Connect with us

“Comecei a viver depois que parei de beber”, conta petropolitano que venceu o alcoolismo com apoio de grupo

Cidade

“Comecei a viver depois que parei de beber”, conta petropolitano que venceu o alcoolismo com apoio de grupo

[Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo] Taxa da população adulta que abusa de álcool no país atingiu a marca de 6 milhões de pessoas

“Hoje posso dizer que estou curado. Comecei a ingerir bebidas alcoólicas quando tinha 14 anos e com o tempo perdi minha dignidade. Ia detido porque me envolvia em brigas nas portas dos bares. Com 16 anos eu já bebia tanto que minha mãe precisava me jogar no chuveiro de roupa para aliviar a bebedeira’’, conta Damazio Claudino, de 59 anos, frequentador das reuniões dos Alcoólicos Anônimos.

Neste domingo, 18 de fevereiro, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo. A taxa da população adulta que abusa de álcool no país atingiu a marca de 6 milhões de pessoas –  6,6% nos homens, contra 1,7% em mulheres. Os dados são da Organização Mundial da Saúde.

Foto: arquivo Marcelo Camargo – Agência Brasil

Primeiro contato com a bebida

Damazio conta que em sua família não havia contato com bebida alcoólica. O primeiro vínculo veio ainda na adolescência, com os amigos em festas promovidas por eles.

“Na época de escola, sempre fazíamos festas juninas e acabava tendo bebidas. Eu consumia ‘batida’ e cerveja. Com o tempo, o consumo que  era só em festas, foi aumentando. Cheguei ao fundo do poço, bebia todo dia, até no horário de trabalho, não conseguia mais parar. No dia seguinte, raramente, lembrava o que tinha feito e tinha que ir no bar perguntar para as pessoas o que tinha acontecido”, relata. 

Família prejudicada

A relação do marceneiro com a família foi prejudicada por conta da bebida. Damasio conta que, até os 7 anos de idade, seu filho tinha medo de conviver com ele, por medo.

“A bebida prejudica a minha vida em todos os sentidos. Meu filho não saía comigo por medo. Em casa, não queria ter contato. Meu café da manhã era bebidas fortes, como vodka, whisky e conhaque. Nunca perdi emprego por causa do vício, porque meus patrões tinham pena de mim. Estava todo inchado, devendo dinheiro às pessoas. Minha família implorava para eu parar com o vício. O alcoolismo é uma doença progressiva e grave. Foi o sofrimento, a tristeza e a depressão do dia seguinte que me fizeram procurar ajuda”, comenta.

Luta contra o alcoolismo

Os três primeiros meses na luta contra o alcoolismo foram difíceis, já que mesmo doente por conta da bebida, os amigos os chamavam para beber. Uma das soluções, considerada por ele como a melhor, foi se manter privado durante um tempo.

“Passei um tempo procurando não me expor e foi o melhor que eu fiz. Temos muitos amigos, mas na hora de ajudar nem todos estão dispostos”.

Ajuda no grupo Alcoólicos Anônimos (AA)

Desde que procurou ajuda no grupo Alcoólicos Anônimos (AA), quanto tinha 33 anos, Damazio parou de beber. Hoje, ele se considera recuperado e um vitorioso, frequenta bailes com a esposa, mas continua participando do AA. 

Foto: reprodução internet

“No grupo nos propomos a ficar sem beber durante 24 horas, todos os dias. O alcoolismo é uma doença progressiva, incurável e com determinação fatal, mas tem tratamento. Nesses 26 anos sem álcool, recuperei minha dignidade. Meu filho, que agora tem 33 anos e tinha medo de mim, agora tem orgulho do pai que sou. Cuido da minha mãe, que vivia chorando por causa do meu alcoolismo. Costumo dizer que comecei a viver depois que parei de beber e a recuperação do meu caráter foi a maior transformação”, relata Damazio Claudino.

*Damazio Claudino é um nome fictício a pedido do entrevistado para preservar sua identidade e sua família.

Veja também:

Continue Reading

Você também vai gostar

Subir