Com mãe, pai, avô e tio internados com Covid-19, petropolitana relata aflição: ‘É aterrorizante’
Petropolitanos lidam com o desespero de ter parentes internados, sentimento de impotência sem poder ajudar e indignação pela falta de políticas públicas efetivas para conter a disseminação do vírus. Esse é o caso da turismóloga Isabelle Carneiro que está com quatro pessoas da família internadas: “Não há nada que nós possamos fazer”.
Com medidas restritivas pouco efetivas, o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus aumenta a cada dia em Petrópolis. Em alguns casos, os pacientes desenvolvem sintomas leves da covid-19 e conseguem se tratar em casa, mas em outros, a internação é necessária. Neste momento, em que a cidade registra alto número de internações no SUS em leitos de UTI (quase 90%) e leitos clínicos (73%), petropolitanos relatam desespero de lidar com as incertezas enquanto parentes estão internados e lutando contra a doença.
Neste momento há 313 pessoas internadas em leitos-Covid-19 em Petrópolis – Foto Ilustrativa/Reprodução Internet
A turismóloga Isabelle Carneiro, de 26 anos, está com quatro pessoas da família internadas ao mesmo tempo: mãe, pai, avô e tio. Em entrevista à Sou Petrópolis, ela disse que esperar por notícias todos os dias, sem poder acompanhar e visitar os familiares “É aterrorizante”.
Isabelle disse que, ao todo, sete pessoas da família foram infectadas e relata o desespero que tem sido o dia a dia a espera por notícias.
“Não podemos visitá-los, não há nada que nós possamos fazer. Ficamos em casa apenas esperando alguma notícia. Temos que tentar manter a calma, seguir em frente e esperar o melhor, mas é muito difícil. Essa doença não mexe apenas com o nosso corpo, mas também com a mente de todo mundo, inclusive com a dos familiares que estão esperando alguma resposta, sempre angustiados”, disse.
Para Isabelle faltam políticas públicas efetivas para conter a disseminação do novo coronavírus. “As ruas continuam lotadas e vejo pessoas sem máscara com frequência. Temos poucas vacinas e pouca responsabilidade dos governantes da cidade e do país como um todo. Sabemos que não podemos confiar no Estado, isso é ainda pior. Sei que muitas pessoas são contra o lockdown e entendo os motivos, mas é obrigação do governo nos proteger e proteger os comerciantes. Eu estou muito decepcionada com o que vem acontecendo na nossa cidade, que sempre foi motivo de orgulho”, lamenta.
A turismóloga afirma ainda que muitas pessoas não estão se cuidando e acham que são “invencíveis”, porém ela acrescenta que essa doença “não é brincadeira” visto que está matando 3 mil brasileiros por dia. “Esse sofrimento vai marcar minha família pra sempre. Cuide de você, cuide de quem você ama. A maior prova de amor agora é se importar pelos seus. Quem puder, fique em casa. Quem não puder, se cuide ao máximo. Use máscara e álcool gel. Não aglomere sem necessidade”, alerta.
A publicitária Erika Kronemberger, de 26 anos, também precisou lidar com a doença, que atingiu dez pessoas da família. Um deles, um jovem de 19 anos chegou a ser entubado por complicações da doença. Agora ele já está recuperado, mas a avó dele não resistiu.
Além disso, Erika enfrentou o medo quando o tio com câncer se infectou. Ele chegou a ser atendido no hospital por duas vezes, foi medicado e conseguiu continuar o tratamento em casa. “Meu outro tio disse que chorava em casa de desespero vendo como ele estava mal. Uma agonia sem fim”, conta.
Desde o início da pandemia, 666 pessoas morreram vítimas do novo coronavírus em Petrópolis. Março já é o segundo mês com maior número de óbitos: 99. Em dezembro foram 91. O mês com maior número de mortes foi janeiro, com 110.
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