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Petropolitana Maitê Padilha participa do filme ‘Ainda Estou Aqui’ cotado para disputar o Oscar 2025

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Petropolitana Maitê Padilha participa do filme ‘Ainda Estou Aqui’ cotado para disputar o Oscar 2025

A atriz interpreta Cristina. Confira a entrevista exclusiva da Sou Petrópolis

A atriz petropolitana Maitê Padilha está no elenco do filme ‘Ainda Estou Aqui’, como Cristina. A trama conta a história de Eunice Paiva, mãe do escritor, que é interpretada por Fernanda Torres e por Fernanda Montenegro, e como ela ajudou a redefinir também a história do Brasil.

Em entrevista à Sou Petrópolis, a atriz contou como foi ser escalada para o filme que foi ovacionado por 10 minutos após sua exibição no tradicional Festival de Veneza, na Itália, e sobre os bastidores de gravação.

Foto: reprodução instagram @maite_padilha

Sou Petrópolis: Como surgiu o convite para participar do filme “Ainda Estou Aqui”?

Maite Padilha: Na verdade, eu fiz três testes num período de seleção até integrar o elenco do filme. Foi uma self-tape e dois testes presenciais. Lembro que fui, ao longo do processo, descobrindo que era o novo filme do Walter Salles e fiquei muito emocionada de estar participando, mesmo que apenas de um processo seletivo, sem nem saber se estaria no filme ou não.

SP: O que chamou a sua atenção no roteiro e no papel?

MP: Acho que tudo. É uma história muito impactante que aconteceu de verdade com uma família, principalmente com essa mulher que foi Eunice Paiva, durante a ditadura militar, e que acompanhou essa história pelo resto da vida. Acho que temáticas familiares sempre me agradaram muito também. É um filme que fala muito sobre a resiliência de uma família durante um período tão absurdo da nossa história. A história escrita por Rubens Paiva é muito corajosa e cheia de uma força que é imensamente gentil. Acho que isso é muito difícil de derrubar.

SP: Qual foi a sua primeira reação ao saber que trabalharia nesse projeto?

MP: Um misto de coisas. Uma alegria imensa porque acho que é um daqueles momentos na vida em que a gente pensa: ‘Que loucura, de verdade nunca pensei que chegaria num lugar desses na minha carreira’. Ao mesmo tempo, um nervosismo enorme. Acho que, se todo ator tem um tanto de síndrome do impostor, nesse momento ela fica muito latente (risos). Eu queria muito estar lá e me sentir confiante e segura de estar no meio daquelas pessoas. É difícil, mas é lindo. Foi maravilhoso sentir pessoas tão talentosas e tão fascinadas pelo trabalho dentro de um set. Acho que me sentia fascinada de poder ver de perto o fascínio que a Fernanda Torres, o Walter Salles, o Selton Mello e todo o elenco tinham no set. Para mim, tinha algo mágico nisso. Eu me sentia pertencente a algo genuinamente importante e maior que eu, e isso era muito gratificante.

Foto: reprodução instagram @maite_padilha

SP: Você teve algum tipo de preparação especial, como workshops ou estudo de temas específicos relacionados ao filme?

MP: Eu li bastante sobre a época e sobre a família. Tivemos algumas preparações e ensaios com a Amanda (que era nossa preparadora) e com a equipe para ensaiar as cenas. Além disso, eu e as meninas tínhamos aulas de vôlei e balé, apesar de eu e a Bárbara, que faz a Nalu, não jogarmos vôlei nem dançarmos balé no filme. Mas acho que foi maravilhoso para nos entrosarmos e passarmos tempo juntas. Isso era incrível também: existia um cuidado e um investimento muito grande em todos do elenco, independentemente do tamanho da participação.

SP: Quais foram os maiores desafios durante as filmagens?

MP: Acho que o maior desafio era lidar com o meu próprio nervosismo, na verdade. Não tenho uma participação muito grande no filme, e não digo isso querendo diminuir meu trabalho ou a relação que criei com esse filme, mas como um fato mesmo. Eram cenas relativamente tranquilas, apesar de muito importantes. Então, acredito que o maior desafio era lidar com a minha cobrança em relação a mim mesma, ao meu trabalho e ao nervosismo de estar entre tanta gente talentosa. Tanto os mais consagrados quanto a galera mais jovem eram extremamente talentosos e virtuosos de formas tão diferentes. Eu estava extremamente admirada e com medo de não conseguir fazer algo à altura, mesmo que esse algo fosse dizer para a Fernanda Torres que eu ia pegar uma água na cozinha.

SP: Como foi trabalhar com o elenco e a equipe técnica?

MP: Maravilhoso. Era todo mundo extremamente gentil, interessante e cheio de experiências fantásticas para compartilhar. Fiquei realmente encantada em ver a Fernanda trabalhando de perto, a energia que ela tinha no set, o quanto aquilo era natural e, ao mesmo tempo, como ela estava completamente entregue. O Walter tinha uma gentileza gigante ao tratar todo mundo, além de uma certeza e fluidez em tudo o que apontava ou dizia. Foi uma honra enorme. O clima no set era absurdamente bom. Eu filmei e convivi bastante com a Bárbara Luz (que faz a Nalu) e com a Luiza Kosovski (que faz a Eliana) e me apaixonei pelo trabalho delas. Quando assisti ao filme, ficava genuinamente fascinada com tudo o que elas estavam fazendo. É tão sutil e forte. É maravilhoso receber uma coisa dessas de um filme.

Foto: reprodução instagram @maite_padilha

SP: Como você enxerga a repercussão do filme até agora?

