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[Dia da Visibilidade Trans] Petropolitana conta sobre os desafios de ser uma mulher trans em Petrópolis

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[Dia da Visibilidade Trans] Petropolitana conta sobre os desafios de ser uma mulher trans em Petrópolis

Fabiana da Conceição é a primeira transgênera a realizar a cirurgia de redesignação sexual na cidade

Celebrado nesta segunda-feira (29), o Dia da Visibilidade Trans marca o reconhecimento e conscientização da comunidade transgênero, representando uma luta por respeito, visibilidade e igualdade. Nesta data, conheça a petropolitana Fabiana da Conceição Bittencourt, de 37 anos, que há 16 anos decidiu mudar de sexo, tornando-se a primeira pessoa a realizar a cirurgia de redesignação sexual na cidade, mas que ainda luta por igualdade.

Foto: arquivo pessoal

Reconhecimento

Não se identificar com o sexo biológico atribuído a elas desde o nascimento: esse é o sentimento das pessoas transgêneras. Fabiana conta que desde de a infância não se identificava com o sexo que nasceu – masculino. Se olhar no espelho era constrangedor para ela, que se via como menina. 

“Usava roupas da minha mãe escondida e sempre colocava panos na cabeça para fingir que eram meus cabelos longos. Evitava me olhar e muitas vezes chorava pois não me sentia eu. Não gostava de carrinhos, bonecas sempre foram minhas opções de brinquedos. Só podia brincar quando minha mãe fazia bonecas de pano para minhas sobrinhas. Aproveitava aquele momento para me divertir com elas”, lembra.

Mudança de sexo

Foram 12 anos de preparação e luta, até que Fabiana conseguisse realizar a cirurgia de mudança de sexo. Para ela, o processo foi longo, pois envolvia cuidados que iam além da sua decisão.

“Sempre tive acompanhamento psicológico e todos os cuidados. Quando realmente decidi lutar pelo meu sonho, que era a redesignação sexual, estava com 22 anos. Minha mãe sempre esteve comigo nessa decisão, mas infelizmente ela morreu. Não tive apoio da família, pois até então eram contra. Hoje me respeitam”, relata Fabiana. 

Desafios

De acordo com Fabiana, Petrópolis ainda é uma cidade muito conservadora, e, por conta disso, ainda é difícil para uma pessoa LGBTQIA+ viver com dignidade aqui. A falta de debates e a invisibilização da comunidade são pontos que ela considera essenciais para a mudança desse cenário.

“Ainda não é fácil ser uma mulher trans. Temos que encarar a vida e os obstáculos diários. Em Petrópolis, o preconceito ainda é muito grande. Digo isso em minha própria família. Nunca tive apoio deles. São os poucos amigos que me incentivam a não desistir e seguir sempre em frente”.

A saúde é colocada por Fabaina como um dos poucos direitos que a comunidade LGBTQIA+ está tendo bom atendimento na cidade.

“Está tendo uma melhora. Temos atendimentos no Centro de Saúde Coletiva. Lá nós podemos realizar terapia hormonal com acompanhamento da enfermagem e entre outros atendimentos relacionados à medicina”.

Mas a artista plástica lamenta a falta de oportunidade de emprego e destaca o sonho de um dia ser reconhecida na sua profissão.

Foto: arquivo pessoal

“Mesmo com as adversidades, me sinto muito feliz e grata a Deus por este sonho da redesignação sexual conquistado. Foram muitas lutas e barreiras, mas eu venci, eu consegui”, pontua a petropolitana que realizou o procedimento no Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro. 

Garantia de direito para pessoas trans

Anne Caroline Fernandes, professora de Direito da Estácio e mestra em História, enfatiza a relevância do Dia da Visibilidade Trans.

“Esta data tem um papel fundamental na luta pela igualdade de direitos e no combate à discriminação enfrentada por pessoas transgênero. É um momento para celebrar suas conquistas e promover a reflexão sobre a inclusão e respeito à diversidade de gênero”, explica.

Foto: divulgação

Além disso, Anne explica que é crucial investir em políticas públicas que garantam a inserção de pessoas trans no mercado de trabalho.

“Essa é uma maneira de assegurar oportunidades de emprego sem discriminação e proporcionando condições para que essa população possa exercer seus direitos plenamente. Programas de capacitação e sensibilização voltados para empresas e organizações também são essenciais para criar ambientes inclusivos e acolhedores”, revela a historiadora.

Outro aspecto relevante, segundo a docente, é o acesso aos serviços de saúde de forma digna e sem preconceitos. “É necessário que os profissionais de saúde estejam capacitados e sensibilizados para atender às necessidades específicas da população trans, garantindo atendimento adequado e respeitoso”, diz.

Procedimento pelo SUS

Desde 2008, o Sistema Único de Saúde oferece cirurgias de redesignação sexual, por meio da Portaria nº 457. O SUS, por meio da rede estadual, oferece atendimento para hormonização e consulta cirúrgica a transexuais, maiores de 18 anos, que são acompanhados por equipe formada por endocrinologista, psiquiatra, psicólogo, enfermeiro, assistente social e cirurgiões.  Os pacientes são orientados na realização de terapia hormonal e, quando indicado, encaminhados à cirurgia de mudança de sexo.

Foto: Agência Brasil

O caminho para quem busca o SUS para o processo começa nas unidades básicas de saúde, onde os pacientes passam a ser acompanhados e, conforme avaliação clínica, encaminhados aos centros de referência por meio da inserção da solicitação de consulta no Sistema Estadual de Regulação (SER).

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