Mobilidade urbana ainda é um desafio em Petrópolis; veja o que vem sendo feito

Dados do Detran RJ revelam que Petrópolis bateu recorde de venda de veículos zero quilômetro em 2024. De janeiro a dezembro, foram emitidas cerca de 5,2 mil primeiras licenças, que é a documentação necessária após obter um novo automóvel. Este é o melhor número desde 2015, quando foram registradas 5,3 mil. Somente neste primeiros meses de 2025, já foram emitidas 1.294 primeiras licenças.

Foto: TV Prefeito

Em todo o estado do Rio de Janeiro, foram comprados 265.164 novos veículos, sendo Petrópolis o 8º da lista de municípios onde mais automóveis foram vendidos. Confira o ranking:

1° Rio de Janeiro – 121.023
2° Niterói – 12.327
3° Duque de Caxias – 12.043
4° São Gonçalo – 11.100
5° Nova Iguaçu – 9.493
6° Campos dos Goytacazes – 5.958
7° Macaé – 5.336
8° Petrópolis – 5.279
9° Belford Roxo – 4.810
10° São João de Meriti – 4.733

Mais carros, mais trânsito

Se a mobilidade urbana já era um desafio para Petrópolis, com o aumento da frota de carros, o problema do trânsito só se agravou. Ruas estreitas, congestionamentos frequentes e transporte público insuficiente para atender à população são as principais reclamações dos petropolitanos. Tudo isso acende um alerta para a necessidade urgente de planejamento e investimento em soluções viárias sustentáveis.

Alvo dos maiores congestionamentos, Itaipava voltou a ser motivo de preocupação após acidentes serem registrados na via devido à falta de sinalização e de infraestrutura de segurança na Estrada União e Indústria.

“A situação é urgente. Já tivemos vários incidentes graves ao longo da Estrada União e Indústria, e a falta de medidas concretas para melhorar a segurança viária está colocando vidas em risco diariamente. Precisamos de ação imediata para evitar novos casos”, diz Alexandre Plantz, presidente da Associação Unidos por Itaipava UNITA.

Foto: Divulgação/Setranspetro

Outra reivindicação da UNITA é quanto a qualidade das pontes em rodovias federais. Tanto que a população está sendo convocada para participar da consulta pública aberta pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A iniciativa permite que cidadãos relatem problemas estruturais, como rachaduras, iluminação precária, largura insuficiente e sinalização deficiente. As informações coletadas serão usadas pelo TCU para fiscalizar a gestão da manutenção dessas estruturas, cobrando providências dos órgãos responsáveis.

“A Ponte do Arranha-Céu é um exemplo claro do descaso com a infraestrutura viária. Há anos, entidades longevas vem alertando para a necessidade de investimentos e modernização, mas seguimos sem uma solução definitiva. Essa consulta pública é uma oportunidade para que cada cidadão manifeste sua preocupação e exija ações das autoridades competentes”, afirma Alexandre.

Foto: divulgação UNITA

A UNITA reforça que é preciso agir com urgência para evitar novas tragédias e garantir que motoristas e pedestres possam circular pela região com segurança.

“Não adianta apenas pintar faixas ou colocar placas. É necessário, infelizmente, medidas mais ofensivas. Muitos motoristas desrespeitam as regras de trânsito, e sem fiscalização eficaz e barreiras físicas que dificultem essas infrações, os acidentes continuarão acontecendo”, pontua Fabrício Santos, secretário da UNITA.

Ligação Bingen-Quitandinha seria uma solução na mobilidade urbana?

Estudos realizados em 2011 indicam que a ligação entre Bingen e Quitandinha pode desviar 30% do fluxo de veículos que acessam o Centro Histórico, sendo as duas principais entradas para a cidade. Com a conclusão da ligação, estima-se uma redução de 18 mil veículos no acesso ao Centro Histórico, número que pode ser ainda maior considerando o crescimento da frota ao longo dos anos.

A conexão entre os bairros, uma reivindicação de mais de 80 anos, se torna ainda mais crucial à medida que a cidade vê crescer a quantidade de veículos nas ruas.

Em março de 2024, um novo projeto havia sido elaborado para a sua execução a partir de alterações feitas no planejamento inicial. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), as exigências foram feitas pela Concer, concessionária que administra a via.

As adequações foram executadas pela secretaria estadual de Transportes e aguarda o aval da ANTT, a quem cabe a fiscalização da rodovia, para que uma nova licitação fosse realizada e para a escolha da empresa responsável pela intervenção.

