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Petrópolis está entre as 15 cidades menos arborizadas do Brasil, aponta IBGE

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Petrópolis está entre as 15 cidades menos arborizadas do Brasil, aponta IBGE

Com apenas 22% das vias com árvores, município acende alerta sobre a qualidade do ambiente urbano e sobre a ausência de políticas públicas eficazes de planejamento e manejo da arborização urbana

Você sabia que apenas 22% das ruas de Petrópolis têm alguma arborização? O dado alarmante foi revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que colocou a cidade como a 12° menos arborizada urbana do Brasil em um levantamento feito com base no Censo Demográfico de 2022.

Foto: arquivo

Sobre a pesquisa

A pesquisa “Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios” analisou mais de 11 milhões de ruas em 5.568 municípios brasileiros, considerando como arborizadas as vias que possuem ao menos uma árvore com 1,7 metro de altura em frente às casas, no canteiro central ou no lado oposto da rua.

Enquanto a população de outras cidades vivem em ruas com 74% com alguma presença de verde, os petropolitanos estão com apenas 22%. O dado acende um alerta sobre os impactos disso na vida urbana — já que a arborização melhora o clima, a qualidade do ar, o bem-estar e até a mobilidade nas cidades.

Foto: arquivo Sou Petrópolis

Veja o ranking das 15 cidades menos arborizadas do Brasil:

1. Brusque (SC)

2. Barbacena (MG)

3. Tubarão (SC)

4. Alagoinhas (BA)

5. São Bento do Sul (SC)

6. Lavras (MG)

7. Florianópolis (SC)

8. São Luís (MA)

9. Cometá (PA)

10. Vitória de Santo Antão (PE)

11. Salvador (BA)

12. Petrópolis (RJ)

13. Angra dos Reis (RJ)

14. São João del Rei (MG)

15. Conselheiro Lafaiete (MG)

Fatores que influenciam os dados

Segundo a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Érika Pereira Machado, os números refletem a ausência de políticas públicas eficazes de planejamento e manejo da arborização urbana.

“Petrópolis nasceu com uma proposta urbanística que valorizava a preservação da natureza. O Plano Koeler, de 1846, já trazia essa preocupação, e a legislação urbana de 1900 ainda mantinha essas diretrizes. No entanto, ao longo das décadas, essas premissas foram se perdendo”, explica a professora. Ela aponta que o abandono se manifesta em ações rotineiras, como podas drásticas sem acompanhamento técnico, ausência de manutenção adequada — evidenciada pela grande quantidade de erva de passarinho nas árvores — e a falta de reposição vegetal quando as espécies completam seu ciclo de vida.

Entre 2017 e 2019, um grupo de seis egressos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCP, sob coordenação da Professora Danielle Inocencio, desenvolveu um Inventário Arbóreo em 16 vias do Centro Histórico, com o objetivo de subsidiar a elaboração de um Plano de Manejo. “Esse trabalho foi entregue ao Iphan, à Prefeitura e ao Ministério Público Federal, mas infelizmente não temos notícias de que tenha havido continuidade por parte do poder público”, lamenta Érika.

Para ela, os dados do IBGE escancaram um problema que vai além do relevo.  “A baixa arborização é resultado da falta de continuidade nas ações de planejamento urbano. Não é só plantar árvores — é preciso equipes técnicas, planejamento sério e manutenção adequada para garantir um ambiente urbano mais saudável e equilibrado”, conclui.

Para a especialista no assunto, Danielle Inocencio, a topografia e o relevo de Petrópolis influenciam diretamente na arborização urbana e impõem desafios importantes ao planejamento viário.

“A cidade cresceu de forma pouco planejada em muitas áreas, o que dificulta adequar o plantio de árvores às normas de acessibilidade, à largura das calçadas, ao conjunto meio-fio/sarjeta e ao sistema de drenagem, sem comprometer o trânsito ou reduzir faixas de circulação”.

Ela explica ainda que, por conta da topografia acidentada e da grande quantidade de ladeiras, a implantação de uma arborização em malha contínua – como ocorre em cidades mais planas e planejadas – se torna limitada.

“Em Petrópolis, é mais difícil estabelecer aquele padrão de arborização com espaçamentos regulares e sombreamento constante ao longo das vias públicas”, diz.

Foto: arquivo

Nova data no calendário pode ajudar a mudar o cenário

Na contramão desses números, um projeto de lei aprovado recentemente na Câmara Municipal quer dar um passo em direção à reversão desse quadro. De autoria do vereador Thiago Damaceno, a proposta institui o “Dia Municipal do Plantio de Árvores – Tempo de Plantar”, a ser celebrado todo primeiro domingo de dezembro.

A ideia é que a data seja incluída no calendário oficial do município e venha acompanhada de ações práticas: plantio de mudas em diferentes bairros, palestras, seminários e atividades de educação ambiental, com foco especial na recuperação da Mata Atlântica.

Hoje, restam apenas 29% da cobertura original da Mata Atlântica em todo o Brasil. A iniciativa do projeto busca não só aumentar a cobertura verde em Petrópolis, como também formar uma nova consciência ambiental, principalmente entre os jovens.

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