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[Personalidades Petropolitanas] Conheça a história e a obra do Padre Francisco: o italiano que cativou Petrópolis

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[Personalidades Petropolitanas] Conheça a história e a obra do Padre Francisco: o italiano que cativou Petrópolis

Por 30 anos ele foi pároco da Paróquia Santo Antônio, no Alto da Serra, onde permaneceu até 2015

O quanto um olhar é capaz de transmitir? No caso do Padre Francisco Montemezzo, é através de seus olhos que se viu refletida uma vida de doação ao próximo, simplicidade, carinho e cuidado. Natural da Itália, mas residente de Petrópolis há mais de quatro décadas, de tanto que se dedicou à cidade, há tempos o Padre Francisco se tornou parte não apenas da trajetória dela, mas, principalmente, de quem a habita. Ele faleceu nesta quinta-feira (06/05), no Hospital SMH, onde estava internado, aos 83 anos.

Na sétima edição da série #PersonalidadesPetropolitanas, você conhece a vida, a obra e o legado de quem se mostrou sinônimo de presença.

Foto: Divulgação

Foi em 1975 que Padre Francisco, nascido na região da Bastia, a 20 km de Pádua, na Itália, chegou à Paróquia de São José do Itamarati, em Petrópolis. Introdução de um novo capítulo de sua história, aquele dia 26 de abril representou seu primeiro passo na cidade que, rapidamente, viria a lhe acolher e a se transformar junto dele. É o que explica o Padre Thiago de Freitas, de 37 anos. Nascido e criado no Itamarati, ele detalha a relação de carinho e admiração que desenvolveu por aquele que, mais do que responsável por batizá-lo, se tornou um grande amigo e conselheiro.

“Se eu perseverei foi porque Deus se utilizou dele como instrumento”. Hoje à frente da Paróquia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, na Raiz da Serra, foi na figura de Padre Francisco que Padre Thiago sempre se inspirou fosse na época de seminarista, no ato de se doar a quem precisa ou, simplesmente, na tomada de decisões. Presente em sua vida e também na de sua família, o petropolitano explica que foi graças ao trabalho desenvolvido por Padre Francisco no Itamarati que seus pais, irmãos e ele próprio, se viram mais conectados e próximos do divino.

Foto: Divulgação

“No tempo em que ele foi pároco no Itamarati ele trabalhou no processo de conversão dos meus pais. Ele plantou uma semente na nossa família. Eu me tornei padre, minha irmã Gisele é assistente social na Mitra, meu cunhado Marquinho é diácono permanente, meu pai Odemir é Ministro da Eucaristia, minha mãe Lúcia se dedica ao acolhimento de padres e seminaristas, e meu irmão Anderson, que chegou a ser coroinha, também nutre uma grande admiração pelo Padre Francisco. Ele costuma dizer que igual a ele não tem”.

Nove anos depois de ter chegado ao Itamarati, o italiano de coração caridoso, semblante leve e espírito iluminado foi transferido para a Paróquia Santo Antônio, no Alto da Serra, onde permaneceu por 30 anos, até 2015. E foi na comunidade que a família do Padre Thiago o levou para ser batizado. Afinal, a distância geográfica em nada diminuiu os laços construídos com Padre Francisco que, tempos depois, ensinaria ao petropolitano os primeiros passos do sacerdócio e o acompanharia no Seminário Diocesano, enquanto confessor e diretor espiritual.

Sempre à disposição para aconselhar e, principalmente, fornecer ajuda aos carentes e doentes, o Padre Francisco se tornou sinônimo de luz por onde passou. Tendo residido no Equador enquanto missionário, um dos principais aprendizados do italiano foi a importância de, verdadeiramente, pertencer e conhecer uma comunidade para entender como ajudá-la. Durante quase 10 anos na comunidade indígena, aprendeu a língua quíchua, dos incas, promoveu eventos para se conectar com os índios e construiu capelas e escolas.

“Ele sempre nos contava histórias da vida dele, e uma delas era a missão para o Equador. Menos de um ano depois dele ter sido ordenado, ele falou com o Bispo sobre a vontade dele de ser missionário. E aí ele compartilhava com a gente a experiência dele lá, a construção de capelas, a organização de campeonatos de futebol para aproximar as famílias da igreja. Ele sempre foi testemunho de simplicidade pra gente”, conta. Tendo sofrido um AVC em outubro passado, o Padre Francisco esteve internado no Hospital SMH, “evangelizando apenas com seu sorriso”.

Homenagem

Foi o que, em abril, comentou o Bispo Dom Gregório sobre o estado de saúde do Padre Francisco que, inclusive, foi homenageado no mesmo mês com a inauguração do “Espaço de Acolhida Padre Francisco Montemezzo”. O local, que leva seu nome, vai atender, no Alto da Serra, aqueles que vierem a Petrópolis para dar início a tratamentos contra o câncer e a hemodiálise.

Foto: Divulgação

Na pandemia

Chegando a ler quase 10 livros por semana durante a quarentena, o Padre Francisco, como aponta o Padre Thiago, cumpriu a pandemia de forma obediente. Em determinado momento é que deu um jeitinho de retomar “as estripulias” a que estava acostumado e que, dificilmente, abriria mão, como, numa saída ao banco, aproveitar para levar uma cesta básica, uma ajuda em dinheiro ou um cobertor a quem precisava. Segundo de quatro irmãos, conta-se que, desde pequeno, ele dizia ao padre da comunidade que queria ser como ele.

Foto: Divulgação

E Padre Francisco não mediu esforços para o fazer! Ainda criança, andava 2 km para frequentar a missa da manhã, que acontecia antes mesmo de sua rotina escolar. Em seguida, ele voltava para casa, ia para o colégio, e à tarde retornava para a igreja, para o catecismo. E os anos seguintes não foram diferentes. Com a família sempre presente, foi enviado ao seminário e teve os estudos custeados pela mãe, que decidiu criar dezenas de coelhos que, depois de crescidos, eram vendidos.

Sinônimo de doação ao próximo, simplicidade, carinho e cuidado, o Padre Francisco Montemezzo foi prova de que, às vezes, um olhar transmite a essência de toda uma vida.

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