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[Personalidades Petropolitanas] Conheça a história de quem vende pipoca há 36 anos em Petrópolis

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[Personalidades Petropolitanas] Conheça a história de quem vende pipoca há 36 anos em Petrópolis

Por quase quatro décadas a família trabalha no mesmo endereço, bem ao lado do Theatro D. Pedro

Modesta no tamanho, a barraquinha de venda de pipoca ao lado do Theatro D. Pedro é imensurável quando se trata das histórias que guarda e do carinho tido pelo público. Há 36 anos no mesmo endereço, o negócio é comandado em família e hoje já atende a terceira geração de clientes. Nesta edição da série de Personalidades Petropolitanas, conheça o legado construído por quem contribui com o patrimônio local a partir do paladar.

Foto: Carolina Freitas

O começo da Pipoca D. Pedro remete ao ano de 1987, quando Irineu José do Nascimento deu início à venda no local. Até o início da pandemia, ele ainda trabalhava na carrocinha, mas devido ao isolamento social decidiu se aposentar e transferir a gestão do negócio para o filho, Anderson Vinicio do Nascimento, de 43 anos. Hoje, é ele quem administra o negócio da família junto da esposa Leisi da Silva Troyack, de 40 anos.

Parte do dia a dia da cidade, Anderson e Leisi contribuem para a eternização de memórias envoltas por manteiga e generosidade. “Os clientes mais antigos relembram a época em que saíam da escola e iam comer uma pipoquinha. Segundo eles, isso remete a lembranças felizes da infância. Muitos comentam que não tinham dinheiro para comprar, mas ainda assim sempre ganhavam uma mãozinha”, diz o casal.

Ambiente em que a simplicidade rege o paladar, a carrocinha é prova de que a fórmula para o sucesso pode ser simples. Com ou sem casca, a pipoca é a estrela da casa e, entre turistas, às vezes chega a ser confundida com castanha de caju. Afinal, dizem mesmo que Petrópolis é uma das poucas cidades em que a pipoca sem casca constitui uma importante parte do comércio de rua.

Foto: Carolina Freitas

E não é só ela que chama atenção. Entre os fatores que caracterizam a Pipoca D. Pedro está o rigoroso padrão de limpeza seguido. “Comecei aos 13 anos de idade. Eu cursava o oitavo ano de manhã e à tarde ajudava meu pai na carrocinha. Hoje o que mais me deixa feliz é quando um cliente comenta sobre o nosso cuidado com limpeza e higiene. Meu pai sempre frisou que estivesse tudo limpo e brilhando”, destaca Anderson.

Desafios, persistência e companheirismo

Forte elo com a infância de quem a consome, a pipoca preparada com carinho ao lado do Theatro D. Pedro exerce um importante papel na memória afetiva da clientela. E ainda que Anderson e Leisi não tenham se conhecido por intermédio dela, o negócio contribuiu para fortalecer o companheirismo nos negócios e na vida. A convivência é grande e, por incrível que pareça, remete a um período em que a dupla nem sonhava em se relacionar.

Foto: Carolina Freitas

“Nossas famílias tinham contato desde a infância, mas nos aproximamos na adolescência, nos apaixonamos e nisso já se passaram 23 anos”. Diagnosticado em 2020 com Diabetes do tipo LADA – autoimune desenvolvido na vida adulta, Anderson precisou redefinir sua rotina, e Leisi tem sido fundamental nesse processo. Dos cuidados com a alimentação ao apoio no trabalho, o casal é exemplo no âmbito profissional e pessoal.

Desafiadora, a tarefa de trabalhar na rua e ser dependente da insulina foi facilitada pela rede de amigos construída ao longo dos anos. “Eles sempre ajudam como podem. Um doa espaço na geladeira para armazenar a insulina, o outro fica de olho na barraquinha enquanto faço a aplicação, cedem o banheiro e assim vamos levando”, exprime Anderson com gratidão.

Fonte de simpatia e boas conversas, a carrocinha de pipoca, sobretudo após a tragédia, é a soma de quem se relaciona com ela. Embora, naquela época, a enchente não tenha levado a sede de trabalho da família, 15 dias após a tragédia a estrutura foi arrombada e os danos ainda piores do que no dia da chuva. Em 20 de março de 2022, as perdas foram menores, mas ainda assim o casal demorou a retomar as atividades por causa do estado das ruas.

“Nossa reserva financeira estava baixa, então vendemos alguns pertences pessoais para nos mantermos. Foi muito difícil, mas graças a Deus fomos nos reerguendo. No dia da limpeza, uma mãe e seu filho gentilmente nos levaram um lanche. Não sabemos os nomes deles, mas ficamos muito felizes e agradecidos”. Fácil de localizar na rua, a Pipoca D. Pedro é, por outro lado, daquelas difíceis de se encontrar por ainda prezar pelo atendimento afetuoso.

Iniciada pelo Sr. Irineu, que chegou a ser homenageado com uma moção honrosa pela Câmara Municipal pelos serviços prestados à comunidade, a carrocinha de pipoca do Theatro D. Pedro é ambiente de famílias e de quem quer passear por lembranças através do paladar e de uma boa conversa com os proprietários. O casal mantém um perfil no Instagram e, aqueles que desejarem, podem seguir o perfil em @pipocasdpedro

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