Especialistas de Petrópolis dão dicas sobre como prevenir a hipertensão
Atividades físicas e boa alimentação estão entre as orientações de especialistas da UNIFASE
Silenciosa nas fases iniciais, a hipertensão, popularmente conhecida como pressão alta, é uma doença que não escolhe idade e nem classe social. Por isso, todos precisam estar atentos aos hábitos diários que podem comprometer o funcionamento do organismo.
Médica de Petrópolis, Karen Bon Lima Ligeiro dá dicas sobre como prevenir a hipertensão. Karen é médica de Saúde da Família e Comunidade na USF Boa Vista, unidade gerenciada pela UNIFASE.
Foto: Reprodução Freepik
“A maior parte dos agravos à saúde são rastreáveis, sendo possível identificá-los antes do comprometimento orgânico severo do organismo. Essa identificação precoce propicia não só o tratamento adequado, mas também oportuniza a educação em saúde e a conscientização da necessidade de uma mudança real no estilo de vida do indivíduo, peça fundamental no tratamento. Dentre os grupos de risco da hipertensão, encontram-se os tabagistas, os obesos, os sedentários e as pessoas com risco cardiovascular aumentado”, diz.
Em uma explicação simples, a doença está relacionada à força que o sangue exerce contra as paredes das artérias para conseguir circular pelo corpo. O estreitamento dessas artérias aumenta a necessidade de o coração bombear o sangue com mais força para impulsioná-lo e recebê-lo de volta. Nesse caso, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias. Para ser considerada hipertensa, a pessoa precisa apresentar valores iguais ou acima de 14 por 9 (140mmHg X 90mmHg) quando estiver em repouso.
“O paciente hipertenso precisa fazer o adequado acompanhamento médico, com aferição regular da pressão, pois a doença pode evoluir e ocasionar comprometimentos vasculares, tanto cerebrais (como AVC), quanto cardíacos (como infarto), doença renal crônica, alterações na visão e impotência sexual”, explica a médica.
Prevenção e conscientização
Em Petrópolis, a Unidade de Saúde da Família Boa Vista, gerenciada pelo Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, realiza alguns trabalhos de prevenção e conscientização com foco na hipertensão arterial.
O grupo Coppa (Controle de obesidade e prevenção de patologias associadas) é realizado semanalmente. Já o grupo Saúde na Comunidade, que atua mensalmente, conta com profissionais de saúde que realizam visitas domiciliares com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença, enfatizando a importância de hábitos saudáveis que devem ser adotados no dia a dia.
“Temos muitas frentes de trabalho, com oferta de consultas médicas e de enfermagem, o monitoramento da pressão arterial, realização de exames laboratoriais, a busca ativa dos hipertensos que não realizam o acompanhamento de forma adequada, além de grupos educativos e salas de espera. Durante a pandemia, os grupos presenciais precisaram ser interrompidos, mas retomamos essas atividades no começo desse ano, com uma grande participação dos pacientes no Grupo COPPA, destinado ao combate da obesidade através da educação em saúde e da mudança de estilo de vida, principalmente alimentar”, destaca a médica.
Sintomas e Alimentação
Apesar de ser uma doença silenciosa, algumas pessoas podem apresentar sintomas, como dores de cabeça, no peito e tonturas, que servem como um sinal de alerta. Nos casos de hipertensão leve, com a mínima entre 9 e 10, tenta-se primeiro o tratamento não medicamentoso, que é muito importante e envolve mudanças de hábitos, como a prática regular de exercícios físicos, não exagerar no sal e na bebida alcoólica, controlar o estresse e o peso.
Esthefanie Mello, nutricionista da USF Boa Vista e preceptora da UNIFASE, diz que a nutrição tem um papel essencial na prevenção e no tratamento de doenças crônicas como a hipertensão arterial sistêmica.
“Adotar uma alimentação saudável, baseada em alimentos in natura e minimamente processados, com qualidade e quantidades adequadas, evitando os alimentos ultraprocessados, é fundamental para garantir qualidade de vida. As atividades educativas são essenciais na prevenção de riscos e agravos da doença, pois estimulam a adesão dos pacientes, levando em conta a abordagem multiprofissional essencial nessas atividades”, destaca.
A nutricionista explica que o controle da ingestão de sal na alimentação diária é indispensável. A média nacional de consumo de sal é de 9,3 gramas, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 5g/dia, o que demonstra a necessidade de mudanças no preparo dos alimentos.
“A alimentação precisa ser prazerosa e, para isso, temos ótimas opções de temperos naturais, tais como: alho, cebola, salsinha, orégano, alecrim, curry e cúrcuma. Enfatizando também uma maior inclusão de frutas, legumes, verduras e cereais integrais ricos em nutrientes, que auxiliam na redução da pressão arterial”, diz.
Além disso, a nutricionista ressalta que a redução no consumo de sódio, gorduras saturadas e açúcar é extremante necessária. “As pessoas devem ficar atentas às informações nos rótulos dos produtos que consomem. Portanto, o foco deve estar em consumir comida de verdade, cozinhando com mais temperos e menos sal”, finaliza.