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[Dia do Motorista] Conheça dois motoristas de Petrópolis que dividem a mesma paixão pelos ônibus

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[Dia do Motorista] Conheça dois motoristas de Petrópolis que dividem a mesma paixão pelos ônibus

Derivaldo Silva e Rafael Coelho dedicam a vida a transportar pessoas dentro da cidade e fora dela

 Por Cristiane Manzini sob supervisão de Luísa Abreu

Ser motorista vai muito além de manejar um veículo. É preciso estar atento, ser cuidadoso e ter um enorme senso de responsabilidade com a própria vida e a dos passageiros. 

O trânsito pesado nas ruas estreitas de Petrópolis, tornam a tarefa de dirigir um desafio ainda maior. Conheça as histórias de quem passa os dias no volante e faz dos ônibus a sua segunda casa.

Fotos: Arquivo Pessoal

Os condutores

Derivaldo Moreira da Silva, de 57 anos, trabalha há 27 anos na Petro Ita. Há cerca de um ano e meio conduz a linha 470 – Santa Isabel x Centro, mas diz que já passou por todas as linhas da empresa. 

Rafael Coelho, de 44 anos, é motorista há 23 anos. Atualmente trabalha na BHS Turismo e faz apenas viagens mais longas, portanto sua atividade acontece nas estradas do país.

Apesar das diferenças no trabalho do cotidiano, Derivaldo e Rafael compartilham a mesma opinião quando o assunto é a forma como a profissão entrou na vida deles. Os dois já dirigiram caminhões, mas sempre gostaram dos ônibus. “Sempre gostei de ônibus e a Petro Ita me deu essa oportunidade”, explica Derivaldo.

Fotos: Arquivo Pessoal

Para ser um bom motorista

Muito além de dominar as técnicas de direção, ser motorista de transporte coletivo exige uma série de características que são tão utilizadas quanto a atenção e a capacidade de agir com rapidez. Tanto Rafael, quanto Derivaldo destacam a importância da paciência, da educação e da responsabilidade como essenciais para um bom trabalho. “Pra ser motorista, primeiro tem que gostar do que você faz. Ter responsabilidade, muita cautela no trânsito, ter educação para lidar com o público”, comenta Rafael.

Fotos: Arquivo Pessoal

Desafios dos ônibus urbanos

Atualmente os dois motoristas atuam em frentes distintas. Isto faz com que os desafios enfrentados sejam diferentes. Ambos, porém, conhecem a rotina dos motoristas dos ônibus urbanos, aqueles que circulam apenas na cidade. Muitas vezes o comportamento dos outros motoristas e as condições das ruas dificultam o trabalho. “Muito carro mal parado, buracos nas ruas…”, comenta o motorista da Petro Ita.

Rafael ressalta, porque também trabalhava com ônibus urbanos, como é complexo o ofício de dirigir em Petrópolis. “Ônibus urbano é bastante estressante. Nem todos entendem o lado do motorista, muitos nem cumprimentam. Boa parte do dia é no engarrafamento”, relembra.

Tragédias que marcam

Petrópolis é uma cidade com características bastante peculiares. Toda a área urbana é cercada de córregos e rios por todos os lados. Isso faz com que a ameaça de enchentes e interrupções seja frequente em determinadas épocas do ano. Podemos relembrar a tragédia de fevereiro de 2022 em que ônibus estiveram em destaque após serem engolidos pelas águas que devastaram Petrópolis. Derivaldo explica que após o ocorrido eles tiveram reuniões e cursos com apoio da Defesa Civil sobre como devem agir em caso de chuvas muito fortes ou enchentes. 

Ele relembra como um dos momentos mais tocantes da carreira a destruição de parte da frota da empresa, primeiro pela enchente e segundo pelo incêndio sofrido em 2023. “Uma coisa marcante foi no dia da enchente na empresa onde ficaram mais de trinta ônibus debaixo d’água e lama, mas o mais marcante mesmo foi no dia do incêndio criminoso que aconteceu aqui na garagem. Nunca vi uma coisa assim tão triste! Até carro novo pegou fogo”, relembra com pesar o motorista.

Fotos: Arquivo Pessoal

Outros caminhos

Rafael hoje trabalha apenas com turismo. Como as viagens costumam ser longas, ele divide o trajeto com um colega, mas o motorista está acostumado a percorrer estradas. Antes dos ônibus, ele se dedicava ao transporte de cargas. Ele diz que gostava da atividade, apesar de se sentir muito sozinho. “No caminhão não é ruim, mas é solitário. Às vezes a gente viaja a noite toda, para num posto de gasolina para dormir dentro do caminhão e fica longe da família”, conta.

No ônibus de turismo é bem mais tranquilo, segundo Rafael. A viagem dura vários dias com o mesmo grupo. Com isso é possível fazer amizade, construir memórias, conhecer outros lugares e vivenciar experiências marcantes como a que ele relembra sobre uma ida a Poços de Caldas – MG.

Nessa viagem conheceu uma senhorinha cadeirante que lhe fazia lembrar da avó. Vendo a dificuldade de locomoção da passageira, o motorista se ofereceu para transportá-la para dentro e para fora do veículo no colo. Embora ela não quisesse atrapalhar, aceitou a ajuda.  “Eu descia e subia com ela no ônibus toda hora para ela conhecer os pontos turísticos da cidade onde a gente estava, que era Poços de Caldas. Foi um prazer lembrar da minha avó. Foi uma excelente viagem”, conta Rafael.

Fotos: Arquivo Pessoal

O Dia do Motorista

Ser lembrado como alguém que desempenha um papel tão importante na sociedade como o dos motoristas profissionais é motivo de alegria, mas nem tudo pode ser comemorado. Derivaldo faz um desabafo sobre as dificuldades que a empresa onde trabalha vem enfrentando desde as chuvas de 2022. “Infelizmente não tenho muito o que comemorar no dia dos rodoviários. A empresa que tanto amo está passando por dificuldades”, aponta o motorista. E completa a mensagem relatando os acontecimentos que vem acarretando o enfraquecimento da empresa e o aumento do medo que os funcionários têm do futuro de suas carreiras.

Já Rafael tem uma perspectiva um pouco diferente. Há cerca de dez dias viajando para Balneário Camboriú o motorista ressalta a felicidade de trabalhar com pessoas que promovem um clima familiar e agradável na viagem, como os passageiros e os guias de turismo. “É bem mais aconchegante e prazeroso viajar com pessoas assim”.

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