Conheça Heloísa Schanuel, moradora de Petrópolis que aos 79 anos já superou diversos cânceres
Fundadora do Ballet mais antigo da cidade, Heloísa luta contra a doença há mais de 10 anos
Durante todo o mês passado aconteceu a Campanha Outubro Rosa, que visa conscientizar sobre o câncer de mama. E em Petrópolis, uma figura que é referência na luta contra o câncer é Heloísa Schanuel, que atualmente tem 79 anos, sendo 11 deles em tratamento contra a doença.
Fotos: Sou Petrópolis e Firma Criadores
Conhecida por ser a fundadora do Ballet Heloisa Schanuel, que em mais de 50 anos de história já formou cerca de 2,5 mil alunas, Heloisa poderia ter uma história triste e de lamentações. Mas sua fé e gratidão pela vida são raros de se ver.
E, apesar de já ter recebido diversos prêmios honrosos na cidade, incluindo o de ‘Mulher de Ouro’, para ela, nada se compara ao dom de estar viva depois de tantos desafios. Confira nossa entrevista:
Quando você recebeu o diagnóstico de câncer? Como foi a sua reação?
HS: Descobri o meu primeiro câncer aos 68 anos, em 2012, que foi o de mama. Mas foi algo bem pequeno então nem conto tanto.
Depois, em 2015, com 71 anos, eu descobri um câncer no esôfago e no estômago. Tinha ido fazer uma endoscopia em Juiz de Fora e, quando saiu o resultado, a médica me ligou preocupada. Ali já sabia o que era.
Daí o médico retirou o esôfago e parte do estômago e, com o que sobrou, ele fez um novo esôfago e um estômago menor. Depois de fazer quimioterapia e começar a imunoterapia, no mesmo ano descobri outros tumores no fígado, vesícula, peritonio, ovário e 28 lifonodos, tudo em 2015. Foi uma coisa atrás da outra.
E como você reagiu a esse diagnóstico?
HS: Assim que recebi a notícia, fui para o meu quarto, me pus de joelhos e agradeci a Deus por aquilo estar acontecendo comigo e não com o meu marido ou com meus cinco filhos. Porque eu sabia que eu suportaria, mas se tivesse sido com eles, teria que ser ainda mais forte.
Aquele dia foi muito importante pra mim ter ainda mais fé. Conversei com Deus e disse que ele poderia me curar, se ele quisesse. Não pedi a cura, mas eu tive uma certeza tão forte de que seria curada, certeza do poder dele mesmo sem saber o que ia acontecer. Foi muito impressionante.
E qual foi a importância da sua fé durante o tratamento?
HS: Sempre tive muita fé desde criança, graças a Deus. E nesse dia que recebi o diagnóstico, em 2015, aconteceu algo muito inacreditável. Bateu o sino na Catedral às 18h e meu coração disparou. Depois disso, vi os relógios de casa e da escola de dança girando para trás, inclusive temos isso gravado no celular.
Liguei pra um bispo amigo meu, expliquei a situação e ele me disse pra abrir a bíblia em Segunda Reis Capítulo 20. E foi surreal, é a passagem da doença de Ezequias, onde ele ora a Deus por uma cura e, em resposta, a sombra do relógio de Sol regride. Foi uma situação linda e ali tive a certeza de que seria curada.
Você teve medo de que a sua idade pudesse atrapalhar no tratamento da doença?
HS: Eu não, de jeito nenhum. Ninguém pede pra vir e nem pede pra voltar. Deus traz e leva de volta. Então eu nunca tive medo, pra mim foi algo normal. Lembro que na época do câncer de mama eu fiquei careca, tive que usar peruca, mas e daí? Cabelo cresce de novo, o importante era que eu estava viva.
Muitas pessoas que recebem o diagnóstico de câncer se assustam, acham que não vão se curar e ficam desmotivadas para se tratarem. O que você tem a dizer pra essas pessoas?
HS: Em primeiro lugar, é importante ter fé que você vai conseguir superar isso. Muitas vezes as pessoas percebem que não estão bem e o que elas fazem? Com medo, não procuram o médico, deixam o mal crescer pra só procurar depois.
Então o diagnóstico precoce é muito importante. Não tem porque ter medo. Entrega nas mãos de Deus e enfrente a doença. A melhor coisa que você pode fazer é isso, não deixar para amanhã o que você pode fazer hoje. Temos que levantar a cabeça, seguir o tratamento que os médicos passaram e nos cuidar.
E como você se sentiu depois de ter conseguido vencer todos esses cânceres?
HS: Engraçado que eu nunca parei pra pensar nisso. Parando pra refletir agora, pelo que meu médico me disse, sou a única pessoa no Brasil a já ter passado por 100 imunoterapias, que é um tratamento que tenho que fazer de 21 em 21 dias, até morrer. Então me sinto forte por ter superado tudo isso, estar curada e por continuar viva.
Foto: Firma Criadores
Para conhecer mais sobre a história do Ballet Heloísa Schanuel, confira: Mulheres de Petrópolis: conheça a história da fundadora do ballet mais antigo da cidade