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Equipe de restauro resgata pintura original do século XIX em um dos salões do Palácio Rio Negro

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Equipe de restauro resgata pintura original do século XIX em um dos salões do Palácio Rio Negro

Obra, muito provavelmente da década de 1890, retrata, entre outros aspectos, viagens e o dia a dia da sociedade da época

Fechado para visitação desde março de 2020, quando foi decretada a pandemia no município, o Palácio Rio Negro tem passado por sua primeira grande intervenção em 16 anos, quando foi entregue à União. E embora o imóvel ainda não tenha previsão para ser reaberto, o público já pode esperar por novos detalhes e histórias a serem admiradas: durante a decapagem e o restauro da chamada Sala do Café foram reveladas pinturas inéditas do final do século XIX, da época em que o palácio pertenceu ao Barão do Rio Negro.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis – Divulgação

De acordo com Pedro Fideles, historiador e coordenador do Museu do Palácio Rio Negro, embora a existência da pintura já fosse de conhecimento da gestão do prédio, foi somente em 2021, com a liberação de recursos por parte do Ministério Público Federal e da Justiça Federal que foi possível dar início à decapagem, restauro e fixação da pintura original. Para a surpresa de todos, a obra tem se revelado mais preservada do que se poderia esperar. “Ninguém tinha como prever a excelente qualidade e o estado de conservação da pintura que está sendo exposta”, aponta.

Fotos: Divulgação

Emergenciais, as intervenções pelas quais o palácio tem passado são parte de uma ação civil pública transitada em julgado na qual a União, proprietária do imóvel tombado, foi condenada a realizar uma restauração de todo o complexo. Segundo Pedro, em breve serão realizadas outras intervenções, maiores, que irão revitalizar todos os prédios do Rio Negro. Por enquanto, além das ações no salão, também têm sido promovidos reparos nos telhados e obras de contenção devido ao impacto das chuvas.

Em fevereiro, uma barreira vinda da Rua Miguel Detsi caiu na parte de trás do museu. Um trecho do muro foi danificado e o terreno atingido por lama e invadido por um carro. Houve, ainda, queda de árvores e a inundação da propriedade. Felizmente, a água não causou danos ao acervo e nem à estrutura do palácio. “O período pós chuvas foi de muito trabalho para avaliar, limpar e nos recuperar, mas conseguimos limpar tudo e reparar praticamente todos os danos materiais”, diz Pedro.

Hoje, atuam no projeto da Sala do Café do Rio Negro os integrantes da Imperial Cia. de Restauro, composta por Luciana Lopes e Poliana Reis – especialistas em Conservação e Restauro, bem como os auxiliares Jonathan Lopes e Jose Luiz L. Matias. De acordo com Luciana, emoção e entusiasmo têm sido palavras determinantes no dia a dia da equipe que, a cada nova pintura, se sente mais próxima de completar um quebra-cabeça. A responsabilidade é grande e a alegria em desvendá-lo maior ainda.

“No decorrer do tempo a sala recebeu várias camadas de repintura conforme o seus usos e as necessidades de dado momento, como também as incidências dos desgastes do tempo. Com o avanço das metodologias de restauro pode-se perceber a preciosidade das pinturas murais decorativas das paredes da sala, barrado e o forro em estuque ornado, dando sentido a fineza da arte produzida ali na última década do século XIX”, descreve a especialista em Conservação e Restauro, que divide, ainda, algumas das descobertas e análises realizadas até agora.

Fotos: Divulgação

“O que observamos nas pinturas, muito provavelmente datadas da década de 1890, é o trabalho acadêmico de um artista que tem o conhecimento ímpar e a perfeição nos detalhes da obra em si. Vemos imitações de madeiras nacionais e europeias: tanto nos tons quanto nos encaixes; paisagens de natureza que refletem lugares e viagens, a composição de sala de jantar e o dia a dia da sociedade da época”. Para Luciana, restaurar a pintura representa um gesto de compromisso e responsabilidade com o artista que a idealizou, bem como com as gerações futuras.

“Esta também é a minha história como descente dos artífices que aqui chegaram para construir nossa cidade e a colonizar Petrópolis deixando em nós a consciência da herança a ser preservada! Um trabalho como esse significa preservar, dar continuidade e semear novos conhecimentos”, conclui.

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