Você sabia que Petrópolis tem um Museu da Memória Negra?
Objetivo do projeto é reivindicar narrativas e promover a eternização da memória do povo negro local
Inaugurado em novembro de 2021, o Museu da Memória Negra de Petrópolis tem como objetivo manter e ampliar a cultura afro-brasileira de resistência. A instituição visa, ainda, reivindicar narrativas e promover ações identitárias, representativas para a população afro-petropolitana.
Fotos: Acervo Museu da Memória Negra de Petrópolis
A iniciativa, que surgiu como proposta da disciplina de Projeto V, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UERJ, é conduzido pelo arquiteto, Filipe Graciano; pelo historiador, Lucas Ventura da Silva; pela advogada, Karol Cerqueira e pelo artista plástico, Pedro Ivo Cipriano. Além do site, eles mantém também as atualizações no Instagram.
“O Museu da Memória Negra de Petrópolis vem a ser uma fissura frente a negação de nossa existência, atuando como um equipamento de tensionamento diante do campo da memória na cidade. Um Museu de deslocamento epistemológico não só do que foi vivido no passado, mas da maneira como aprendemos a reverberar no presente e projetar futuros. Este é o Museu da Memória Negra de Petrópolis”, diz Filipe Graciano.
Funcionando como um acervo público, a curadoria do museu também tem outra importante função: afastar a ideia deturpada de que a história dos negros só está relacionada à escravidão e aos efeitos desse período.
Quem são as pessoas das fotos do Museu?
Buscando se desvincular dessa visão generalista com a escravidão, a ideia do espaço é promover artistas locais, focando nas pessoas negras da nova geração. O Museu, por exemplo, não expõe correntes ou instrumentos do escravagismo, mas apresenta um acervo disposto a mostrar toda a potencialidade desses personagens, tanto do passado quanto do presente.
“O Pedro Ivo é um artista plástico petropolitano que tem toda a sua obra voltada para essa questão das narrativas e faz parte da equipe do Museu. São essas pessoas, que tem essas vivências bacanas, que queremos ter ao nosso lado”, detalha Lucas Ventura, ao falar sobre o tipo de artista que faz parte do local.
Enquanto grava um documentário sobre as conexões do município com a negritude, que deve ser lançado em 2023, o historiador explica que o espaço surge para incentivar o pensamento sobre a vivência dos africanos que passaram pelo município e suas contribuições culturais e sociais.
Foto: Reprodução do Instagram
“Nosso foco é ressaltar a característica de Petrópolis como uma cidade negra. Fazemos parte de uma cidade que também foi construída através da mão de obra africana, trazendo uma contradição com a colonização da cidade”, explica.
O historiador revela que o projeto visa ainda potencializar as narrativas negras locais e como essas vozes ajudam a moldar a região. Querendo ampliar os arquivos expostos no local, o planejamento é inserir, futuramente, a participação de outras personalidades no Museu.
Planos futuros
A principal ideia dos idealizadoras é tornar o espaço físico. Mas, o objetivo a curto prazo (e que já foi conquistado) era estabelecer o projeto na internet. A médio prazo, as exposições itinerantes são o foco, algo que ainda não foi feito.
“A demanda que nós temos por um espaço físico é enorme. Muitos turistas querem conhecer o Museu, mas ainda não temos esse local. A procura é muito grande, já que é um trabalho único. Valorizar e discutir essa pauta em Petrópolis é de extrema importância. Petrópolis foi construída por inúmeras mãos, inclusive e especialmente a africana”, finaliza.
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