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Petrópolis ganha memorial em homenagem às vítimas da Covid-19

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Petrópolis ganha memorial em homenagem às vítimas da Covid-19

Profissionais da saúde, músicos, aposentados, avós, pais, filhos e irmãos: ação busca representar e humanizar as mais de 1.550 vítimas da doença na cidade

Petrópolis ganhou nesta semana um memorial em homenagem às vítimas da covid-19. O painel de 39 metros quadrados está situado na área externa do Ciep Cecília Meireles, em Corrêas.

As fotos são de profissionais da saúde, músicos, aposentados, avós, pais, filhos e irmãos. O objetivo da ação é representar e humanizar as 1.556 vítimas do novo coronavírus no município.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

Em cada rosto presente no memorial está uma história de amor e afeto, de pessoas que deixaram saudade, mas que estão eternizadas na memória de cada ente querido e amigo.

“Esse memorial, de certa forma, é um alento para os amigos e familiares que não puderam se despedir daqueles que se foram, vítimas da Covid -19. Não nos foi possível a despedida, mas através de alguns aqui representados, conseguimos/podemos homenageá-los”, disse a família Saldanha ao ver a foto de José Alves Saldanha Filho estampada no painel.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

Suelen Constâncio, irmã do músico Marcelinho, de 36 anos, também se emocionou e conta que a iniciativa acalentou o coração.

“Ele nunca será esquecido, pois sua alegria era tão contagiante que sempre que lembramos dele, lembramos de algo feliz. Poder homenageá-lo dessa forma só reforça o quanto ele e todas as vítimas da covid -19 tinham um papel importante em nossas vidas”, afirma.

Para cada rosto, uma memória

As fotos são acompanhadas de frases com lembranças daquilo que cada um gostava de fazer. O Padre Veraldo, de 57 anos, por exemplo, amava ler e tocar violão, além de ser um torcedor fanático do Flamengo.

Já a enfermeira, Vilma Anesclar,  de 44 anos, dedicou sua vida para salvar outras vidas. “Ela foi um exemplo de mãe, profissional e pessoa”, disse o marido, Manoel Vicente.

Outro rosto estampado no mural é o de Guilherme Ribas Chechen, de apenas 26 anos. Segundo a família, ele amava karaokê, estar com a esposa, os amigos e com sua gatinha.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

O amor pela família também era marca registrada de Alexandro José da Silva Raimundo, Glória Durães Ferreira, Vera Regina e Dulcineia Braga Teixeira.

Enquanto Luciane Omatsu era conhecida por sua luz e por fazer o bem, o casal Solange e Alcenir deixam entre as memórias as viagens que gostavam de fazer e os encontros de casais que participavam.

Sobre o memorial

O memorial surgiu da necessidade de buscar uma maneira em que as mortes por covid-19 em Petrópolis não sejam esquecidas pela sociedade, mostrando que as 1.556 vítimas eram pessoas que estavam construindo uma história, que foi interrompida ao se depararem com o novo coronavírus.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

A ação é uma iniciativa da Firma Criadores, Rodrigo CB e Sou Petrópolis, com parceria do Ciep Cecília Meireles, Duetto’s Bistrô e Café e da ADR Andaimes.

O publicitário, Jhony Müller, da Firma Criadores, lembra que, assim como em todo o mundo, a pandemia teve um impacto super significativo na cidade.

“Por meio desse painel quisemos criar uma mensagem reflexiva para a comunidade escolar e todas as pessoas que passam pela Estrada União e Indústria, para que possamos olhar e não esquecer esse período histórico que estamos inseridos. Criar um memorial para lembrar dos que se foram é manter a história viva para as famílias e para todos nós, enquanto sociedade”, diz.

Já Luísa Abreu, editora da Sou Petrópolis, revela que ouvir o depoimento de tantas pessoas, durante todo o processo de construção do memorial, fez lembrar que por trás dos números existem histórias, lembranças e sonhos de quem não pôde realizá-los.

“Espero que o painel sirva de alento e consolo a todos que perderam alguém para a Covid-19 nos últimos dois anos”, afirma.

A execução do projeto

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

Desde a concepção até a inauguração do memorial foram sete meses de trabalho, que envolveu publicitários, jornalistas e grafiteiro.

A primeira fase compreendeu o contato com os parentes das vítimas, em seguida a parceria com a escola e, depois, a idealização do projeto. Após a impressão das fotos, foi a hora de colocar a mão na massa. O painel foi todo feito com técnicas de lambe-lambe e grafite.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

Um dos envolvidos na hora de tirar o projeto do papel foi o publicitário Paulo Lima. Ele conta que ficou muito feliz em participar desse processo e, em cada detalhe, teve em mente a reflexão que o memorial traz.

“Enquanto preparava os cartazes, senti uma carga emocional muito grande, imaginando o legado que cada uma dessas pessoas deixou. E é essa a mensagem que eu espero que o painel transmita, que a saudade vai existir, mas que possamos nos lembrar dos momentos alegres que vivemos e aprendizados que tivemos”, destaca.

Já o grafiteiro, Rodrigo CB, foi responsável por levar sua arte para o painel. Ele disse que a ação provocou um misto de sentimentos.

“Ao mesmo tempo em que sentia um aperto no peito ao ver as fotos das pessoas que nos deixaram e imaginar a tristeza de seus familiares, também consegui sentir alegria e satisfação por ver uma equipe tão dedicada em cuidar de cada detalhe do painel. Que o sorriso das pessoas que partiram, seja a lembrança maior em nossa memória para suportar a saudade”, afirma.

Função social

Adriano Fecher, diretor do Ciep Cecília Meireles, acredita que o memorial cumpre uma importante função social da escola na comunidade.

Foto: Arquivo Sou Petrópolis

“Além da bela homenagem aos familiares das pessoas que foram vítimas da Covid-19, abraçar esse projeto, de certa forma, foi natural para escola, porque aqui os professores durante o processo de aprendizagem estão preocupados de fato com a formação cidadã e protagonista dos estudantes, e sempre exercendo a criticidade responsável e construtiva”, conclui.

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