Carinho que atravessa fronteiras: animais e famílias removidas de áreas de risco mantém contato diário
Trabalho conduzido por voluntários do GRAD busca amenizar momento vivido pelas famílias desabrigadas através do contato com seus animais mantidos no abrigo temporário
Há duas semanas aquele carinho de bom dia, tarde e noite entre famílias e seus animais migrou, para muitos, do presencial para o online. Mas, apesar da distância, a essência permanece a mesma, seja através de chamadas de vídeo ou visitas presenciais. Vínculo esse comprovado pelos olhares emocionados de famílias removidas de áreas de risco e de seus cães e gatos, cujos miados ou latidos revelam um afeto que atravessa fronteiras.
Foto: Divulgação
Desde o dia da tragédia, Petrópolis recebeu a ajuda de grupos de voluntários de todo o Brasil que se comprometeram a amenizar a dor vivida pela cidade. Um deles é o Grupo de Resgate de Animais em Desastres. Responsável por resgatar e abrigar animais colocados em situação de vulnerabilidade por catástrofes, o GRAD atua desde as chuvas de 2011 na Região Serrana e, do dia 15/02 para cá, tem sido fundamental entre os peludos petropolitanos.
Com o apoio de médicos veterinários, biólogos, oceanógrafos, analistas de sistemas, administradores, zootecnistas, bombeiros civis, acadêmicos de medicina veterinária e auxiliares de várias partes do país, o grupo acolheu cerca de 80 animais – entre cães e gatos – pertencentes a famílias afetadas pelos deslizamentos em Petrópolis. Diariamente, os bichinhos são mantidos em contato com seus tutores, seja através de fotos, visitas ou chamadas de vídeo.
Enderson Barreto é médico veterinário e voluntário do GRAD desde o desastre em Brumadinho. Um dos atuantes em Petrópolis, ele fala sobre a dinâmica e satisfação do trabalho prestado, que tem início com o acolhimento, vacinação e medicação dos animais contra pulgas e carrapatos. Mantidos no abrigo até que as famílias possam se reestabelecer, os peludos são visitados por seus tutores seja pela internet ou pessoalmente.
“A gente busca formas de manter esse vínculo do animal com a pessoa para que eles sempre cultivem esse laço num momento tão frágil. A gente liga e dá notícias dos animais todos os dias. Para aqueles que querem visitar pessoalmente nós providenciamos transporte. É muito satisfatório. Principalmente a chamada de vídeo, ver o animal responder à voz da família e o tutor ver que ele está bem”, descreve Enderson.
Sem ter com quem deixar Marley, para o petropolitano Patrick Silva, de 19 anos, o abrigo oferecido pelo GRAD significou a diminuição de muitas preocupações em meio a um momento tão delicado. Esta semana ele visitou o amigo, o levou para passear e foi garantido de que pode voltar a visitá-lo sempre que quiser.
“Vi que ele estava sendo bem cuidado. Deram banho nele, o espaço é bom pra todos os animais que estão lá, e o pessoal trata todos super bem. Foi um grande alívio ver que ele está bem e seguro”, descreve Patrick. Mais informações sobre o trabalho prestado pelo Grupo de Resgate de Animais em Desastres pode ser obtido pelo site ou Instagram do projeto.
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