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Cresce em 66,25% os atendimentos de casos de violência contra mulher em Petrópolis

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Cresce em 66,25% os atendimentos de casos de violência contra mulher em Petrópolis

[Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher] Vítima relata como identificou e se livrou do relacionamento abusivo

“São atitudes que nos levam a pensar que eles estão nos protegendo, mas na verdade estamos sendo submetidas a violência psicológica”. Relatos iguais os da Aparecida Cristina, de 35 anos, que comprovam o aumento de casos de violência contra a mulher em Petrópolis. 

Dados do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) indicam que, apenas em agosto deste ano, foram realizados 133 atendimentos, comparados aos 80 do mesmo período do ano anterior, representando um aumento de 66,25%. 

Foto: ilustrativa

Ao longo de 2022, de janeiro a agosto, a cidade registrou 645 casos. Dentre esses, destaca-se a violência psicológica e a lesão corporal, muitas ocorrendo no ambiente doméstico. 

Desde o ano de 2007, o espaço já prestou auxílio a mais de 5.160 mulheres em situações de vulnerabilidade. Somente neste ano, foram registrados mais de mil atendimentos, e destes, 289 foram destinados a mulheres que, pela primeira vez, buscaram apoio.

Essa tendência também foi observada pelo Dossiê Mulher, estudo anual do Instituto de Segurança Pública (ISP). No ano de 2021, o documento aponta que as violências psicológicas e físicas tiveram os maiores índices de registros – 778 em 2021 e 744, em 2022.

No Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, veja os relatos de uma petropolitana que vivia em um relacionamento abusivo, mas buscou ajuda a tempo e se livrou do agressor.

Início de uma relação perfeita

O relacionamento de Aparecida, com o ex-namorado, teve início por meio de amigos em comum.

“Estava solteira há um tempo. Foi na festa de aniversário do namorado de uma amiga que nos conhecemos. Super atencioso e gentil. Trocamos contato e desde então nos apaixonamos, eu pensava. Saímos várias vezes, até que com um mês fui pedida em namoro. Estava muito feliz”, relata.

Sinais de um relacionamento tóxico

Os primeiros sinais de que a comunicação já não estava como a do início do relacionamento, veio no quarto mês de namoro. Segundo Cristina, parecia uma super proteção que ele estava “tentando proporcionar” à ela, quando a pediu para deixar o trabalho e começou a restringir sua saída com as amigas e até mesmo os encontros com familiares. 

“Ele morava sozinho, então passava mais tempo na casa dele. Ele pedia para ver meu celular quando chegava do trabalho, perguntava com quem eu havia conversado durante o dia. Até então, achava normal. Teve um dia que ele disse que achava melhor eu parar de trabalhar e passou a ir me buscar todos os dias no serviço. Sempre trabalhei, e não achava cômodo depender do sustento dele. E ele foi colocando outras questões que não faziam sentido. Como eu não vou visitar minha mãe. Reclamar das minhas roupas, do tempo que eu ficava no celular”.     

Agressões psicológicas e físicas

Aparecida detalha que as falas ditas por ele, a faziam pensar que as suas atitudes estavam erradas. “Por várias vezes me senti ocupada pelo nosso relacionamento não estar indo bem. Ele fazia de tudo para eu me sentir ‘um lixo’. Chorava, falando que só brigava comigo porque me amava e que eu não facilitava as coisas”.

Foi em uma viagem à Paris que veio a primeira agressão física. “Foi por causa de uma roupa. Ele disse que não estava adequada para irmos jantar e veio a agressão, do nada, e em seguida o arrependimento, me colocando como a errada da história”, lembra.  

Busca por ajuda

Foram várias situações até Cristina notar que precisava de ajuda para sair do relacionamento.

“Percebi, que em um ano e meio de namoro, estava sozinha, só eu e ele… E uma hora eu não existiria mais. Já tinha perdido minha personalidade, meus amigos e familiares. Já tinha percebido que estava em um relacionamento abusivo. Precisava sair daquela situação. Após uma outra agressão física, pedi ajuda a uma amiga, que me acolheu em sua casa. Sai da residência dele com a roupa do corpo. Não me procurou mais. Meu erro foi não ter denunciado ele”, diz.       

“É muito difícil sair de um relacionamento abusivo, mas não podemos virar estatística. É buscar força, ajuda e seguir em frente”, conclui Aparecida Cristina, que hoje tem apoio psicológico. 

Tipos de violência

Não é só a agressão psicológica e física que as mulheres são expostas. Há diversas outras manifestações de agressividade que estão, inclusive, previstas na Lei Maria da Penha. São elas:

  • Violência Patrimonial: quando o parceiro quebra objetos de trabalho, bens, roupas, documentos ou o celular, que é, além de um bem, a possibilidade de pedir ajuda para a família, amigos ou polícia;
  • Violência Moral: está no âmbito dos xingamentos, da calúnia, da difamação, da injúria e da exposição;
  • Violência Psicológica: intimidar, constranger, manipular, perseguir, explorar, inferiorizar e fazer a outra pessoa se sentir louca;
  • Violência Sexual: para além da visão do estupro, que no imaginário acontece em uma rua escura com um desconhecido, a opressão sexual se manifesta em obrigar a mulher a fazer qualquer ato que ela não queira, tirar a camisinha no meio da relação sem o consentimento, obrigá-la a modalidades de sexo que ela não queira, obrigá-la a ter relações usando a desculpa de que é o dever dela como esposa, impedir que ela tome contraceptivo, dentre outras atitudes.

Onde pedir ajuda?

Em Petrópolis, o Centro de Referência em Atendimento à Mulher (CRAM), funciona na Rua Santos Dumont, número 100, em anexo ao Centro de Saúde Coletiva.

Foto: divulgação

Outro espaço que cuida de mulheres em situação de violência é a Sala Lilás, do Hospital Alcides Carneiro (HAC). 

Pra anotar aí:

Polícia Militar – (24) 2291-4020

WhatsApp do CRAM – (24) 98839-7387

Centro de Referência em Atendimento à Mulher – (24) 2243-6152

Patrulha Maria da Penha – (24) 99229-2439

Sala Lilás – (24) 2246-8452

105ª DP – (24) 2291-0816/(24) 2291-0877

106ª DP – (24) 2222-7094/ (24) 2232-0135

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