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Moradora relata falta de ações efetivas na recuperação do Morro da Oficina, em Petrópolis

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Moradora relata falta de ações efetivas na recuperação do Morro da Oficina, em Petrópolis

Comunidade foi a mais atingida na tragédia de 2022. Mais de 50 casas desapareceram e 93 pessoas morreram no local

Moradores do Morro da Oficina, no Alto da Serra, epicentro da tragédia das chuvas do ano passado, onde 54 casas desapareceram e 93 pessoas morreram, continuam lutando pela realização de ações efetivas por parte do governo municipal.

Fotos: Arquivo pessoal – Cristiane Gross

Cristiane Cross, líder comunitária, relata que perdeu as esperanças de ver o local reerguido. “Continuamos na mesma. Paramos no tempo. As obras estão paradas e a prefeitura ainda não pagou as compensações para quem perdeu as suas residências. Ou seja, nada está sendo feito.”

Anunciadas para o mês de setembro o início das obras na localidade, a representante do grupo dos moradores, questiona o período para as intervenções, já que estamos a dois meses do início do verão, período em que as chuvas são intensas na cidade. 

Fotos: Arquivo pessoal – Cristiane Gross

“Semana passada anunciaram novas medições. Disseram que as casas da parte de baixo da Rua Frei Leão, estão atrapalhando o início das obras. Tem duas retroescavadeiras revirando o barro que, quando chove, a lama desce toda para a parte de baixo, entupindo os bueiros. Uma obra milionária e complexa, como a prefeitura afirma ser, com três casas demolidas até o momento. Essa é a real situação do Morro da Oficina. Estou desacreditada. A sensação que tenho é que eles estão brincando com a gente”. 

O que diz a prefeitura

A Prefeitura informou que deu início às demolições de casas no Morro da Oficina, no Alto da Serra. Segundo o governo municipal, são demolições necessárias para que as obras de grande porte (contenções de encosta e drenagem) possam avançar.

Foto: divulgação PMP

Na área 1 – entre o Hipershopping e a Rua Hercília Moret,  foi dividida em 2 grandes obras. São contenções de encosta e drenagem, para a proteção de moradias, da Escola Municipal José Fernandes da Silva e do Pronto Socorro Leônidas Sampaio. Essas intervenções começaram no dia 9 de janeiro.

As obras das áreas 2 e 3  também são de contenção de encostas e drenagem.

A área 2 – entre as ruas Professora Hercília Moret e Frei Leão,  foi dividida em 2 lotes. As obras do lote 2 começaram dia 14 de junho. Já as do lote 1 ainda não foram iniciadas.

Já a área 3 – do início da Rua Frei Leão até a Rua Oswero Vilaça, começaram dia 14 de agosto.

Recomeço Seguro

A prefeitura informou que 245 famílias dessas casas foram incluídas no programa municipal Recomeço Seguro, que são compensações financeiras para que elas possam recomeçar as suas vidas. Os valores são entre R$ 90 mil e R$ 230 mil para cada família.

Os pagamentos foram divididas em 4 lotes. Os Lotes 1 e 2 foram pagos em agosto e setembro. O Lote 3 será pago até o dia 30 de setembro, e o Lote 4 será pago em outubro.

“Os pagamentos vêm sendo realizados, já pagamos mais de 60% das famílias, e vamos quitar todo o lote 4 ainda em outubro. Só não conseguimos pagar antes por conta da tentativa de golpe orçamentário que Petrópolis sofreu entre agosto e setembro, quando o município deixou de receber R$ 28 milhões de repasses de ICMS a que tem direito”, disse o prefeito Rubens Bomtempo.

Cenário desolador

Em um vídeo divulgado nas redes, Leandro Sunk descreve o atual cenário do Morro da Oficina como desolador. Também estudante de um colégio no Alto da Serra, o grafiteiro diz que conviveu durante anos na comunidade, onde frequentava o Projeto do Morro.

“Eu realizava ações no projeto voltados para arte. É um sentimento muito triste. Só quem teve naquela localidade antes, sabe a dimensão da tragédia. Subíamos, estava todo mundo na rua, música alta. Hoje é o silêncio e os destroços”, comenta.

Sede do Projeto do Morro retorna ao Alto da Serra

Um ano e oito meses após a tragédia, o Projeto do Morro retorna ao Alto da Serra, na Comunidade Osvero Carmo Vilaça. A prefeitura, por meio das Secretarias de Educação e de Governo, realizou a devolução das chaves do prédio que anteriormente abrigou o CEI Tia Alice, espaço que pertence à Associação de Moradores da Comunidade e, a partir desta semana, também abrigará o projeto social. No deslizamento de terra ocorrido no Morro da Oficina, os quatro andares da antiga sede do Projeto do Morro foram destruídos.

Desde 2009, o projeto social já capacitou mais de 8 mil pessoas, com cursos profissionalizantes e atividades voltadas para cultura, esportes e lazer.

O coordenador do projeto, Bruno Gonçalves, comemorou o retorno à comunidade. Desde novembro do ano passado, a sede estava instalada no Vicenzo Rivetti. “Há 15 anos atrás, começamos nossas atividades na associação de moradores do Morro da Oficina, na servidão Frei Leão. E após perder tudo na tragédia, sentimos a necessidade de voltar ao nosso lugar de origem, pois vemos a carência não só da comunidade, mas de todo Alto da Serra por um projeto social”, disse.

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