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Mães de crianças com deficiências e neuro divergência relatam os desafios da falta de inclusão em Petrópolis

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Mães de crianças com deficiências e neuro divergência relatam os desafios da falta de inclusão em Petrópolis

Os fatos ocorrem em locais de diversão, que segundo os responsáveis, faltam informações e empatia com as crianças PCDs

Inclusão social é o ato de incluir na sociedade pessoas historicamente excluídas do processo de socialização, como as em situação de vulnerabilidade social, negros, indígenas, comunidade lgbtqia+, pessoas com algum tipo de deficiência e neuro divergência. A Declaração Universal de Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988 garantem direitos que devem se estender a todas as pessoas.

Mas em Petrópolis, bem como na maioria das cidades brasileiras, esses direitos seguem sendo desconhecidos por parte de alguns estabelecimentos, onde crianças deveriam ser acolhidas, ao invés de excluídas.

Foto: Serra Drone

Parque de diversão recusa meia-entrada à criança autista e com Síndrome de Down

Cristiane Antunes Chaves é mãe do Pedro, de 3 anos, que tem Síndrome de Down e Autismo. Ela levou o filho ao parquinho de diversão, dentro de um shopping na cidade. Regulamentada pela  Lei 13.146/2015, do Estatuto da Pessoa com Deficiência – Art. 42, toda pessoa com deficiência tem direito à meia-entrada em áreas de lazer. Fato que lhe foi negado.

“Perguntei ao dono do parque se meu filho podia pagar a meia-entrada por causa da lei. Ele disse que a lei só era válida para a cidade do Rio de Janeiro. Aqui não era válida”, diz Cristiane que passou pelo mesmo caso em outro shopping.

“Na segunda vez, quando abriu o shopping novo, voltei lá no parque. Já sabendo dos direitos do Pedro, novamente fui informada que a lei não era municipal, que o desconto, por ser um parque privado, não era válido”, relata a mãe da criança.

“Uma situação constrangedora. Não fiquei me despondo com o dono. Simplesmente, peguei o meu filho e fui embora. Não voltei mais”, diz.

Foto: arquivo pessoal

Fisioterapeuta de criança com paralisia cerebral tem acesso negado ao pula-pula

Bernardo, de 4 anos, tem paralisia cerebral e necessita de companhia para a realização das tarefas e para brincar. Maria Gabriela Olmos, conta que seu filho teve que sair do parquinho antes do tempo, já que não pode ter a companhia da sua fisioterapeuta no brinquedo.

“Expliquei às monitoras que o Bernardo era PC (pessoa com deficiência) e que precisaria entrar no pula-pula com a fisioterapeuta, que tinha ido para isso, inclusive. Fomos informadas que a profissional não poderia, alegando que o pula-pula não aguentaria o peso dos dois. Embora o brinquedo fosse bem grande”, conta Maria.

Procurando os direitos de seu filho, Maria conta que não encontrou nenhuma informação sobre o limite do peso para o uso do brinquedo.

“Questionei a menina qual era o peso máximo, para fazer a conta e ver se realmente ultrapassaria o peso da fisioterapeuta e do Bernardo, que pesa pouco. Mas eles não sabiam dizer qual era o peso limite do pula-pula. Eles foram extremamente intransigentes, não deixaram a fisioterapeuta do meu filho entrar e ficaram o tempo inteiro falando que iam ligar para o dono do brinquedo, só que eles não conseguiram contato”.

Maria, fazendo valer os direitos, que por lei, são garantidos ao Bernardo, não deixou que ele fosse privado da diversão.

“O tempo foi passando e eu falei, não, eu não vou deixar meu filho ficar fora do pula-pula. Coloquei ele dentro do brinquedo e assim ele se divertiu do jeitinho dele. Saímos antes do tempo terminar. É extremamente constrangedor, porque eu tive que ficar explicando que meu filho é PC. Naquele momento, achei que era uma falta de instrução, mas vi que ocorreram outros casos. É falta de humanidade, despreparo, empatia”, desabafa a mãe de Bernardo.

Foto: arquivo pessoal

O relato da psicóloga Flávia Gonzalez Ferreira, nas redes sociais, também mostra que os fatos ocorridos no parquinho, não são isolados. O que seria uma tarde de diversão, para o seu filho, de 4 anos, que tem autismo, tornou-se em exclusão social. Veja:

“A empatia é fundamental. Mas não é uma questão de ser legal. É uma questão de lei, de direito ao acesso ao lazer que todas as crianças tem. A flexibilização, nesses casos, promove a equidade, que as crianças possam estar nos mesmos espaços de uma maneira que eles possam aproveitar. Mas não é só estar lá, tem que haver adaptação nos espaços às necessidades deles”, ressalta a psicóloga Flávia

Menina tem entrada negociada em parquinho, mas é retirada do local logo em seguida

“Quero deixar esse dia no passado”. Esse é o sentimento da petropolitana Cristina Hart, tia de uma menina PCD, de 4 anos. Na última semana o desabafo dela viralizou nas redes sociais e outras pessoas se identificaram com o caso de preconceito e falta de inclusão.

No dia 26 de janeiro, a criança foi convidada para o aniversário de um primo, que ocorreu no parque “especializado para crianças”. Com os movimentos comprometidos, a menina foi com a sua cadeira de rodas, mas impedida de entrar com o argumento de que a cadeira iria prejudicar a higiene do espaço.

“Ao se dirigirem à entrada, a responsável pelo espaço a impediu de entrar, alegando que a cadeira de rodas sujaria o chão que, segundo ela, é esterilizado. Em nenhum momento sugeriu ou ofereceu produto para esterilizar as rodas. Só disse que ela não poderia entrar na cadeira para não sujar o chão. A babá se retirou. Um primo dela, adulto, voltou à entrada com minha sobrinha e negociou a entrada dela. A atendente permitiu. Mas disse que a menina teria que ser carregada, sem que a cadeira pudesse circular no espaço interno”, conta Cristina.

Porém, a diversão da menina, que a pedido da tia o nome e a imagem não serão divulgadas, durou apenas 5 minutos. Já que a sua acompanhante foi obrigada a se retirar da piscina de bolinha.

“Uma atendente se aproximou da babá e disse que ela precisava sair de dentro do brinquedo porque era proibida a permanência de adultos no parque. Sem acompanhante, minha sobrinha não poderia brincar, pois ela tem limitações físicas: não sustenta o corpo, nem o pescoço, não tem movimentos voluntários dos braços nem das mãos. A atendente voltou a dizer que ela teria que sair de lá”, lembra.

“Mais uma vez, o direito de brincar, da minha sobrinha, lhe foi negado. Minha irmã se retira com a filha e a babá da festa e vão pra casa. A vidinha dela já é suficientemente pesada para ainda ter que viver numa sociedade que a impede de brincar, quando tem a oportunidade de interagir em ambiente lúdico, com a presença de outras crianças”, pontua Cristina Hart, tia de uma menina PCD, que teve seu direito de inclusão negado em Petrópolis.

A equipe de jornalismo da Sou Petrópolis entrou em contato com os locais mencionados pelos responsáveis e aguarda retorno.

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