‘Distanciamento social não precisa ser emocional’, orienta psicóloga sobre a relação com os idosos durante a pandemia
Psicóloga de Petrópolis Flávia Gonzalez deu cinco dicas valiosas de como melhorar a relação entre a 3ª idade e seus familiares.
Integrantes do grupo de risco da Covid-19, os idosos são muito criticados por não estarem respeitando o isolamento social. A psicóloga Flávia Gonzalez, por sua vez, explica que os familiares precisam ter paciência com eles, por dois motivos: o aumento do sentimento de solidão durante a pandemia e a dificuldade em se distrair dentro de casa.
“A solidão na terceira idade já era uma realidade da maioria dos idosos, mas o distanciamento social acabou agravando ainda mais essa situação que é fonte de grande sofrimento emocional”, comenta a psicóloga.
Foto: Henry Kappaun
A dificuldade em se adaptar às novas tecnologias acaba agravando ainda mais esse cenário, pois para os idosos é mais difícil utilizar plataformas digitais e as demais ferramentas da internet. “O nosso lugar não deve ser o de crítico, mas sim o de facilitador”, explica Flávia.
Foto: Henry Kappaun
Pensando em facilitar a relação da terceira idade com as novas regras impostas pela pandemia, a psicóloga Flávia Gonzalez deu cinco dicas valiosas para orientar os familiares dos idosos.
1. Seja um facilitador
Esse é o momento de apresentar as novas tecnologias aos idosos e ensiná-los como utilizá-las. É claro que isso não é fácil e que a pessoa não vai se adaptar a todas as ferramentas, mas muito provavelmente alguma delas vai despertar o interesse dela, acredite. Apresente as mídias sociais, os aplicativos, ensine como funcionam e esteja pronto para dar o suporte necessário. Foque em assuntos que já são de interesse da pessoa, como um programa de culinária ou uma série sobre futebol, por exemplo.
2. Crie uma nova rotina
A rotina ajuda na organização mental e na regulação de funções como o sono e a fome. Provavelmente, o idoso tinha uma rotina antes da pandemia e tenta, a todo custo, mantê-la. É importante, portanto, criar uma nova rotina específica para esse momento. Assim, ele ficará mais organizado, menos entediado e menos ansioso.
3. Não infantilize o idosos
Há uma tendência em tratar o idoso como criança e isso só demonstra o nosso despreparo para lidar com eles. Idosos não são crianças e pedem uma abordagem diferente. Portanto, permita que a pessoa acompanhe as notícias, debata e construa a sua opinião sobre a pandemia. Muitas vezes temos a ideia errada de que devemos poupá-los do que está acontecendo, pois eles não irão entender. Essa medida, apesar de bem intencionada, aumenta a ansiedade e gera uma grande confusão mental.
O excesso de notícias não é bom, mas a ausência também não é. Permita que o idoso se informe e esteja aberto a debater e explicar o que for necessário. Caso ele se sinta triste ou preocupado, lembre-o de que estamos num momento de tristeza e preocupação, portanto, esses sentimentos são normais.
4. Atividades
Incentive os idosos a fazerem atividades em casa e forneça o material necessário. Essas atividades podem ser diversas, tais como: escrever um diário, fazer artesanato, fazer palavras cruzadas, bordar, cozinhar, entre outras. Hoje, nós temos uma série de jogos e livros de atividades feitos exclusivamente para a terceira idade, pesquise.
5. Rodízio familiar
O ideal é que os familiares, mesmo à distância, se revezem para que o idoso não se sinta abandonado. Então, converse com os demais membros da família e organizem um rodízio de ligações, chamadas de vídeos, visitas e envio de mensagens. Dessa forma, todos conseguem contribuir, mesmo com a rotina complicada da quarentena, e o idoso se sentirá menos sozinho.
“O momento é difícil, mas o distanciamento social não precisa ser emocional. Podendo inclusive possibilitar uma aproximação dos familiares e fortalecer os vínculos entre as gerações”, finaliza a psicóloga Flávia Gonzalez.
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