“Não quero ser guerreira, quero ser só mãe”, diz petropolitana sobre os desafios da maternidade solo
Em 2022, 6% dos bebês nascidos em Petrópolis têm apenas o nome da mãe na certidão de nascimento, fora os pais que registram, mas são ausentes
Neste domingo (14) é comemorado o Dia das Mães e, apesar da maternidade ser um assunto muito romantizado, ela nem sempre é um mar de rosas para todas, em especial, para as mães solos. Um exemplo disso é Preta Guimarães, modelo petropolitana que vem estrelando campanhas publicitárias no Brasil e no mundo e que é mãe do pequeno Ravi, de 3 anos.
Foto: @okayquemolter
Mãe aos 21 anos, Preta já atuava como modelo na época e, quando descobriu a gravidez, sentiu que todos os seus sonhos estavam sendo destruídos. “Eu enxergava que estava tudo acabado. A sociedade joga todo um peso nas costas da mulheres que é muito diferente dos homens. Só a mulher tem que ter a vida totalmente transformada. Quando a gente engravida, a pessoa que a gente era morre e dá lugar a outra totalmente diferente. Foi a fase mais difícil da minha vida, pois não via saída”, comenta.
A petropolitana nunca teve o sonho de ser mãe e, por isso, teve um baque muito grande com a notícia. “Eu me cuidava, tomava todos os remédios e, ainda assim, engravidei. Ouvimos falar que hoje em dia só engravida quem quer, que basta usar preservativo, mas não é assim”, ressalta.
Foto: Divulgação
Mães solos
Por benção de Deus, como define Preta, durante todo este processo da gravidez e do pós-parto, ela teve total ajuda da mãe e de suas duas irmãs, que também são mães solos.
“Elas quem me ajudaram a me reerguer. Sozinhas, nem todas as mães conseguem passar por isso e, só quem vive na pele sabe a dor que é. Se você não tiver essa rede de apoio, fica ainda mais difícil. Se elas não tivessem me transmitido toda essa força, não sei se estaria onde estou hoje”, relembra.
Foto: @thaymagranifotografa
Os desafios
A petropolitana reforça ainda que, na data, é muito comum parabenizar as mulheres como guerreiras, em especial as que criam os filhos sozinhas. Porém, apesar de ser um adjetivo inocente, a ideia da mãe guerreira está totalmente atrelada à sobrecarga.
“A maternidade solo não é algo bonito, é exaustivo. Não quero ser guerreira, quero ser só mãe. Tenho que fazer a minha parte como mãe e ainda suprir a falta do pai e eu não acho isso lindo. Sempre que existe uma mãe solo cansada e sobrecarregada, tem um pai que não faz o papel dele”, aponta.
Pais ausentes
Segundo dados do painel de transparência do Registro Civil, em Petrópolis, 6% das crianças nascidas em 2022 têm apenas o nome da mãe na certidão de nascimento. Dos 3.308 bebês, pelo menos 187 têm pais ausentes, isso desconsiderando os que registraram a criança, mas não cumprem o papel.
Para ela, a balança sempre foi e, ainda é, muito desigual para os homens e as mulheres. “Se o pai faz o básico, ele é um paizão. Mas a mulher nunca é uma mãezona e, na verdade, nem queremos isso. A gente quer descansar, ter o nosso momento. Nossa maior dificuldade não é nem sustentar, nisso a gente dá um jeito e nunca deixamos faltar nada. Mas pra educarmos e criarmos sozinhas, passamos a não ter mais tempo pra gente, só para a criança”, critica.
Foto: @okayquemolter
Mãe é a que fica
Preta termina compartilhando um texto de Bruna Estrela: “Mãe é a teimosia do amor, que insiste em permanecer e ocupar todos os cantos. É caminho de cura. Nada jamais será mais transformador do que amar um filho. E nada jamais será mais fortalecedor que ser amado por uma mãe”.
“Independente de termos uma rede de apoio, nós é que somos a mãe. E mãe é a que fica. Não importa, quando tudo acontecer, quando todas forem embora, a mãe é a que tá ali. Queria dizer para todas as mães solos que isso não é o fim, hoje sou uma pessoa muito melhor do que quem eu era antes e estou vencendo. Vamos todas vencer”, finaliza a petropolitana.
Foto: @okayquemolter
O trabalho de Preta pode ser acompanhado pelo Instagram @pretaguiimaraes.