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Casa da Ipiranga fecha as portas ao público por falta de recursos

Turismo

Casa da Ipiranga fecha as portas ao público por falta de recursos

Nem o esplendor e a história encantadora da Casa da Ipiranga foram suficientes para manter suas portas abertas. Por falta de recursos, a Casa dos Sete Erros, como é conhecida pelos petropolitanos e turistas, encerra as atividades para o público.

Foto: Instagram @alanprovin

O casarão que já foi cenário de novelas, como “Esplendor” da TV Globo, agora deixa a saudade e a indignação de ter chegado a esse ponto, por falta de apoio e recursos. Para Celso Carvalho, diretor da casa, não houve parceria para a restauração do imóvel e para o incentivo à cultura. “Ainda estou muito abalado de ter que fechar as portas da casa por falta de apoio e de recursos”, ele lamenta.

Há cinco meses, postamos aqui algumas curiosidades sobre a Casa dos Sete Erros na série #CartõesPostais. Relembre um pouco dessa história encantadora:

1. Construção

Foram necessários cerca de 5 anos (1879 – 1884) para tirar o projeto do papel. Construída pelas mãos de colonos alemães com tijolos e telhas da Europa, a casa foi, principalmente, usada nos verões pela família do abolicionista e republicano José Tavares Guerra, “arquiteto por vocação”.

2. Pioneirismo

Tendo atravessado gerações, o que não faltam são mudanças testemunhadas e vivenciadas pela Casa da Ipiranga. Considerada a primeira casa da cidade a utilizar energia elétrica, o local abriga também o primeiro relógio de torre de Petrópolis: elemento que hoje dá charme ao restaurante Bordeaux, antiga estrebaria da propriedade.

Foto: Bruno Soares

3. Requinte

Salão Dourado

Localizado à direita da porta de entrada, o ambiente, revestido por cetim francês dourado, é o antigo salão de festas da casa e onde tomavam-se os coquetéis. Palco de comemorações, torna quase impossível não se sentir de volta ao século XIX.

Foto: Bruno Soares

Detalhe: o lustre que dá charme ao cômodo é a única réplica no Brasil da peça usada no Salão dos Espelhos, do Palácio de Versalhes. O item é feito em bronze e banhado em ouro, com cristal bacará. Aprecie sem moderação!

Salão Vermelho

Festa e música sempre andaram lado a lado e, na mansão em questão, não poderia ser diferente. Ao fundo do Salão Dourado está o Salão Vermelho. Como tudo na construção, devidamente pensado e interligado, constam, no topo das cortinas, alegorias que representam violas, partituras e clarinetas banhadas a ouro.

Foto: Bruno Soares

Pode-se afirmar que o salão é um espetáculo à parte. Harmonizado com um espelho de cristal belga, abriga, nada mais nada menos, do que papéis de parede feitos com pó de ouro.

Foto: Bruno Soares

Sala de Jantar

Revestida em madeira de jacarandá e hoje usada para concertos é, como aponta o compositor maranhense César Nascimento, um violão grande. Na verdade, todos os elementos que integram o espaço surpreendem por sua magnitude. Lá já foram realizadas cerca de três mil apresentações musicais.

Foto: Bruno Soares

4. Afrescos

Verdadeiras obras de arte, as pinturas que estampam as paredes do casarão impressionam por sua habilidade em contar histórias. No teto do Salão Vermelho, por exemplo, foi pintado um álbum das viagens preferidas feitas por José Tavares Guerra entre os anos de 1880 e 1890.

Obras de Carl Schäefer, que em 10 anos trabalhou em 200 pinturas da casa / Foto: Bruno Soares

Olhar os desenhos é como observar as estrelas e se deixar levar pela imaginação. Nele são retratados os Alpes Suíços, Bagdá (hoje Iraque), Argélia, Palestina, Índia e, nosso favorito, o Egito: onde José viu a esfinge ainda com nariz e com terra até o pescoço. Que viagem no tempo.

Foto: Bruno Soares

Outro destaque é o teto do fumoir, onde se fumava charuto, bem atrás da sala de jantar. Pintado pelo italiano Gustavo Dall’Ara, a obra retrata uma princesa árabe utilizando o narguile, instrumento usado para o fumo.

Foto: Bruno Soares

5. Simbolismos

De volta ao Salão Vermelho, vale destacar a presença de anjos e de ramos santos no entorno do álbum de viagens: retratados na intenção de abençoar e proteger a casa e quem anda por ela. No lustre do quarto também aparecem as figuras angelicais.

Foto: Bruno Soares

Considerado o lustre favorito de Celso Carvalho, bisneto do idealizador da casa, o candelabro que estampa a sala de jantar retrata tritões servindo os deuses. Incrível!

Foto: Bruno Soares

6. Luzes, câmera, ação

Rica nos detalhes e significados ocultos, a casa é destino certo quando se trata das telonas. Lá foram gravadas cenas das novelas “O direito de amar” (aquela em que Carlos Vereza interpretava o personagem Montserrat e aparecia na casa), “Era uma vez”, “Esplendor”; além de minisséries, clipes de música, shows, ensaios fotográficos e aí por diante!

7. O jardim

Elemento que dá o toque final à composição da obra, o jardim da Casa da Ipiranga é considerado, pelo Iphan, o único no Brasil em estado original. Ele foi desenvolvido pelo Auguste Glaziou, paisagista de Dom Pedro II, considerado, inclusive, o primeiro paisagista a usar a flora tropical brasileira. Mais uma curiosidade para a conta da edificação!

8. A assimetria

Por fim, mas certamente não menos importante, a pergunta que você, muito provavelmente já se fez: qual é a história por trás dos sete erros da casa? Como explica Celso Carvalho, seu bisavô se baseou na teoria do fotógrafo francês Louis Daguerre, que dizia que a beleza de um rosto existe devido à sua assimetria. Daí o lado esquerdo da fachada da casa ser diferente do outro.

Foto: Bruno Soares

Apesar do encerramento das atividades da Casa dos Sete Erros, o jardim e o restaurante Bordeaux continuam abertos ao público.

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