Foto: Divulgação

O que vem sendo feito pelo governo municipal para melhorar a mobilidade na cidade

A Prefeitura de Petrópolis tem colocado em prática uma série de medidas para melhorar a mobilidade urbana e a segurança viária no município. Por meio da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), novas estratégias e intervenções estão sendo implementadas em diferentes regiões da cidade com foco na fluidez do tráfego, redução de acidentes e incentivo aos modais ativos, como bicicletas e deslocamentos a pé.

Foto: Arquivos Sou Petrópolis

Criação da Comissão de Segurança Viária e Mobilidade Urbana

Uma das iniciativas de maior destaque foi a criação da Comissão de Segurança Viária e Mobilidade Urbana (CSVMob), anunciada no dia 6 de março. O grupo será responsável por formular propostas e promover ações para garantir a circulação segura de pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas nas vias públicas da cidade.

“A gente já vem estudando esse cenário há alguns anos. Em 2021 chegamos a fazer esse levantamento de propostas que estimulem as pessoas a deixarem outros modais de lado e buscarem fazer deslocamentos curtos à pé. Quem mora em áreas próximas ao local de trabalho conseguir fazer esse deslocamento de forma segura. Um dos projetos prevê a criação de ciclovias”, destacou o presidente da CPTrans, Luciano Moreira.

A meta é reduzir em pelo menos 50% as mortes de pedestres, ciclistas e motociclistas até 2030, além de aumentar em 20% a participação de bicicletas e pedestres nos deslocamentos urbanos. A comissão será composta por representantes da CPTrans, prefeitura, forças de segurança, órgãos de saúde, educação e entidades civis.

“Esse planejamento de mobilidade urbana segue as diretrizes do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (2021 a 2030), instituído pela lei federal e regulamentado pelo CONTRAN. Seguindo ainda o nosso plano de mobilidade aqui de Petrópolis, o que a gente pretende é criar soluções para uma cidade que vê sua frota de veículos crescer a cada ano. Principalmente no sentido de reduzir as mortes no trânsito”, ressaltou o prefeito Hingo Hammes.

Intervenções físicas

Outra frente de ação da CPTrans são as intervenções físicas em pontos estratégicos da cidade. No distrito de Itaipava, por exemplo, foram instalados limitadores de altura na ponte do Arranha-Céu, com o objetivo de restringir a passagem de veículos pesados e preservar a estrutura da ponte que liga à BR-040.

“Essa é uma ação necessária para garantir a segurança de quem trafega diariamente no trecho, acessando tanto a estrada União e Indústria quanto a BR-040. Isso para preservar a estrutura da ponte, enquanto as intervenções são definidas pela concessionária”, explicou Luciano.

A obra de duplicação da ponte faz parte do Plano de Exploração da Rodovia (PER), que integra o processo de concessão da BR-040. A expectativa é que a restrição ajude a reduzir os congestionamentos em horários de pico no distrito.

Foto: divulgação PMP

Em outra região da cidade, no bairro Quitandinha, a prefeitura decidiu manter de forma definitiva o binário de trânsito entre as ruas General Rondon e Pedro Américo, medida inicialmente testada em março.

“O período de testes foi bem-sucedido. Nos mostrou que a medida foi acertada, reduzindo o impacto no trânsito na região. Um impacto sentido também na rua Coronel Veiga. No sentido bairros, os congestionamentos que se formavam já a partir da Eurokraft diminuíram significativamente, deixando inclusive de ter retenções em alguns pontos, tornando a volta para casa bem melhor”, avaliou o presidente da CPTrans.

O binário funcionará nos dias úteis, sempre das 17h às 19h, com orientação de agentes e sinalização adequada.

Mudanças no trânsito do Bingen

Outra intervenção recente foi realizada no bairro Bingen. No trecho em frente ao Lojão 17, a CPTrans proibiu o retorno pela ponte, obrigando os motoristas a seguir por mais 150 metros até um retorno anterior à rua Dr. Paulo Hervê.

“A medida vem se mostrando positiva, assim como a da General Rondon. Porém, nesse período de obras na rua Dr. Paulo Hervê, vamos interromper a operação para reduzir o impacto do trânsito na região. Já que no ponto da obra da rua Dr. Paulo Hervê já há um estreitamento da via”, informou Luciano Moreira.

Foto: divulgação PMP

Educação, fiscalização e metas a longo prazo

Além das obras e mudanças viárias, o município informou que pretende intensificar as ações de educação no trânsito e a fiscalização de estacionamento irregular. A Prefeitura planeja ainda realizar audiências públicas para apresentar à sociedade os resultados e novas propostas discutidas nas reuniões da Comissão de Mobilidade.

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