Conheça o colecionador petropolitano que fundou o único museu de porcelana da América Latina
Neste domingo, a Sou Petrópolis inaugura a série de reportagens sobre Colecionadores Petropolitanos
Onde cada cômodo traz consigo um novo tema e ambientação, o Museu de Porcelana de Petrópolis – tido como o único da América Latina – é fruto do fascínio do petropolitano Robert Marcus Bedran, de 60 anos, pela arte em porcelana. Neste domingo (22), a Sou Petrópolis inicia sua nova série de reportagens sobre #ColecionadoresPetropolitanos, e é Robert quem estreia a primeira publicação do projeto.
De família libanesa e sobrinho dos administradores da antiga Casa Matriz, Robert praticamente nasceu no comércio, mas foi somente em 2018, quando fundou o Museu de Porcelana de Petrópolis, que se viu verdadeiramente realizado na área. Estimulado desde cedo a valorizar antiguidades, ainda na infância ele desenvolveu o hábito de acompanhar a mãe em antiquários e, aos 16 anos, se lembra de ter ido pela primeira vez em um leilão.
Há mais de 20 anos, contudo, o empresário viveu uma experiência que o faria mudar sua relação com o ato de colecionar e contar histórias. Em um leilão em Itaipava, Robert explica que teve a atenção voltada para uma pequena coleção de cães que, pela forma como foram pintados e retratados, o cativaram. “Foi uma beleza à primeira vista. A riqueza de detalhes, a modelagem, a pintura à mão. Foi com eles que iniciei a coleção e comecei a ir ao Rio”.
Formado em Veterinária e, embora não atuante, a admiração do petropolitano pelo mundo animal é amplamente refletida no acervo que detém hoje. Desde que iniciou sua coleção, há mais de duas décadas, para cá, já são mais de 1.800 peças, sendo a maioria delas de origem alemã. Variada, a seleção de obras inclui pássaros, cães, animais da savana, figuras humanas, relógios, pratos e até colunas que, como ele gosta de apontar, são dignas de museu.
“Minha maior satisfação é saber que isso está guardado e exposto. Os turistas costumam comentar que conhecem colecionadores que guardam seus acervos a sete chaves. Quando você compartilha a sua coleção, você dá a oportunidade de propagar cultura e acrescentar às pessoas algo novo”, expressa. Constituído por porcelanas de 25 a 30 fábricas diferentes, o museu traz peças datadas de 1850 às mais recentes, de cerca de meio século atrás.
Viagem no tempo, para Robert admirar a arte em porcelana é também caminhar por expressões e emoções provocadas pelos trabalhos de cada artista ou fabricante. “É muita delicadeza. Me encanta a criatividade na construção das peças. Gosto muito dos pássaros e acho que seja por causa das cores. Chegando de perto você vê que em algumas delas foi feita até a língua da ave. São muitos detalhes”.
Eleito por três anos consecutivos como o museu mais bem avaliado de Petrópolis pelo Trip Advisor, Robert expressa sua satisfação pelo reconhecimento do público por seu projeto pessoal que, de uns anos para cá, se tornou uma nova forma de caminhar pela história na cidade. Afinal, o que não faltam são reflexões acerca do acervo de porcelanas que, como o colecionador mesmo define, tem seu valor na fragilidade.
“A porcelana é rara porque ela quebra. Ela pode não ser tão cara quanto o ouro ou a prata, mas fazer uma porcelana é demorado e é isso que a torna valiosa. Ela quebra. Um castiçal você pode soldar. Outras coisas não”. Em 2021 e, após pedidos, Robert se viu estimulado a disponibilizar peças para aquisição no museu e, desde então, tem descoberto uma legião de outros brasileiros também fascinados por apreciar e se deixar fascinar pela porcelana.
“Tenho notado que o brasileiro gosta de colecionar, colocar pratos em paredes, xícaras, louças antigas. Tenho pessoas hoje que compram todo mês alguma peça comigo. São itens de origem japonesa, inglesa, brasileira antiga, francesa, alemã, polonesa”, conclui. Aqueles que queiram conhecer de perto a coleção e carinho de Robert pelo segmento podem o fazer no Museu de Porcelana de Petrópolis, que fica na Av. Barão de Amazonas, 88.