Dezembro Verde: psicóloga lista benefícios do convívio com animais na melhora da saúde mental das pessoas
A psicóloga petropolitana Flávia Gonzalez explica que a relação pode ter função terapêutica, mas, principalmente, educativa do ponto de vista emocional
Momento em que se conscientiza sobre o abandono e os maus-tratos aos animais, “Dezembro Verde” é, também, período para se valorizar ainda mais a companhia do “amigo bicho”. Pensando nisso, a psicóloga Flávia Gonzalez aponta alguns dos benefícios que o convívio com animais pode provocar na saúde mental. Como ela bem aponta, a relação pode ter função terapêutica, mas, principalmente, uma função educativa do ponto de vista emocional.
A profissional relata a importância do cuidado com a própria escolha de ter ou não um animal. Segundo ela, todos os aspectos devem ser analisados para que essa relação seja saudável e responsável. Decidir ter um animal somente porque ele pode trazer benefícios terapêuticos não é a melhor opção. Isso depende muito mais da pessoa (da sua disponibilidade afetiva e da sua relação com a responsabilidade) do que do animal em si.
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Quando se fala em função educativa do ponto de vista emocional, Flávia explica que estamos nos referindo à disponibilidade prévia de lidar com situações novas e aprender com elas. Nesse aspecto, ainda de acordo com a psicóloga, se você deseja e pode ter um animal de estimação, essa relação pode trazer um enorme desenvolvimento do senso de responsabilidade, da empatia, da relação com a frustração, do luto, entre outros.
A psicóloga destaca alguns benefícios que essa relação pode provocar. São eles:
1) Empatia
Quando temos um animal de estimação, saímos da posição central de nossas vidas em alguns momentos. Ou seja, temos que fazer coisas que não são para a gente e em momentos que não gostaríamos, como passear num dia em que estamos cansados, por exemplo. Essa experiência de colocar outro ser num local de prioridade, juntamente com o laço afetivo que criamos com ele, nos ajuda a desenvolver melhor a nossa capacidade empática, pois conseguimos entender melhor o outro quando entendemos que não somos sempre o mais importante.
2) Responsabilidade
Ter um animal é uma excelente experiência de responsabilidade, afinal somos os responsáveis pela alimentação, higiene, gastos financeiros, saúde e qualidade de vida deles. A experiência de responsabilidade nos ajuda a enfrentar melhor as situações adversas, pois criamos um repertório de situações anteriores em que fomos responsáveis por resolver as coisas e percebemos, portanto, que fomos e somos capazes.
3) Frustração
Um animal de estimação é um ser vivo e único, portanto, ao nos depararmos com a singularidade de cada ser, somos obrigados a trabalhar as frustrações relacionadas às expectativas e fantasias que criamos.
4) Luto
A vida da maioria dos animais de estimação é consideravelmente mais curta do que a nossa. Por isso, ao virarmos tutores, nos deparamos com situações de doença, envelhecimento e morte. Apesar de ser uma experiência difícil, ela é inerente à vida e nos mostra a importância da elaboração do processo de luto.
5) Crianças e animais
Essa relação pode ser muito rica do ponto de vista emocional e educativo. No entanto, isso só ocorre se ao adulto estiver claro que ele é o responsável pelo animal, e não a criança. Quando um adulto cuida com responsabilidade, carinho, afeto e dedicação de um animal, ele está ensinando a importância de cada uma dessas coisas para a criança e enriquecendo as habilidades sociais dela. É claro que as crianças podem ter responsabilidades no cuidado dos animais, mas somente algumas e com a supervisão do adulto. Assim, a relação entre amar e cuidar é transmitida. Acreditar que criança pode ser a tutora de um animal é irreal e irresponsável com os dois (animais e crianças).