Petropolitana relata como é viver com HIV: “O vírus não é um tabu. Difícil é o preconceito das pessoas”
No Dia da Luta contra a Aids, conheça Claudineia, que contraiu o vírus há 27 anos por uma provável transfusão de sangue
O número de pessoas diagnosticadas com o vírus HIV em Petrópolis durante o ano de 2022 chegou a 88, de acordo com dados da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. O percentual é 17% menor do que 2021, quando 106 casos foram notificados – sendo o ano que bateu recorde de pessoas infectadas, nos últimos 13 anos. O ano com menos casos de aids foi em 2014 – 57.
Foto: reprodução
O perfil das pessoas diagnosticadas é predominantemente por homens. O sexo masculino é o que mais contraiu o vírus, – foram 695 contra 323 do gênero feminismo. A faixa etária dos maiores casos compreende entre 30 e 39 anos.
Nesta sexta-feira, 1° de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids. A petropolitana Claudineia Ferreira convive com o vírus há 27 anos.
Vida normal após descoberta do vírus
Claudineia descobriu que tinha contraído o vírus com 31 anos. Até hoje ela não sabe como foi contaminada, mas a suspeita de uma transfusão de sangue em 2006, quando o controle do procedimento não era tão rígido como nos dias atuais. As pequenas feridas no corpo da dona de casa foram os sinais de que algo não estava bem.
Casada e com quatro filhos, Claudineia relata uma vida normal ao lado da família, apesar do preconceito ainda presente na sociedade.
“Quando era mais jovem sofri um acidente e precisei de sangue. Demorou uns cinco anos para a doença se manifestar. Tive uns machucados pelo corpo. Procurei o médico, fiz o teste de HIV e descobri que era soropositiva. Logo depois meu marido fez o exame que indicou o mesmo resultado. No início foi muito difícil. As medicações nos faziam muito mal, mas o pior foi o preconceito, até mesmo dos nossos parentes”.
Com 58 anos e casada há 20, nenhum dos filhos do casal contraíram o vírus e todos deram total apoio aos pais. “Eles descobriram ainda muito novos, na hora ficaram surpresos, mas depois abraçaram a causa se sempre estiveram ao nosso lado”, disse.
Preconceito e apoio
Foi em um Grupo Assistencial da cidade que a dona de casa e a família encontraram o apoio que estavam procurando para enfrentar as diversidades da doença. “É até engraçado falar isso, mas a nossa maior tristeza ainda é o preconceito. Inevitável quando vamos a algum atendimento no ambulatório, por exemplo, onde você precisa falar que é soropositivo. Percebemos os olhares diferentes das pessoas, algumas até se distanciam de nós, como se fôssemos contagiosos. O que além de preconceito é ignorância sobre as reais formas de contágio”, desaba Claudineia.
“Viver com o vírus deixou de ser tabu. Difícil é o preconceito das pessoas. Antes não tinha tanta informação quanto hoje. Já superamos tantas coisas, e seguimos juntos, firmes e fortes, educando os nossos filhos”, Claudineia Ferreira.
*Claudineia Ferreira é um nome fictício a pedido da entrevistada para preservar sua identidade e sua família.
Programa IST Aids
O Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids de Petrópolis, funciona no prédio anexo no Pronto Socorro, na Rua Paulino Afonso, 455 – Centro. Lá são oferecidos Serviços de Atenção Especializada a pessoas que vivem com o vírus. Os atendimentos são realizados segunda, terça, quarta e sextas-feiras, das 8h às 16h30 e às quinta-feira, das 8h às 19h30. Para a consulta é necessário apresentar documento de identidade, comprovante de residência e cartão do SUS. Mais informações podem ser obtidas no número (24) 2237-6680.