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Petrópolis registra aumento de mais de 30% nos casos de racismo

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Petrópolis registra aumento de mais de 30% nos casos de racismo

[Dia do Combate ao Racismo] Terceira cidade com mais casos de racismo do estado do Rio de Janeiro, dados mostram que Petrópolis ainda tem um longo caminho para percorrer nessa luta

Nesta segunda-feira (18) é celebrado o Dia do Combate ao Racismo, mas, infelizmente, Petrópolis não tem muito o que comemorar. Os últimos dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) mostram que, em um ano, o número de casos de injúria racial em Petrópolis aumentou em 31,25%. Com isso, o município assume a terceira posição entre as cidades mais racistas do estado do Rio de Janeiro.

Foto: arquivo Sou Petrópolis

O último Dossiê Crimes Raciais, do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), aponta Petrópolis como a terceira cidade do Estado com mais casos de injúria racial. Com 300 mil habitantes, na época, foram registrados nos anos de 2018 e 2019, respectivamente, 22 e 29 crimes. Em 2020 houve uma queda no número de ocorrências – 12. Em 2022, o patamar subiu para 112 casos de injúria racial. Os últimos dados de 2023 mostram um aumento de 31,25%, quando o ano terminou com 147 registros.

Quando o recorte dessa pesquisa é feito na Região Serrana, Petrópolis também assume o topo do ranking:

Petrópolis – 147

Nova Friburgo – 58

Teresópolis – 50

Guapimirim – 33

Cachoeira de Macacu – 21

Carmo – 17

São José do Rio Preto – 12

São Sebastião do Alto – 12

Cantagalo – 11

Bom Jardim – 9

Cordeiro – 8

Sumidouro – 8

Trajano de Moraes – 7

Duas Barras – 6

Macuco – 6

Santa Maria Madalena – 4

Aumento da população negra em Petrópolis

Em contrapartida, o número de pessoas que se identificam como negras aumentou na cidade, chamando a atenção para a falta de política públicas que protejam essa população de atos racistas.

Dados do Censo 2022, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 278.881 habitantes da cidade, 77.843 (27,9%) se auto identificam como pardos e 36.835 (13,2%) como pretos. No comparativo de 2010, 295.774 pessoas viviam no município. Destas, 74.919 se reconheciam como pardas (25,33%) e 32.565 como pretas (11,01%). Em 2022, a parcela da população que se identifica como parda e preta aumentou, respectivamente, em 3,9% e 13,1%.

Foto: reprodução instagram @fui_prarua

Fatos que mostram o racismo em Petrópolis

“Você é uma preta de cabelo duro e você é feia”. As lamentáveis palavras foram ouvidas pela petropolitana, Joice de Souza Ferreira, de 21 anos, enquanto ela estava exercendo o seu direito de trabalhar, como cobradora de um ônibus na cidade. As ofensas foram feitas por parte de uma mulher branca, que ainda jogou casca de banana na vítima. Na época, o caso chegou a ser registrado na delegacia e a criminosa foi presa em flagrante, sendo liberada logo após.

“Tinha que ser preta e macaca”. Foi o que Fernanda Rocha teve que ouvir enquanto estava aguardando um café na fila da lanchonete de um supermercado. A autora, não negra, das palavras estava insatisfeita com a demora no atendimento, começou a reclamar e ofender uma atendente. Fernanda, então, pediu que a cliente tivesse paciência porque ela já seria atendida, mas foi ofendida e agredida fisicamente.

E não são só palavras e agressões físicas que levam ao constrangimento das pessoas pretas em Petrópolis.

“Me senti como nada. Como se estivesse invisível naquela loja”. Esse foi o sentimento que Maria Helena Queiroz (nome fictício) teve ao entrar em uma loja da Rua 16 de Março e não ser atendida por nenhuma funcionária branca.

“O meu constrangimento já começou quando nenhuma das atendentes, que ficam no salão, vieram até mim para saber se estava precisando de ajuda”.

Mesmo disposta a levar o produto, Maria pegou a peça que estava à disposição e foi até o caixa pegar.

“Na fila para pagar foi que me senti pior. Tinha uma cliente na minha frente, eu e outra atrás e duas caixas atendendo. A moça que estava na frente foi atendida normalmente. Na minha vez, a atendente chamou a moça que estava atrás de mim, como se eu não estivesse ali. A moça ainda chegou a dizer que estava na minha vez e que era para eu ir. A caixa disse que não tinha percebido que eu estava ali. Decidi não levar a peça e sai da loja. O constrangimento é tão grande que ficamos sem reação”.

Racismo é crime

Previsto na Lei n. 7.716/1989, racismo é crime, inafiançável e não prescreve. O ato pode se manifestar de diversas maneiras. Dentre as formas que este preconceito se apresenta estão o racismo religioso, ambiental, recreativo, entre outros e devem ser denunciados.

Foto: Divulgação

Assistência

Petrópolis conta com o Núcleo de Atendimento Antirracista, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na sede da Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial (Copir). As denúncias são feitas pelo telefone 0800-024-1000. O número é disponibilizado direto para denúncias e oferece assistência jurídica, psicológica e assistencial às vítimas de racismo na cidade.

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