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Vídeo de agressão contra mulher chama atenção para a violência doméstica em Petrópolis

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Vídeo de agressão contra mulher chama atenção para a violência doméstica em Petrópolis

Vídeo, que já tem quase 800 mil visualizações, mobilizou uma onda de solidariedade e chamou atenção para a quantidade de mulheres que se identificaram com a cena de agressão

A noite de segunda-feira (16) foi marcada por comoção pelos petropolitanos que estavam nas redes sociais e se depararam com um vídeo difícil de assistir até o final. Maria Luiza usou o Instagram para expor a agressão sofrida por sua irmã. Apesar de ter sido gravado há dois anos, o vídeo não diminui a gravidade da violência sofrida pela vítima.

O conteúdo rapidamente ganhou repercussão nas redes: já ultrapassou 770 mil visualizações e mobilizou uma onda de solidariedade e uma rede de apoio entre mulheres que já passaram por situações semelhantes.

*Por conter imagens sensíveis, a Sou Petrópolis optou por não exibir o vídeo aqui, embora ele possa ser acessado no perfil de Maria Luiza.

Foto: reprodução redes sociais

Pedido de justiça

A gravação mostra momentos de violência que, segundo Maria Luiza, nunca haviam sido expostos por medo de expor o cunhado. Diante de repetidas agressões físicas e psicológicas, ela decidiu tornar o caso público em um ato de desabafo e pedido de justiça.

“Eu nunca imaginei que estaria fazendo essa postagem, expondo minha irmã e minhas sobrinhas. Mas diante de tanta repercussão e carinho que recebemos, publiquei o vídeo para que seja compartilhado e sirva de alerta para outras pessoas”, escreveu Maria Luiza na postagem do Instagram.

Ela relata que, por anos, a família permaneceu em silêncio, com medo de prejudicar a imagem do possível agressor. “Hoje decidi expor em um ato de desespero, de não aguentar mais ver minha irmã sentir medo de um cara totalmente desequilibrado, que só pensa em prejudicá-la e em ferir nossas famílias.”

Relacionamento abusivo

Em entrevista à Sou Petrópolis, Maria Luiza detalhou o histórico do relacionamento abusivo, que começou ainda no início do namoro de sua irmã, na adolescência. Foram 17 anos juntos, marcados por agressões físicas, verbais e psicológicas.

“O relacionamento deles nunca foi saudável. Eles se separaram e voltavam. Ele sempre afastou as amigas dela, era agressivo quando a via na rua, até com quem estivesse junto. Já jogou álcool nela ameaçando pôr fogo, bateu quando ela ainda estava grávida. Muita coisa que passou ela nunca contou pra gente. Esse vídeo que publiquei foi uma das últimas agressões, feita na frente das crianças”, contou.

Foto: Ilustrativa

Dependência emocional

Segundo a irmã da vítima, a dependência emocional e o medo de criar as filhas sozinha fizeram com que ela permanecesse por tanto tempo na relação. Mesmo após medidas protetivas da Lei Maria da Penha, o ciclo de violência se repetiu até a separação definitiva, em novembro de 2024.

No último sábado (14), ele voltou a aparecer na porta da ex-mulher, fora do dia previsto para visitar as filhas, o que motivou a decisão de Maria Luiza de divulgar o vídeo.

“A gente estava na casa dela socializando com algumas amigas. Do nada, ele apareceu lá agressivo, porque achou que ela estava namorando. Ele começou a falar um monte de coisa para a gente. Não satisfeito, no domingo, ele fez outro escândalo. Na segunda-feira, ele postou um monte de inverdades sobre a minha irmã nas redes sociais. Decidi dar um basta publicando o vídeo da agressão”, relata Maria Luiza.

A Sou Petrópolis entrou em contato com a Polícia Civil para saber como anda a investigação do caso, mas até o fechamento dessa matéria, não obteve resposta.

Sororidade e identificação

Após a publicação, centenas de mensagens chegaram à família. “Tem muita mulher falando que já passou pela mesma coisa. Eu nem consigo dar conta de responder. Muitas pessoas ofereceram ajuda psicológica para minha irmã e para as meninas, que vão precisar muito de acompanhamento agora”, disse Maria Luiza.

A vítima, segundo a irmã, está abalada e tem evitado falar com outras pessoas. A família busca apoio psicológico para ajudá-la a se recuperar.

“Agora a gente só espera a justiça e que ele pague por tudo que fez a minha irmã e sobrinhas. Entregamos na mão de Deus”, completou Maria Luiza.

Violência contra mulheres em Petrópolis

Os números reforçam que esse não é um caso isolado. O Dossiê Mulher 2024, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), mostra que em Petrópolis foram registradas 2.932 ocorrências de violência contra a mulher em 2022. Em 2023, o número caiu para 2.664, uma redução de 10%, mas que ainda revela uma média assustadora de mais de 7 mulheres vítimas por dia na cidade. Fora as que não prestaram queixa na polícia por medo.

Dados do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram) também mostram a dimensão da violência contra a mulher. De 3 de janeiro a 31 de agosto deste ano foram 694 atendimentos, sendo 227 novos casos e 467 acompanhamentos de mulheres em situação de violência.

A violência psicológica é a mais relatada, seguida da moral, depois a física, a patrimonial e a sexual.

Foto: divulgação PMP

Veja algumas das manifestações de agressividade que estão previstas na Lei Maria da Penha.

  • Violência Patrimonial: quando o parceiro quebra objetos de trabalho, bens, roupas, documentos ou o celular, que é, além de um bem, a possibilidade de pedir ajuda para a família, amigos ou polícia;
  • Violência Moral: está no âmbito dos xingamentos, da calúnia, da difamação, da injúria e da exposição;
  • Violência Psicológica: intimidar, constranger, manipular, perseguir, explorar, inferiorizar e fazer a outra pessoa se sentir louca;
  • Violência Sexual: para além da visão do estupro, que no imaginário acontece em uma rua escura com um desconhecido, a opressão sexual se manifesta em obrigar a mulher a fazer qualquer ato que ela não queira, tirar a camisinha no meio da relação sem o consentimento, obrigá-la a modalidades de sexo que ela não queira, obrigá-la a ter relações usando a desculpa de que é o dever dela como esposa, impedir que ela tome contraceptivo, dentre outras atitudes.

Onde pedir ajuda?

Em Petrópolis, o Centro de Referência em Atendimento à Mulher (CRAM) funciona na Rua Santos Dumont, número 100, em anexo ao Centro de Saúde Coletiva, onde o atendimento é feito às mulheres que buscarem ajuda.

Outro espaço que cuida de mulheres em situação de violência é a Sala Lilás, do Hospital Alcides Carneiro (HAC). Lá são atendidas as mulheres que sofreram agressões com o registro de ocorrência para o exame de corpo de delito.

Contatos para pedir ajuda contra violência à mulher

Polícia Militar – (24) 2291-4020

WhatsApp do CRAM – (24) 98839-7387

Centro de Referência em Atendimento à Mulher – (24) 2243-6152

Patrulha Maria da Penha – (24) 99229-2439

Sala Lilás – (24) 2246-8452

105ª DP – (24) 2291-0816/(24) 2291-0877

106ª DP – (24) 2222-7094/ (24) 2232-0135

Foto: Divulgação

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