Jovem petropolitano que passou em 1º lugar na UFF participa de projeto para fabricação de tijolos ecológicos

O mundo tecnológico e hiper conectado que vivemos trouxe uma série de facilidades ao nosso cotidiano, porém algumas atitudes como autodisciplina, estudo e a busca pelo conhecimento continuam sendo um diferencial e rendendo bons frutos. Exemplo disso é o petropolitano Felipe Ratto, de apenas 19 anos, que vem trilhando um caminho de sucesso.

Foto Arquivo Pessoal Felipe Ratto

Como tudo começou

Felipe é um jovem como tantos outros. Gosta de sair com os amigos, praticar esportes e cursar a faculdade que escolheu. O que o diferencia de outras pessoas da sua idade é a forma como planeja as próprias atividades com foco no futuro.

Ele conta que sempre teve boas notas na escola. Prestava muita atenção nas aulas, o que considera bastante importante. “As pessoas subestimam esta atitude”, destaca Felipe. 

Por conta disso, ele diz que sobrava tempo para se divertir e estar com os amigos. “Acho que se eu tivesse que deixar de fazer isso para a escola, minha relação com o estudo em si seria muito conturbada, e nunca foi”, relembra.

Foto Arquivo Pessoal Felipe Ratto

Felipe diz que sempre gostou de saber das coisas, mas ressalta que nunca estudou em escolas que eram essencialmente conteudistas. Ainda pequeno estudava no Centro Educacional Corrêas e, do segundo segmento em diante, foi para o Centro Educacional de Itaipava, ambas escolas inclusivas, o que permitiu ter um olhar diferente para o aprendizado.

O Ensino Médio

Nem tudo foi simples. Os dois primeiros anos ocorreram no período da pandemia e o começo da preparação foi com aulas online. Na época estava tentando o ingresso na UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora. 

Para isso, resolveu fazer, também online, um cursinho para se preparar melhor para o desafio do PISM, o exame mais usual para entrar na universidade que desejava. Essa prova acontece em três etapas durante o ensino médio. 

Felipe conta que chegou à 3ª série sentindo-se bem preparado devido à dinâmica de estudos que usou. “É muito frequente o jovem enlouquecer no ano de vestibular, mas como eu estava com uma boa base eu levei com mais tranquilidade”, conta.

Foto Arquivo Pessoal Felipe Ratto

Porém nem tudo foi tão simples. Ao terminar a penúltima série descobriu que sua escola iria fechar e Felipe foi obrigado a trocar de escola no último ano. 

No meio do percurso, resolveu tentar o ingresso na USP – Universidade de São Paulo, e um novo revés aconteceu. O dia do vestibular para a USP era o mesmo da 3ª etapa do PISM. Felipe teve que escolher e optou por ir para São Paulo.

Novos Planos

Apesar dos bons resultados, Felipe não conseguiu entrar na USP. Porém, como as notas alcançadas eram altas, passou em 1º lugar para Engenharia Civil na UFF – Universidade Federal Fluminense, em Niterói. 

O estudante decidiu não esperar outros resultados e agarrou a oportunidade. Hoje segue conduzindo os estudos da maneira que desejou.

A Escolha da Carreira

As dúvidas fazem parte do processo de escolha da profissão. Felipe diz que sempre gostou muito de História. Seus interesses poderiam ter dificultado sua opção, porém passou por uma orientação profissional na escola e delimitou um pouco mais a área de atuação. 

Àquela altura ele estava voltado para três cursos: Design, Arquitetura ou Engenharia. Como gosta muito de atividades que envolvam números além da criatividade, acabou optando pela Engenharia Civil. “Não sei se eu conseguiria viver sem a Física e a Matemática”, explica Felipe.

Tijolo Ecológico

Buscar soluções inovadoras faz parte dos objetivos dos cursos superiores nas mais diversas áreas. No 3º período da graduação os alunos de Engenharia Civil da UFF têm uma disciplina chamada “Materiais de Construção”, que visa exatamente estudar e experimentar na prática alguns conceitos. 

Foto Arquivo Pessoal Felipe Ratto

Felipe integrou uma equipe cuja missão era encontrar uma solução para o despejo do cavaco, que é um resíduo dos processos de usinagem, como aço e bronze principalmente. Os colegas decidiram incorporar estes resíduos na composição dos tijolos. “O objetivo do tijolo ecológico é substituir o tijolo cerâmico de vedação. Polui menos o ambiente, é mais barato e tem a praticidade de ser prensado manualmente na obra conforme a demanda”, explica o estudante.

A pesquisa

Felipe conta que apesar de serem necessárias várias fases para criar um novo material que atenda às normas e esteja pronto para o mercado, apenas esta primeira etapa foi de grande aprendizado. 

O objetivo da disciplina não é ir até o final do processo de produção, mas preparar os alunos para atividades de caráter acadêmico. “Foi muito difícil. A gente não tem ideia de como é fazer um experimento até fazer. Os técnicos do laboratório da Universidade ajudaram muito porque nos falta experiência”.

Foto Arquivo Pessoal Felipe Ratto

 A partir do experimento, Felipe disse ter aberto mais uma área de interesse: a carreira acadêmica.

Sobre escolhas e conselhos

Escolher a carreira que será seguida para o resto da vida muitas vezes causa arrepios aos mais jovens. Apesar da pouca idade Felipe traz alguns conselhos valiosos para ajudar quem está passando por este processo:

1º: Pense em qual lugar você gostaria de estar – Na frente do computador, desenhando, escrevendo ou fazendo cálculos, por exemplo. Não considere apenas o curso nesta escolha, mas o que você fará com o conhecimento adquirido durante a faculdade, porque o que vale é o que será feito depois.

2º: Converse com pessoas que atuam na área para entender como funciona na prática. Isto pode orientar sobre qual função específica você vai preferir atuar.

3º: Tempo, paciência e estudo são fundamentais. Estes foram alguns conceitos aprendidos com a pesquisa. Haverá muito erro antes de acertar.

4º: Ouça os professores, outros alunos, colegas e técnicos na área desejada. Eles ajudam a enfrentar os processos como um todo e a solucionar os problemas que surgem.

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