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Conheça a história de um professor petropolitano que é exemplo e admiração para os alunos

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Conheça a história de um professor petropolitano que é exemplo e admiração para os alunos

O professor de Educação Física Evandro Luís descobriu no universo lúdico a forma de divertir e motivar as crianças e adolescentes, apesar do isolamento social.

O quadro deu lugar ao monitor do computador, o giz ao teclado e as salas de aula à casa dos alunos. Já faz mais de seis meses que a rotina de professores e estudantes mudou drasticamente por conta da pandemia da Covid-19. E é nesse contexto de novas ferramentas e reinvenção que a história do petropolitano Evandro Luís de Souza, de 36 anos, serve de inspiração e homenagem a todos os educadores neste Dia dos Professores.

Foto Arquivo Pessoal Evandro Luís de Souza

Evandro é professor de Educação Física de três escolas de Petrópolis, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Mas além de ensinar o esporte, ele se desafia todos os dias a formar seres humanos melhores. É através dessa premissa que são elaboradas as suas aulas.

Pai de três crianças pequenas, o professor comenta que a educação que dá aos filhos é a mesma que leva até as salas de aula, sem distinções. “Eu trato os alunos do jeito que eu trato os meus filhos. Quando preciso ser um pouco mais rígido eu sou, mas quando tem que dar carinho, dou todo o apoio e afeto do mundo”, conta.

Família do professor Evandro – Foto Arquivo Pessoal

De aluno a professor

A história do Evandro na licenciatura se confunde com a sua vida enquanto aluno. O desejo pela profissão veio através da admiração por um professor de Educação Física, durante 5ª série do Ensino Fundamental. Desde então, ele tinha certeza de que seu futuro seria dando aula.

“Sempre quis ser professor, mas o desejo pela profissão surgiu quando tive minha primeira aula de Educação Física, na 5ª série, com um professor chamado Waldir. A primeira aula dele foi fantástica e quando eu cheguei em casa disse para os meus pais que queria ser professor para ser igual a ele. No ano seguinte ele saiu do colégio e entrou outro professor no lugar dele. A aula desse segundo professor era boa, mas não se comparava à aula do Waldir. As aulas eram só sobre futsal e eu nunca tive o menor domínio para jogar esse esporte. Voltando da escola, cheguei em casa falando para os meus pais que eu queria ser professor para não ser igual àquele segundo professor”, comenta brincando.

Foto Arquivo Pessoal Evandro Luís de Souza

O ano de 2004, quando estava no 3º período da faculdade de Educação Física, foi de muitas incertezas e Evandro estava a ponto de desistir da profissão. Ele começou a fazer estágio, tanto em academias como em escolas, mas não encontrava motivação com o lado fitness que o trabalho estava o levando.

Até que no início de 2005, ele começou a fazer um curso no Rio e conheceu uma pessoa que foi a divisora de águas na sua carreira profissional: Alfredo Melhem. Esse professor e escritor tinha uma coletânea de livros chamada “Brincando e Aprendendo”.

“Foi ele que abriu minha mente. Eu já acreditava que a brincadeira era a melhor forma de aprender, então mergulhei no universo infantil e me descobri, mas até conseguir passar isso para os pais — isso há 15 anos atrás — foi muito desafiador, porque existe uma cultura muito forte no país do futebol, então a criança para praticar esporte tinha que jogar futebol”, comenta.

Foto Arquivo Pessoal Evandro Luís de Souza

Hoje quem conhece o trabalho que Evandro faz com os alunos fica encantado com a forma lúdica e didática que o professor ensina.

“Eu não gosto de ficar preso aos ‘quatro cavaleiros do apocalipse’: handebol, basquete, futsal e vôlei. A Educação Física é muito mais do que isso. Eu gosto de levar para eles outras ferramentas. Por exemplo, tenho alunos que não tem, assim como eu quando era criança, aptidão para jogar futebol. Então para eles, gosto de proporcionar dias de brincadeiras. Quando as crianças estão se divertindo, a falta de habilidade não fica tão evidente e, principalmente, ela não é excludente”, explica.

Foto Arquivo Pessoal Evandro Luís de Souza

De acordo com o profissional, o próprio esporte pode acabar dividindo as pessoas entre os que sabem jogar e os que não sabem. A forma que ele encontrou de unir todos os alunos foi através da diversão e do universo lúdico, levando diferentes modalidades, como capoeira, jiu-jtsu e até zumba para as escolas, a fim dos próprios alunos terem a oportunidade de descobrirem seus gostos e interesses.

“Já tive caso de uma aluna que nunca gostou de fazer educação física, mas gostava de atuar, então, a partir dela, eu comecei a levar teatro para outras escolas que eu trabalho. Nessa ocasião, fizemos uma peça de teatro e ela fez tudo nesse projeto. Ela coordenou, fez os figurinos, o roteiro e hoje em dia ela trabalha no Tablado, no Rio de Janeiro. Posso dizer que essa foi uma das minhas maiores vitórias como professor, de poder ter proporcionado uma experiência na vida de uma aluna que levou isso adiante na profissão dela”, revela.

Os desafios de dar aula em tempos de pandemia

Se controlar toda a energia das crianças nas aulas de Educação Física já era difícil presencialmente, no ambiente online essa tarefa se torna ainda mais desafiadora. Manter a atenção presa das crianças e adolescentes não é fácil com tantas outras distrações dentro de casa, e, para isso, Evandro precisou se reinventar mais uma vez.

“O maior desafio das aulas online é manter os alunos motivados. É uma loucura. Eu bato na mesa, eu grito, conto histórias, faço aventuras, onde precisamos usar as mochilas para atravessas lagos, montanhas e matas, encaramos índios, onças, monstros e várias outras coisas para trabalhar com o imaginário dos alunos”, conta.

Foto Arquivo Pessoal Evandro Luís de Souza

Apesar das adversidades, o professor acredita que a volta às aulas presenciais vai ser melhor do que quando foram suspensas, em março desse ano. “Quando nós voltarmos, vamos ser pessoas mais tolerantes, mais compreensivas e muito mais atenciosas do que éramos antes”, comenta.

Mensagem de professor para professor

Neste dia 15 de outubro, quando é comemorado o Dia dos Professores, Evandro deixa o exemplo da empatia com seus alunos e uma mensagem de agradecimento e reconhecimento aos educadores, que são formadores de todas as outras profissões.

“A gente não pode olhar para o aluno sendo só uma tábua rasa. Os alunos são muito mais do que isso. Costumo dizer que nós somos um quebra-cabeça e se uma peça estiver faltando, ele nunca vai estar completo. Então quando nós estamos em uma turma, todos ali são importantes da mesma forma”.

“E a todos os professores: continuem, continuem, continuem. A estrada é muito longa e a gente vai pavimentá-la ao longo do nosso trabalho. Em certos momentos vamos precisar nos desconectar completamente para poder olhar um pouco para dentro de nós, mas nada é mais recompensador do que o olhar de agradecimento de um aluno. Não há dinheiro no mundo que pague isso”, finaliza.

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