Morador de Petrópolis fica 40 dias internado com a Covid-19 e tem alta um dia antes do aniversário da filha
Demis Norberto conta como foi a luta contra o coronavírus até o dia da alta hospitalar.
Quando Demis Norberto, de 45 anos, deu entrada no Hospital Santa Teresa para levar a esposa, que estava com febre alta, não imaginava que dois dias depois era ele quem voltaria ao local para ficar internado. Mesmo sem suspeitarem, o casal e a filha, de 12 anos, fizeram o exame para a Covid-19 e os três testaram positivo.
Foto Arquivo Pessoal Mônica Pavone
A petropolitana Mônica Pavone e a filha Mallu tiveram sintomas leves, com perda de olfato e paladar. No dia 5 de junho, Demis apresentou uma febre baixa e resolveu voltar ao hospital, onde fez uma tomografia e foi surpreendido com o resultado: seu pulmão estava com 25% a 50% de inflamação devido ao coronavírus.
Sem perceber o avanço da doença, pois não estava com falta de ar nem outro sintoma grave, o estado de saúde dele foi piorando e ele precisou ser internado. “Me internei no dia 5 de junho no CTI e fui piorando sem me dar conta. Três dias depois fiz uma nova tomografia que constatou comprometimento de mais de 70% do meu pulmão. Dali fui direto para a UTI”, lembra o executivo de vendas.
Desde que entrou no hospital, o mineiro, que escolheu Petrópolis para morar, ficou 40 dias internado e se tornou um caso grave. “Tive medo de morrer quando fui para a UTI. Tinha conversado com o meu pai antes e ele me disse que eu ficaria em coma, e isso me deu um susto muito grande, porque nunca tinha passado por isso antes”, conta.
Longe fisicamente, mas perto espiritualmente
Enquanto Demis estava sedado lutando contra a doença, a sua esposa, amigos e familiares criaram uma corrente positiva nas redes sociais para dar força para ele. Embora não pudessem estar juntos, todos os dias Mônica o via através de vídeo chamada, inclusive quando ele estava desacordado e entubado na UTI. Mesmo quando faltava ar, nunca faltou esperança. “Quando tive o comunicado de que ele estava na UTI fiquei sem chão. Um sentimento inexplicável, muito triste. Chorei todos os dias, mas mantive a fé sempre”, lembra Mônica.
Foto Arquivo Pessoal Mônica Pavone
A família conta que em um dos 40 dias de internação, Demis teve uma reação surpreendente ao ouvir o nome da filha em uma vídeo chamada. Apesar de entubado e desacordado, o coração dele disparou quando escutou o nome da Mallu, que pedia para que o pai conseguisse sair do hospital até o dia do aniversário dela. “Durante esses 40 dias de internação eu não percebia nada que acontecia no plano físico, minha experiência foi espiritual, mesmo eu tendo respondido a alguns estímulos”, disse.
Se Demis estava escutando ou não, fato é que o quadro dele começou a melhorar e no dia 3 de julho ele acordou. “Apesar de ainda estar muito sedado, quando acordei eu estava com uma energia muito grande de viver”, lembra. A partir daí o corpo dele começou a responder às medicações e no dia 15 de julho, um dia antes do aniversário da filha, ele teve alta, o que emocionou toda a equipe médica do HST. “Todos os médicos e enfermeiros foram muito atenciosos comigo e salvaram a minha vida”, conta.
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40 dias de luta, muitas dúvidas e uma certeza
Após 40 dias lutando contra a Covid-19, ainda ficam algumas dúvidas e uma certeza. Demis ainda não sabe como contraiu a doença, pois ele e a família estavam tomando todos os cuidados e trabalhando de casa, mas precisaram ir ao Rio um dia e suspeitam que tenha sido aí que foram contaminados. Fugindo das estatísticas, Demis não tinha comorbidades e levava uma vida saudável, o que o levou a crer que cada caso tem suas particularidades. “Cada caso é um caso. Minha esposa tem a mesma faixa etária que eu e teve uma reação completamente diferente. Cada um trava uma batalha”, disse.
Foto Arquivo Pessoal Mônica Pavone
Sem nenhuma sequela da doença, Demis tem certeza que o carinho e a esperança que a família e amigos depositaram nele foram essenciais para a sua recuperação. E para os petropolitanos, ele ainda deixou um recado: “Tentem não passar por isso para descobrir o quanto essa doença é perigosa e traiçoeira. Hoje está havendo uma falsa conclusão de que a doença já está sob controle, e não está. Quem pode, se isole e tome todas as medidas preventivas”, concluiu.
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