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Saiba como proteger pessoas com autismo e animais dos fogos na virada do ano

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Saiba como proteger pessoas com autismo e animais dos fogos na virada do ano

Em Petrópolis, a soltura de fogos de artifício barulhentos é proibida por lei e o descumprimento pode ser denunciado

Com a chegada das festas de fim de ano, o brilho dos fogos de artifício traz alegria para muitos, mas representa um grande desafio para os tutores de animais e para pessoas com transtorno do espectro autista. O barulho, proibido por lei, pode causar medo, estresse e até problemas de saúde para ambos os grupos. Por isso, especialistas de Petrópolis alertam sobre a importância de medidas preventivas para garantir o bem-estar deles, desde o preparo do ambiente até o uso de técnicas que os acalmem durante a celebração.

Foto: divulgação

Segundo a médica veterinária Priscila Mesiano, da Clínica Amigo Bicho, em Petrópolis, os animais possuem capacidade auditiva muito superior à nossa. Por isso, sentem tanto incômodo com artefatos utilizados nas celebrações.

“Cães, gatos e até silvestres sofrem com o problema, mas enquanto gatos ficam quietinhos, cachorros começam a tremer, ficam nervosos e procuram um lugar para se esconder”, avalia.

Não deixar o animal sozinho

Priscila orienta aos tutores sempre estar presente junto aos animais domésticos e manter um som ambiente na virada do ano.

“Além de evitar utilizar os artefatos e permanecer com os animais no interior da residência, é importante não confirmar o medo do peludo, digo, se o responsável percebe o sentimento no animal, não deve acariciá-lo neste momento”, ressalta a profissional

Identificação

Outra orientação da especialista é que os responsáveis deixem nome e telefone em plaquinhas de identificação ou até mesmo escrito a caneta nas coleiras de cães e gatos, pois a agitação causada pelos fogos, somada ao entra e sai das visitas, costuma ser grande motivo de fugas. Também é fundamental não deixá-los acorrentados, pois podem se enforcar, provocando a morte do animal.

Sonora sistemática

Outra técnica que pode ser utilizada é a de dessensibilização sonora sistemática. Segundo a veterinária, consiste em trabalhar com um aplicativo de celular que simula estampidos de fogos e uma caixinha de som via Bluetooth.

“Aos poucos e gradativamente, coloca-se o barulho perto dos cães do nível um ao nível 10, sendo a cada dois dias um nível, variando também os tipos de fogos. Ao fazer o exercício, observar se o animal está se acostumando ou não e aí vai se limitar ou não o volume do aplicativo. A dica é importante para dessensibilizar o animal diante destes sons. Além disso, é fácil e não há custos extras”.

Foto: divulgação

Evitar aglomeração de animais

Infelizmente, existem casos que o sofrimento do animal é tão extremo que eles podem vir a óbito, não só por ferimento, brigas e enforcamento, como também por parada cardíaca. Por isso, Priscila ressalta ainda a adoção de outros hábitos para proteger os animais.

“Evitar a aglomeração de muitos animais é importante, pois eles podem brigar pelo estresse e levar a graves consequências. Colocar o animal em cômodo seguro, com portas e janelas fechadas. Se possível colocar rádio ou TV ligada em programação calma. Existem também playlists no Spotify e canais no Youtube com horas de músicas dedicadas apenas a relaxar cães e gatos. Deixar o ambiente em meia luz. Dar alimentação leve, para evitar distúrbios estomacais. Colocar cobertores ou edredons nas portas e janelas para abafar o som dos fogos. Se o animal permitir, colocar algodão nos ouvidos. No caso de aves, cobrir as gaiolas. Para gatos, procurar promover esconderijos seguros, como caixas de papelão, guarda-roupas”.

Funções relaxantes

Para amenizar o estresse, encontra-se em pet shop, difusores de odores sintéticos e rações com funções relaxantes. Além disso, também é possível ministrar florais para medo, ansiolíticos ou fitoterápicos.

“Ainda há tempo de proteger o animal ao realizar um tratamento, começando dias antes do evento, por meio de uma avaliação clínica para indicar o melhor medicamento”, alerta Priscila, acrescentando ser válido procurar um especialista em comportamento animal, como adestradores, caso a ansiedade ou o medo sejam crônicos. A médica veterinária complementa.

