7 de Setembro: quando toda a cidade parava para ver o desfile cívico de Petrópolis
Petropolitano fala das memórias vivas desse período
Por muito tempo, o 7 de Setembro em Petrópolis foi sinônimo de tradição, disciplina e respeito. A data, que hoje passa quase despercebida para muitos, já foi responsável por mobilizar escolas, instituições e famílias inteiras, reunindo a população nas ruas para acompanhar os desfiles. E o petropolitano Jorge Schanuel, de 79 anos, guarda memórias vivas desse período.
Assistência de alunas uniformizadas e um pelotão de banda de música. Foto: Museu Imperial/Ibram/Ministério da Cidadania/nº45/2019
Lembranças
Jorge conta que desfilou por diferentes instituições da cidade, entre elas o Colégio 25 de Março, na Silva Jardim, e a Escola Pública Sion, dirigida pelas freiras e ligada ao Colégio Aplicação. O que ele mais se recorda é do respeito que a população dedicava à data.
“Naquela época, os desfiles eram levados a sério. Desfilei entre os 10 e 12 anos. O que mais me chamava a atenção era o Exército e o Corpo de Bombeiros, que eram impecáveis. Havia um respeito muito grande por eles. Depois vinham as escolas tradicionais, como o Colégio Dom Pedro, o Cenip, o Werneck e o Liceu”, recorda.
Segundo ele, a cidade literalmente parava no 7 de Setembro. Conseguir um bom lugar para assistir era difícil, já que as ruas ficavam lotadas. “Era um respeito à Pátria. As famílias todas se reuniam para acompanhar”, lembra.
Preparo para data
O preparo começava semanas antes. Os alunos treinavam diariamente a postura em fila e a marcha, sempre ao som do Hino Nacional, que era cantado em todas as manhãs escolares. “Era obrigatório saber o Hino, respeitar a Bandeira. Éramos disciplinados a ter educação e respeito. Dentro das escolas não se escutava bagunça. Quem desobedecia podia ser suspenso por três dias, e os pais eram chamados pela direção”, relembra.
Coreto armado na Praça D. Pedro, onde vemos Dr. Alcindo Sodré, Mário Aloísio Cardoso de Miranda, Leão Teixeira e Nestor Ahrends; passando um pelotão de estudantes e militares. Foto: Museu Imperial/Ibram/Ministério da Cidadania/nº45/2019
Para ele, havia um sentimento de patriotismo mais forte naquela época, algo que se perdeu com o tempo. Jorge acredita que as mudanças no sistema de ensino e na forma de educar os alunos contribuíram para a queda da tradição cívica. “Hoje não existe desfile cívico. Antigamente, ao término do desfile, havia uma disciplina que infelizmente não se vê mais”, lamenta.
Apesar da crítica, suas memórias ajudam a entender como Petrópolis viveu intensamente os desfiles da Independência. Mais do que um ato simbólico, o 7 de Setembro representava união, civismo e disciplina — valores que marcaram uma geração inteira de estudantes e cidadãos petropolitanos.
Estudantes escoltando a Bandeira Nacional c, ao fundo, o outro lado o gradil do Museu Imperial. Foto: Museu Imperial/Ibram/Ministério da Cidadania/nº45/2019
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