Tragédia na Região Serrana completa 10 anos; episódio é considerado o maior desastre climático do país
A região mais atingida pela tragédia de 2011 em Petrópolis foi a do Vale do Cuiabá, em Itaipava
11 de janeiro de 2011. Avassaladora, a chuva teria sido assustadora o suficiente de dia, mas, para piorar a situação, era noite. Nas horas seguintes, ecoava o som das sirenes e, mais alto do que elas, a dor de quem, mais do que a casa em que morava, havia perdido a família. Nesta segunda, completam-se 10 anos desde a tragédia que atingiu seis cidades da região serrana e levou mais de 900 vidas.
Maior desastre climático do país
Até 2011, o maior desastre climático do Brasil havia sido registrado em Caraguatatuba, São Paulo, em 1967. Na época, 436 pessoas morreram em decorrência de deslizamentos de terra. Há 10 anos, contudo, o cenário mudou: foram mais de 900 vidas perdidas em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e Bom Jardim. Só em Nova Friburgo foram mais de 420 mortos.
Foto de Nova Friburgo: Marino Azevedo/Governo do Estado RJ
Vale do Cuiabá teve mais de 10 km de destruição
A região mais atingida pela tragédia de 2011 em Petrópolis foi a do Vale do Cuiabá, em Itaipava. Segundo matéria veiculada pelo G1 no dia 12 de janeiro de 2011, o rastro de destruição era de mais de 10 km. Foram casas que se desprenderam das encostas ou que foram carregadas pela força da água. Como resultado do desastre, mais de 35 mil pessoas ficaram desalojadas nas seis cidades.
Foto: Bernardo Tabak/G1
Marcas também de união
Onde todo e qualquer ato de solidariedade se fez necessário e bem-vindo, junto da dor e da tristeza, a tragédia também foi sinônimo de compaixão e união. Em Petrópolis, menos de 48 horas após o desastre, a prefeitura já havia arrecadado 15 toneladas de alimentos não perecíveis, 5 mil litros de água, 10 toneladas de roupa, além de cerca de mil colchonetes, 3 mil rodos e 3 mil vassouras.
Presidente decretou luto oficial de três dias no país
Presidente, à época, Dilma Roussef sobrevoou as regiões afetadas pelas chuvas e decretou luto oficial de três dias pelo desastre no país. No Rio, o luto oficial foi de uma semana em homenagem às vítimas. Além de mensagens de apoio de dezenas de nações, o Brasil também foi amparado por Portugal, que decretou o dia 21 de janeiro como Dia de Luto Municipal com a colocação de bandeiras municipais a meia haste.
Foto de Teresópolis: Reprodução/Wikiwand
Ar vindo da Amazônia contribuiu para desastre
Segundo especialistas, as chuvas de 2011 na Serra foram agravadas pela chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul, que é quando o ar quente e úmido vindo da Amazônia gera nuvens carregadas no Sudeste. Na região serrana, as montanhas contribuíram para a formação de uma barreira que impediu a passagem das nuvens e concentrou a chuva numa única região. Só em Nova Friburgo, em 12 dias o volume foi 84% maior do que o previsto para todo o mês.
O auxílio às famílias uma década depois
Segundo reportagem publicada pelo Diário de Petrópolis em 13 de janeiro de 2020, nove anos após os eventos da tragédia, 1.050 famílias continuavam a receber o aluguel social na espera pela construção de conjuntos habitacionais. Mais do que moradia, a luta é por uma chance de recomeçar, ainda que se saiba que, depois daquele 11 de janeiro de 2011, algumas histórias deixaram de ser escritas, ainda que continuem a ser lembradas.
Foto de capa: Domingos Peixoto/O Globo
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