“Quando o animal tem muita fobia e fica muito ansioso, a gente receita medicação contínua para evitar acidentes”, esclarece.

Ausência dos tutores

No caso de pessoas que precisam estar ausentes, o recomendado é separar os animais com temperamento dominante, desde que não seja em ambientes com portas de vidro e objetos cortantes à disposição, como a cozinha, por exemplo, já que o animal acuado e agitado pode se debater contra a porta ou fazer algo cair, provocando ferimentos. Se a pessoa for viajar com o animal, é preciso atentar para o Código de Trânsito Brasileiro que obriga o uso de cadeirinhas, cintos de segurança e caixa de transporte para os animais.

“A hipertermia – excesso de calor – também é preocupante e deve ser evitada, não deixando o animal trancado no veículo ou em local com pouca ventilação. Em caso de viagens para a região dos lagos, os animais devem se prevenir contra o verme do coração, transmitido pelo mosquito palha, muito comum em localidades litorâneas, podendo utilizar medicamento específico uma vez ao ano ou outras formas de prevenção, ficando a critério do médico veterinário a melhor alternativa para cada situação.”

Foto: divulgação

Como proteger pessoas com autismo durante os fogos de artifício

Os fogos de artifício, comuns em celebrações, podem ser uma experiência desafiadora para pessoas com autismo, devido à hipersensibilidade sensorial. A psicóloga Jussara Porto dá dicas importantes para minimizar o impacto e garantir mais conforto e segurança durante esses momentos.

Foto: reprodução internet

Procure um local tranquilo

A primeira medida é encontrar um lugar mais calmo e silencioso, onde o som e a luz dos fogos sejam menos intensos. Isso ajuda a reduzir a exposição direta ao estímulo sensorial.

Invista em equipamentos de proteção sensorial

Abafadores de ruído ou fones de ouvido são ótimos aliados para diminuir o impacto sonoro. Além disso, óculos de sol ou viseiras podem ajudar a minimizar o desconforto causado pelas luzes, já que muitas pessoas com autismo também possuem hipersensibilidade visual.

Explique o que vai acontecer

Criar previsibilidade é fundamental.

“Explicar sobre o horário e a duração dos fogos ajuda a preparar a pessoa. O uso de recursos como histórias, desenhos ou vídeos pode tornar o momento mais compreensível e menos assustador”, orienta Jussara.

Foto: divulgação

Identifique sinais de desconforto

Mudanças de comportamento, como tapar os ouvidos, chorar, irritabilidade ou explosões emocionais, são indicativos de sofrimento. Nesses casos, acolha e respeite os limites da pessoa.

“Se a pessoa quiser se ausentar, permita. Nunca force ou minimize o desconforto”, alerta a psicóloga.

Crie um ambiente seguro

Estar em um espaço acolhedor é essencial para evitar a sobrecarga sensorial, que pode desencadear crises emocionais intensas.

“Proporcionar conforto e segurança deve ser a prioridade durante os fogos. Com acolhimento e preparação, é possível reduzir os impactos e tornar esse momento mais tranquilo para as pessoas com autismo e suas famílias”, explica a psicologa Jussara Porto.

Vale lembrar: soltar fogos com ruído é crime

Soltar fogos de artifício com estampido (barulhentos) é proibido em Petrópolis, conforme a Lei Municipal nº 8.250/2021, sancionada em junho de 2021. A legislação visa proteger idosos, pessoas com deficiência, crianças, animais e indivíduos com transtorno do espectro autista, que podem ser sensíveis ao barulho causado pelos fogos.

Foto Reprodução

A lei permite apenas o uso de fogos silenciosos, que são aqueles que produzem efeitos visuais, mas sem o estampido característico. A fiscalização é realizada por órgãos municipais, como a Guarda Civil e a Secretaria de Meio Ambiente, e o descumprimento pode resultar em multas ou outras penalidades.

Saiba como fazer denúncias

A multa pelo descumprimento pode variar entre R$ 130 e R$ 26 mil, a depender da gravidade. Denúncias podem ser recebidas pelos números 2246-9257 e 153.  

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