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Relembre a época em que meninas não podiam estudar com meninos em Petrópolis

História

Relembre a época em que meninas não podiam estudar com meninos em Petrópolis

Da época em que as meninas eram educadas no Palácio Imperial!

Hoje impensável para muitos, no século XIX o que mais existiam no Brasil eram escolas single sex em que o ensino misto estava longe de ser uma opção. Em Petrópolis, um exemplo clássico de instituição que empregava essa metodologia era o Colégio Notre Dame de Sion, que até no Palácio Imperial chegou a operar. Em parceria com o portal Petrópolis Sob Lentes – dedicado à preservação da memória do município – reunimos alguns fatos e curiosidades sobre essa época do ensino na cidade e no país.

Sexos distintos, currículos diferentes

De acordo com o Senado Federal, a primeira grande lei educacional do Brasil, de 1827, determinava que, nas “escolas de primeiras letras” do Império, meninos e meninas estudassem separados e tivessem currículos diferentes. Enquanto os rapazes aprendiam adição, subtração, multiplicação, divisão, números decimais, frações, proporções e geometria, as garotas não podiam ver nada além das quatro operações básicas. Na época, o senador Visconde de Cayru chegou a afirmar: “Não sejamos excêntricos e singulares. Deus deu barbas ao homem, não à mulher”.

Foto: Arquivo Nacional

Congregações religiosas francesas se dedicavam ao ensino das meninas

Segundo informações extraídas do almanaque “Memórias da Educação em Petrópolis”, emitido pelo Museu Imperial, foi a partir da criação daquela lei de 1827, que garantia os estudos elementares a meninas, que as famílias brasileiras passaram a se preocupar com a educação escolar das mulheres. As escolas eram poucas e de baixa qualidade, então aqueles que tinham melhores condições financeiras optavam por enviá-las para estudar nos conventos de Paris, na França. Em determinado momento, contudo, percebeu-se que seria mais prático e econômico trazer da França professores ou instituições francesas que se estabelecessem no Brasil. Daí a vinda do Sion pra cá.

Colégio Notre Dame de Sion era referência em Petrópolis e fora dela

Com o fim da Monarquia, em 1889, e o exílio da família imperial na Europa, o Palácio Imperial de Petrópolis fechou as portas – temporariamente – até que fosse reaberto em 1892, enquanto colégio! Pois é, sem a família imperial na cidade a ideia foi alugar a construção para as freiras do Colégio Notre Dame de Sion, que lá permaneceram por 15 anos. Famosa por seu ensino rigoroso, a instituição se tornou conhecida e procurada por famílias da cidade e de fora dela. No sistema de internato, as filhas de famílias da Corte e de outras partes do país eram entregues aos educandários para “se tornarem mães e esposas exemplares, professoras e até religiosas da própria Congregação”.

Foto: Acervo Museu Imperial

Meninas precisavam de indicação para serem aceitas no colégio

Ainda segundo informações extraídas do almanaque emitido pelo Museu Imperial sobre a educação em Petrópolis no passado, as alunas do Sion eram aceitas no colégio através de indicações de famílias conhecidas na cidade. Assim, era costume uma ex-aluna ou pessoa influente no meio social ou político, fazer a apresentação da candidata. Na época, o Sion também levava em consideração a origem e a religião da família da menina. Filhas de pais separados e de artistas, por exemplo, não costumavam ser bem vistas pelas freiras e costumavam ser impedidas de frequentar o colégio.

Foto: Acervo Museu Imperial

Currículo incluía quase 30 disciplinas

No Colégio Notre Dame de Sion, as aulas tinham aulas de Português e Literatura Portuguesa; Inglês, Francês, Latim e Literatura Estrangeira; História Geral e do Brasil; História da Arte, da Música, das Ciências, da Filosofia e da Igreja; Biologia; História Natural; Zoologia; Mineralogia; Geografia; Matemática, Geometria, Álgebra e Trigonometria; Física e Química. Além dessas disciplinas, as meninas também tinham aulas de Desenho, Música, Pintura, Ginástica e Prendas do Lar. A princípio, o colégio não contratava professores do sexo masculino, mas diante da dificuldade que era encontrar quem desse aulas de Química, Física e Biologia, os homens começaram a dar aulas no Sion – sempre acompanhados de uma irmão da congregação.

Foto: Acervo Museu Imperial

Mudança de sede

Em 1907, o Colégio Notre Dame de Sion foi transferido para o novo prédio da instituição, na Rua Benjamin Constant. O colégio funcionou ali até 1968, quando a Universidade Católica de Petrópolis se instalou em suas dependências.

Foto: Acervo Museu Imperial

Leia também: Você sabia que o Palácio Imperial de Petrópolis nem sempre foi rosa?

Além do Colégio Notre Dame de Sion, quais outros colégios da cidade você se lembra de terem sido ou serem dedicados exclusivamente a meninas? Conta pra gente nos comentários =)

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