Petropolitanos manifestam tristeza e indignação diante de tragédias sucessivas: ‘isso não pode ser normalizado’
Nas redes sociais, moradores cobram medidas preventivas para evitar a naturalização de enchentes, deslizamentos, mortes e desabrigados na cidade
Em 33 dias Petrópolis registrou duas tragédias. A primeira no dia 15 de fevereiro, com registro de 233 mortos e quatro desaparecidos. A segunda, neste domingo (20), quando a cidade voltou a ter alagamentos e deslizamentos. Até o momento, cinco mortes foram confirmadas e três pessoas seguem desaparecidas.
Foto: Flavia Behring
Segundo a Defesa Civil, choveu 545 mm em 24 horas e há previsão de chuva ainda nesta segunda. Nas redes sociais, petropolitanos manifestam tristeza e indignação diante das tragédias sucessivas na cidade e cobram medidas preventivas para evitar a naturalização de enchentes, deslizamentos, mortes e desabrigados.
“Precisamos de um protocolo de crise para mantermos a segurança nesses casos de urgência. Não dá para a sirene ser acionada na hora da chuva, para a prefeitura se posicionar oficialmente depois do caos. Precisamos de medidas concretas para nos proteger das chuvas”, disse Maiara Barbosa.
Rafaela Elisiario ressalta que a cidade não teve nem tempo de chorar seus mortos pela tragédia de 15 de fevereiro, nem de limpar suas ruas e achar lugar seguro para todos.
Foto: Marianny Mesquita
“O discurso da normalidade não é verdade. Não é sobre esperança e amor. É sobre luto e indignação! Parece um looping eterno. A água entrando em lojas, em casas, arrastando tudo o que vê pela frente. O coração que parece que vai sair da boca todo minuto eterno de chuva que não para. As pessoas saindo pela janela dos carros presos na enxurrada. Isso não pode ser normalizado”, afirma.
Para ela, não é porque os dias de céu azul chegam que se deve esquecer o que a cidade enfrentou no mês passado e enfrenta agora.
“Não dá para admitir relativização do que está acontecendo aqui. Chega da amnésia coletiva, de todos os lados, que insiste em jogar um pano por cima dessas situações traumáticas em nome de um vazio e cruel jargão de ‘segui em frente’. Eu não vou seguir em frente com tanta gente ficando para trás”, destaca Rafaela.
Foto: Reprodução internet
João Ricardo Ayres da Motta lembra que os petropolitanos, ainda traumatizados, reviveram momentos de angústia e dor:
“Trinta dias se passaram depois da tragédia que assolou Petrópolis. Nesse período, não houve dragagem dos rios; não houve limpeza adequada dos restos dos destroços que dormitavam nos cantos das ruas; as doações foram jogadas no meio da rua. Hoje, infelizmente, mais uma chuva torrencial castigou a cidade e, mais uma vez, vivenciamos os mesmos problemas. Os comerciantes que reabriram seus negócios viram tudo se perder novamente”, diz.
Comunicação e prevenção
Perfil criado nas redes sociais para cobrar que tragédias não sejam esquecidas e que providências sejam tomadas para que não se repitam, o Amnésia do Céu Azul afirma que falta comunicação eficiente em momentos de urgência. “O documento que enviamos para a Casa Legislativa trata especialmente disso: necessidade de comunicação rápida, eficiente, porque informações salvam vidas”, diz.
O perfil cita diferentes formas de comunicação que podem ser usadas pelo município para informar a população em áreas de risco: “Instagram, Twitter, Whatsapp (bot e atendentes reais), SMS, entradas em rádios e TVs da cidade, webcams em tempo real no Youtube da Prefeitura que permitam ver os rios e pontos de alagamento”, lista.
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