MP: Ótima e merecida. Acho que está sendo feito um trabalho muito intenso dos atores, do diretor e da produção para rodar muito com esse filme em festivais nacionais e internacionais. E fico muito feliz de saber que as salas de cinema do nosso país estão cheias de pessoas que querem assistir uma história de uma família que sofreu uma perda gigantesca durante um dos períodos mais violentos e opressores da nossa história e conseguiu lutar pela sua vida e por justiça, que talvez nunca seja suficiente, mas alivia. É importante apontar o que aconteceu e mostrar os impactos. É importante dizer que essas pessoas ainda estão vivas, tanto as vítimas quanto os agressores, pra que isso não se repita e não seja esquecido.

SP: E seus fãs? Como está sendo o feedback do público?

MP: Fico sempre muito feliz quando ouço: ‘Me senti muito feliz de te ver lá”. Porque, para mim, é mesmo uma honra enorme. Eu também fiquei muito feliz de estar lá.

SP: Qual foi a maior lição ou aprendizado que você tirou desse trabalho?

MP: Que as coisas são muito maiores do que eu. De verdade, essa foi minha maior sensação. Não que eu achasse que as coisas eram menores do que eu antes (risos). Obviamente, minha realização e satisfação pessoal importam muito, mas cada trabalho diz e traz algo que vai muito além disso. Vi pessoas extremamente consagradas sendo tomadas por um sentimento coletivo de dar vida a algo, e eu me senti tomada por esse sentimento também. Foi muito importante para mim.

Foto: reprodução instagram @maite_padilha

SP: Você já tem novos projetos em andamento? Pode contar um pouco sobre eles?

MP: Sim! Estou produzindo e atuando na peça A Dona da História. O texto é do João Falcão, a direção é do Heitor Martinez, e somos eu e Juliana Martins na produção e no elenco. O Caio Paranaguá é o músico e autor da trilha sonora, que é original. Tem sido uma experiência muito feliz e trabalhosa. Mexer com produção não é nada fácil (risos). Por enquanto, ainda estamos procurando patrocínio para a peça, então eu e a Ju que estamos viabilizando tudo, e isso tem me feito aprender muito. Fizemos uma temporada no Rio este ano. Estreamos na FITA (Festival Internacional de Teatro de Angra dos Reis), e eu fui indicada ao prêmio de atriz revelação do festival. Já viajamos duas vezes com a peça. Está sendo maravilhoso porque é minha primeira experiência produzindo e atuando em teatro profissional, e eu estou completamente apaixonada pelo palco. É sempre uma surpresa; você nunca sabe como será uma sessão, e você se conecta tanto com as pessoas. Tenho amado muito. No início do ano que vem, vou gravar um filme em São Paulo, e depois a ideia é viajar com a peça também. Tem mais algumas coisinhas, mas ainda não posso comentar muito (risos). Tenho ficado muito feliz de estar me vendo em cada vez mais frentes no trabalho.

SP: Depois de “Ainda Estou Aqui”, tem algum gênero ou tipo de personagem que você gostaria de explorar?

MP: Pra ser sincera, tenho assistido muito a novela Tapas e Beijos (risos). Adoraria fazer uma comédia nesse estilo. Indo para outro lado, gostaria de interpretar alguma personagem que me permitisse explorar um lado mais sério, talvez menos feminino e meigo. Tenho buscado muito isso também.

SP: Quais são seus sonhos ou metas a longo prazo na carreira de atriz?

MP: Acho que trabalhar muito. Fazer de tudo, conhecer pessoas que me façam me reapaixonar pelo trabalho uma, outra e outra vez, e fazer projetos que eu realmente goste. Quero continuar trabalhando, sempre.

Foto: reprodução instagram @maite_padilha

SP: O que Ainda Estou Aqui representa para você, tanto profissionalmente quanto pessoalmente?

MP: Felicidade e paciência. Felicidade por conquistar algo que eu nem imaginava que seria possível. A gente sonha, claro, mas nunca tem certeza se vai realizar. Acho que a graça está um pouco aí. E paciência, porque acredito que tenho trabalhado muito para conquistar as coisas desde os 12 anos, mas sou apressada. Tenho muita pressa comigo e com a vida. Às vezes, é preciso desacelerar, olhar em volta, ver onde a gente está e perceber o quanto já percorremos. Ainda Estou Aqui me fez respirar e sentir uma grande satisfação, do tipo: ‘Quem diria?’. Já chorei muito por causa de trabalho. Mexe muito com a gente, porque a vontade é enorme. Às vezes, você esquece do que já conseguiu e começa a duvidar de si. Este filme me fez respirar e me sentir uma criança em um parquinho, com o vento batendo no rosto e todos os brinquedos mais legais do mundo. Os brinquedos eram altos e me assustavam um pouco, mas era divertido tentar brincar. E é isso que criança faz, né?.

SP: Como você vê o impacto do filme no público e na sociedade?

MP: Acho importante para o Brasil e para o mundo. Importante para mostrar nossa cultura, nossa história e nossa indústria para fora, mas também para reforçá-las aqui dentro. É um convite para relembrarmos nossa trajetória, os crimes que aconteceram nesse período e como eles não podem ser esquecidos. Eu tive parentes que foram sequestrados e torturados e que estão vivos. Eles ainda carregam esses acontecimentos com eles. É preciso lembrar para que não se repita e para que saibam como foi cruel. Muitas pessoas, como Eunice, perderam muito, mas continuaram lutando pela verdade.

Foto: reprodução instagram @maite_padilha

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