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A história por trás da foto: de volta à época do rink de patinação do Marowil

História

A história por trás da foto: de volta à época do rink de patinação do Marowil

As doces lembranças e as divertidas estripulias de um patinador da década de 50 em Petrópolis

No lugar dos carros, as ruas eram habitadas sobretudo pela juventude, suas brincadeiras e amizades. E na Praça da Liberdade, o coração da cidade, pulsava a animação em torno da arte de se equilibrar sob patins. Na terceira edição da série de reportagens A história por trás da foto, conheça divertidas lembranças de um veranista que, na década de 50, se rendeu aos encantos da prática no Marowil.

Foto: Gerson Villela Souto

Engenheiro civil aposentado, o carioca Gerson Villela Souto, de 85 anos, tem viva na memória a primeira vez em que pisou no Marowil. Modesto na estrutura, o espaço não precisava de muito para atrair e reunir a garotada da época. Com uma pequena construção onde eram alugados os patins, o restante do ambiente era palco para as moças e rapazes se entregarem às brincadeiras.

Gerson tinha 14 anos quando viveu suas primeiras férias escolares em Petrópolis. Era julho de 1951 e, no Marowil, ele encontrou um ambiente para se apaixonar. Local de paquera, uma vez que era lá que os grupos se reuniam, o empreendimento era também ponto de partida para uma paixão maior ainda: a patinação. A princípio um “mau patinador”, o carioca praticou até que pudesse fazer suas “presepadas”.

Na imagem, Gerson é o segundo da esquerda para a direita. Foto: Arquivo pessoal Gerson

“O pessoal achava o máximo. Essa presepada é uma espécie de freada que no gelo fazem muito. Eu ficava só nas rodinhas de trás de cada pé e jogava o corpo para trás. O pessoal achava isso o máximo”. Esporte que lhe rendeu algumas de suas lembranças favoritas da juventude, foi graças à patinação que o aposentado fez amizades que duraram toda uma vida.

Habituados a chegarem ao Marowil às 10 horas da manhã, ele e sua turma patinavam até o horário do almoço. Depois de feita a refeição, o grupo ia ao cinema e, à noite, voltava a patinar. “Mesmo quem não patinava ia lá para assistir”, aponta Gerson. Aliás, foi motivado por um dos filmes assistidos que ele e seus amigos decidiram se reunir depois que passados 10 anos.

Foto: Gerson Villela Souto

“Nesse filme com o Gene Kelly alguns expedicionários da Segunda Guerra marcavam um encontro para 10 anos depois e decidimos fazer a mesma coisa. Pegamos um papel, cada um assinou, levou uma cópia e nos reunimos uma década depois. Fizemos não só esse, mas encontros depois de 20, 36, 40 e 50 anos!”. Nesse último, já aos 72 anos de idade, Gerson se orgulha em contar que ainda se rendeu a suas presepadas e arrancou sorrisos e risadas na pista.

Foto: Arquivo pessoal Gerson

Realizados religiosamente no Marowil, as reuniões colocaram à prova a amizade da turma, que sempre se manteve unida, e a paixão pela patinação – também resistente ao tempo. Hoje em menor número, para quem viveu as aventuras daquela época, a memória ainda é habitada por muitas lembranças. Algumas delas, aliás, registradas em foto pelo próprio Gerson, que na época fora presenteado com uma Rolleiflex pelo irmão.

O encontro dos 40 anos da turma. Foto: Arquivo pessoal Gerson

“Eu vivia fotografando. Quase não aparecia nas fotos porque estava sempre fotografando os outros”. Sinônimo de brincadeiras, boas recordações e laços duradouros, o Marowil também foi o responsável por criar apelidos. Rei do Rink, Gerson gostava de ensinar os mais jovens e, numa dessas lições, foi perguntado sobre qual era o seu nome. Com bom humor, respondeu ser o Rei do Rink.

Afastado das pistas, Gerson continua, porém, a patinar pelas lembranças daquela época e a encantar com suas presepadas e divertidas histórias. Essas sim, eternas.

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