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Heróis anônimos: motoboys relembram da força-tarefa para ajudar as vítimas da tragédia de Petrópolis

Petrópolis do bem

Heróis anônimos: motoboys relembram da força-tarefa para ajudar as vítimas da tragédia de Petrópolis

12 meses após serem considerados heróis, trabalhadores ainda encontram dificuldades para exercer a profissão em Petrópolis

O dia 15 de fevereiro de 2022 ainda está marcado na memória dos petropolitanos. Mesmo após um ano da tragédia que vitimizou 235 pessoas, não há quem não lembre dos momentos dramáticos vividos naquela data.

Para os motoboys, responsáveis por chegar em lugares que ninguém conseguia ir, ficou a lembrança de dias em que a união e a empatia falaram mais alto que qualquer dor.

Fotos: Divulgação

Após as chuvas e o rastro de destruição deixado na cidade, muitos lugares ficaram inacessíveis e só foi possível chegar a pé ou de moto. Com a dificuldade, os trabalhadores formaram um verdadeiro exército para levar cestas básicas, quentinhas, água, remédios e roupas, fazendo com que ficassem conhecidos em todo o Brasil pelos atos de coragem e heroísmo.

Agora, um ano completo após a tragédia, a Sou Petrópolis conversou com Luciano Salgado, o “Tiozão]”, um dos líderes do movimento e dos mutirões dos motoboys. Ele contou, com detalhes, como foram os resgates, os dias posteriores e como é a vida desses trabalhadores em Petrópolis.

A mobilização

De acordo com Luciano, a mobilização começou prontamente após as chuvas. Por meio de um grupo de WhatsApp, que os trabalhadores usam para comunicação, ficou acertada a ida para auxiliar o Corpo de Bombeiros, que sofria com dificuldades para ajudar as vítimas.

“Os bombeiros estavam precisando do nosso socorro, principalmente para passar por locais em que os carros e caminhões deles não conseguiam passar. Aí, todos os motoboys deixaram as suas casas após a madrugada e rodaram por toda a cidade ajudando quem precisava”, contou.

Durante o período, os motoboys contam que foram muito bem vistos pela população petropolitana. De acordo com Tiozão, as pessoas perceberam como os trabalhadores largaram seus empregos e suas vidas pessoais em prol de um bem maior, que era a ajuda e o resgate das pessoas que estavam em situações difíceis.

Mutirão

Foto: Divulgação/Beatriz Cortacio

Dificuldades enfrentadas durante a tragédia

Tiozão conta que a maior dificuldade durante o processo foi a impotência. O motociclista explica que, diante do tamanho da catástrofe, era muito difícil não se sentir enfraquecido em meio ao cenário de ‘guerra’ que se instaurou no cidade.

“Eram muitas pessoas soterradas, muitos animais. Tinham situações que nós, civis, não conseguimos ajudar. Nosso espírito, nossa força manteve a gente de pé. O que deu pra fazer, fizemos com excelência, fizemos com toda a nossa capacidade humana. Mas ver as cenas e não conseguir ajudar a todos, foi com certeza a pior parte. Não poder fazer nada por quem perdeu tudo é desesperador”, desabafou, emocionado.

Mesmo com as dificuldades, os motociclistas continuaram o trabalho enquanto foi necessário, sem recuar em uma só vez. Por conta da força de vontade, chegaram a ser aplaudidos pela população inúmeras vezes, que reconheceu todo o empenho feito.

Doações

Fotos: Divulgação/Thuani Barbatti

O trabalhador conta ainda que as ações durante o desastre natural ajudaram a mudar a visão que as pessoas tinham dos motociclistas. Até hoje, muitos petropolitanos os chamam de heróis e demonstram gratidão por tudo que foi feito nos dias mais difíceis que os petropolitanos enfrentaram no último ano. Apesar disso, segundo Tiozão, muitos também esqueceram.

“Muita gente tem a memória pequena. Sofremos com muito desrespeito no trânsito. Quando se fala em motoboy, imagina que todos são loucos, mas não é assim. Também tem os mais centrados. Mas, com certeza, a maioria das pessoas lembra e nos abraça atualmente”, explica.

O trabalhador revela que muitos motoboys ainda estão em choque por tudo que foi visto durante a tragédia. Conforme a data vai se aproximando e as chuvas vão aumentando na cidade, estão todos em estado de alerta.

Foto: Divulgação/Teresa Azevedo

Apesar dos traumas e do luto que a cidade vive neste dia 15 de fevereiro, esses heróis anônimos deixaram para Petrópolis um legado de união e, acima de tudo, amor ao próximo.

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