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Arte a céu aberto: petropolitano pinta painel de 140 m² na Rua Paulo Barbosa

Cidade

Arte a céu aberto: petropolitano pinta painel de 140 m² na Rua Paulo Barbosa

Quem já teve a oportunidade de admirar a obra?

Ao longo de duas semanas ele se dedicou, por cerca de oito horas por dia, à pintura do maior e, provavelmente, mais desafiador painel de sua carreira. Contratado pelo supermercado que vai reinaugurar na Paulo Barbosa, o petropolitano Rodrigo “Doug”, de 39 anos, fez da lateral da construção tela em branco para a propagação de arte na região. Com 140 metros quadrados, a extensão do muro para a imaginação é, por outro lado, sem fronteiras.

Foto: Doug (@doug.artes)

Pautado pela visão dos espaços urbanos como telas e, consequentemente, regiões que democratizam o acesso à arte, Doug teve seu 1º contato com a pintura na adolescência, a partir da prática do skate. Com mais da metade da vida dedicada à pintura, ele também tem como um de seus principais traços a preocupação em traduzir nas obras que produz a relação do homem com a natureza. É o que se faz presente no recém-concluído painel “A voar”.

Composta por detalhes que a enriquecem de maneira estética e conceitual, Doug explica sua concepção para a realização da obra, que atua, praticamente, como uma tela em larga escala. “Quando a gente deixa nosso lado sensível ser tocado, a gente se permite ver mais o que está a nossa volta. E muitas vezes a gente precisa de algo que se torne acesso a uma memória: uma sensação ou momento que faça você resgatar uma linha de infância”, analisa.

Foto: Mariana Rocha (@maridcrocha)

E embora Doug tenha sua própria interpretação do que o mural representa – “a capacidade de ir além do físico e ter a sensação de planar pelos próprios pensamentos, aí o voar”, ele explica que, a partir do momento em que a pintura é produzida na rua, ela passa a gerar a sensação de pertencimento ao cotidiano de cada um que, com base em suas próprias experiências, gera diferentes análises do que foi retratado.

Foi o que aconteceu durante o próprio processo de produção da obra e mudança da paisagem urbana do local. “Todo mundo que vê troca uma ideia, se vê como parte da pintura. Quando a gente modifica, a gente interage com quem consome essa paisagem urbana. Na rua ela está para todo mundo. Para o morador de rua e para quem está dentro do carro. A obra não pede permissão. Você já a consome sem que ela te peça permissão”.

Foto: Mariana Rocha (@maridcrocha)

Chegando a ouvir de jovens meninas que passaram pelo mural a grata surpresa de se identificarem com a personagem do painel, Doug também escutou senhores que moram na região dizerem que, daqui para frente, alimentarão os passarinhos por ele. Gratificante, o retorno e a troca com quem convive com a criação é um dos motivos pelos quais o artista visual pretende desenvolver outros projetos em larga escala na cidade.

“A galera vai criando sua própria informação sobre a obra. O que a faz acontecer é o que ocorre ali. Passou uma menina que era igual à pintura e que falou: pai, olha ali, sou eu. E tiveram outras muito parecidas. Teve gente falando que era a Clementina de Jesus quando pequena porque tem uma praça ali atrás dedicada a ela. As pessoas vão criando associações e a humanização da pintura porque elas se veem retratadas nela”.

Foto: Mariana Rocha (@maridcrocha)

Com nove metros de altura por 15 de comprimento, o projeto demandou a preparação do artista – tanto no desenvolvimento do conceito por trás da criação, quanto no que diz respeito ao preparo físico. Desafiador, já que eram de oito a dez horas por dia de trabalho em pé operando a máquina que o mantinha no alto, o resultado tem sido mais que satisfatório e digno de o fazer se sentir nas alturas novamente.

Capaz de levar novas cores e perspectivas a uma área de poluição visual e constante transição de pessoas, “A voar” também tem representado uma breve pausa na rotina dos petropolitanos que, ainda que por alguns instantes, ao pararem para admirar o painel, se deixam levar pela imaginação e pelos pensamentos. Doug, que está aberto a outras parcerias para a produção de murais em laterais de prédios da cidade, pode ser contatado pela página @doug.artes no Instagram.

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