida de retribuir a solidariedade recebida desde a tragédia e, ao mesmo tempo, contribuir com a capacitação gratuita de pais e profissionais que lidam com autistas. Com um olhar multidisciplinar, o programa vai contar com nove módulos, sendo o primeiro já neste sábado (28), na Paróquia de Santo Antônio, no Alto da Serra.
Para a alegria da organização, foram mais de 130 inscritos e uma lista de espera. E embora não seja possível participar desse primeiro encontro sem ter se inscrito, o Projeto Borboleta Azul ainda vai disponibilizar as inscrições para os próximos oito módulos. “O curso vai tratar do tema a partir de diversos aspectos. Queremos auxiliar na formação de pais e dos acompanhantes terapêuticos dando a eles as ferramentas necessárias”, diz Alessandro.
O projeto, coordenado por Alessandro Garcia, Ana Paula Costa, Bete Oliveira, Rafaela Amorim e Bianca Pandini, pode ser acompanhado no Instagram @projeto.borboletaazul e Facebook – Projeto Borboleta Azul. Aqueles que quiserem participar das próximas atividades da iniciativa, bem como eventuais patrocinadores e interessados em se voluntariar podem enviar um e-mail para projborboletaazul@gmail.com
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