Por que o prédio dos Correios no Centro de Petrópolis segue de portas fechadas?
Sem funcionamento desde abril de 2024, cronograma para reabertura já foi alterado duas vezes
A agência dos Correios, localizada no número 350 da Rua do Imperador, continua de portas fechadas. Sem funcionamento desde abril de 2024 — ou seja, há mais de um ano —, havia uma previsão inicial de reabertura para outubro do mesmo ano. No entanto, o cronograma foi alterado, e a nova previsão passou a ser para o final de março de 2025, conforme informou a instituição à Sou Petrópolis em janeiro deste ano.
As estruturas de proteção que indicavam o início da restauração da fachada foram retiradas, e quem passa pelo local encontra um prédio com visível aspecto de abandono.
Foto retirada em janeiro de 2025 com indícios do início da restauração – Imagem de maio de 2025 – Sou Petrópolis
O que dizem os Correios
Em janeiro, os Correios informaram que o projeto executivo de restauração do prédio principal ainda estava em fase de elaboração. Após aprovação pelos órgãos competentes — IPHAN, Inepac, Prefeitura e CBMERJ — e pelas concessionárias de serviços, seria lançado o edital de licitação. A previsão era que isso ocorresse no semestre seguinte.
No entanto, ao serem novamente procurados pela equipe de jornalismo da Sou Petrópolis para esclarecer os motivos da não execução da obra, os Correios informaram que o contrato da obra que abrange a edícula do prédio histórico teve sua vigência encerrada e nova contratação já está em andamento. A previsão é de que a reforma, que segundo a estatal, está com execução de 80%, seja retomada ainda no mês de maio.
“Todo o prédio histórico será restaurado, tanto a parte interna quanto a externa. O projeto executivo de restauração está pronto e o lançamento do edital deve ocorrer em breve”, diz a estatal.
Crise nos Correios
No dia 12 de maio de 2025, a estatal divulgou um plano estratégico para conter o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024 e melhorar o fluxo de caixa. A meta é economizar R$ 1,5 bilhão em 2025. Entre as principais medidas adotadas estão a revisão da estrutura da sede dos Correios, o incentivo à redução da jornada de trabalho dos colaboradores, a suspensão temporária de férias e a prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário.
Foto: Sou Petrópolis
Prédio não será mais vendido
Inicialmente, os Correios haviam anunciado que imóveis que gerassem prejuízo e não apresentassem benefícios, mesmo após reformas, seriam vendidos — o que incluiria a agência de Petrópolis. No entanto, em novembro de 2023, a estatal comunicou que o prédio, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), não seria mais colocado à venda, devido ao seu valor simbólico e à importância histórica para o Brasil.
“A atual gestão dos Correios reitera que, após rever a situação da carteira imobiliária, decidiu manter os imóveis de valor simbólico para a empresa, como o prédio histórico dos Correios em Petrópolis. Desta forma, o prédio não será alienado”, informou a instituição.
Atendimento em outras agências
Desde o fechamento da agência, os atendimentos ao público está realizado nas seis agências dos Correios mantidas no município. De acordo com os Correios, os colaboradores da unidade foram remanejados para as agências do próprio município. São elas:
- AGF Cidade Imperial – Rua 16 de Março, 322 – Centro
- AGF Coronel Veiga – Rua Coronel Veiga, 1.988 – Coronel Veiga
- AGF Polo Bingen – Rua Bingen, 2.170 – Bingen
- AC Itaipava – Estrada União Indústria, 11870, Itaipava
- AC Posse – Estrada Silveira da Mota, 42, Posse
- AC Pedro do Rio – Estrada União Indústria, 19297, Pedro do Rio
A entrega interna da agência Petrópolis está sendo realizada pelos Centros de Distribuição de região localizados na Rua Marechal Floriano Peixoto, 91 e Rua Mosela, 1.378.
Importância histórica dos Correios
Construído em 1922, durante o início da era republicana, o edifício tem grande relevância histórica. A história dos Correios em Petrópolis, no entanto, remonta a um período ainda mais antigo: a primeira agência da cidade foi criada em 1848, por decreto de Dom Pedro II.
Segundo o livro “Os Correios de Petrópolis – Um passeio pela História”, de Vera Maria Muller Taulois, em 1921, a Princesa Isabel cedeu parte dos jardins do Palácio Grão-Pará para a construção do atual prédio. Esse foi um dos últimos atos da princesa antes de seu falecimento no mesmo ano. Ela solicitou apenas que o busto de Dom Pedro II permanecesse à entrada da agência.
Fotos: @pedro_vazper
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