[Dia da Umbanda] Jovens petropolitanas desmistificam preconceitos e encontram na religião sua ancestralidade
Maria Eduarda Nonato e Maria Eduarda Rodrigues falam dos preconceitos e sobre a resistência a religião
Nesta sexta-feira (15), é celebrado o Dia da Umbanda. Fundada oficialmente em 1908, no Rio de Janeiro, por Zélio de Moraes, a religião nasceu com a proposta de unir elementos do catolicismo, espiritismo, religiões africanas e indígenas. Conhecida por sua inclusão e sincretismo, a Umbanda acolhe pessoas de diferentes origens, fundamentada na caridade, na fé e na valorização das diversas culturas. No entanto, a religião ainda enfrenta preconceito e resistência. Em resposta a esses desafios, os jovens estão se engajando cada vez mais para desmistificar a Umbanda, quebrar estereótipos e promover respeito.
É o caso das petropolitanas Maria Eduarda Nonato e Maria Eduarda Rodrigues que encontraram na Umbanda uma forma de se conectar com suas raízes e fortalecer sua identidade cultural.
Fotos: Maria Eduardo Nonato – Maria Eduarda Rodrigues – Fotos: arquivo pessoal
Maria Eduarda Nonato, 19 anos – “Um desfile de carnaval mudou minha vida”
Maria Eduarda Nonato, de 19 anos, teve o primeiro contato com a Umbanda assistindo a um desfile do Salgueiro em 2019, que homenageava Xangô, o Orixá da justiça. Há 5 anos ela fez parte da religião como visitando e há 1 ano está como membro de uma casa.
“Fiquei muito curiosa para saber quem era Xangô. O momento que realmente me marcou foi minha primeira incorporação, porque ali pude perceber que não estou sozinha, que tenho meus ancestrais comigo”, conta ela.
“Passei a me conhecer e valorizar minha ancestralidade”
Antes de se envolver com a Umbanda, Maria Eduarda era católica, mas aos poucos foi se identificando com os ensinamentos da religião e com suas raízes.
“Descobri que pessoas da minha família já faziam parte da umbanda e do candomblé. Conhecer essa história foi essencial para mim”, compartilha.
Foto: arquivo pessoal
Desafios e preconceitos superados
Apesar do forte vínculo com a umbanda, Maria Eduarda admite que enfrentou receios. “No início, tinha muito medo de sofrer preconceito, mas decidi me tornar filha de santo. Foi uma escolha difícil, que exigiu abrir mão de hábitos e enfrentar os preconceitos que existiam em mim mesma”, conta.
Espiritualidade como estilo de vida
Hoje, Maria Eduarda enxerga a Umbanda como um estilo de vida que influencia suas escolhas, relações e até sua visão de mundo.
“Na Umbanda, aprendi a perdoar, a ter autoestima e a compreender as lições que a vida traz. Conhecer minha ancestralidade me permitiu me entender e aceitar”.
Foto: arquivo pessoal
Maria Eduarda Rodrigues, 18 anos – “A primeira vez no terreiro, meus olhos brilharam”
Para Maria Eduarda Rodrigues, de 18 anos, o interesse pela Umbanda surgiu ao acompanhar sua mãe em visitas ao terreiro. Sem uma religião anterior, ela se viu encantada pela atmosfera acolhedora e pela filosofia da umbanda.
“Meus olhos brilharam. Fiquei maravilhada ao ver o amor e a empatia”, relembra.
Foto: reprodução
Resistindo ao preconceito
Apesar de não ter sofrido preconceito diretamente, Maria Eduarda Rodrigues percebe os olhares ao usar sua guia branca em público.
“Com o tempo, aprendi que não preciso ter vergonha ou receio de quem eu sou”, afirma.
Uma religião de amor e caridade
Para Maria Eduarda, a umbanda vai além de uma religião. Ela conta que lá encontrou amor, respeito, acolhimento e caridade.
“Compreender esses valores ajudou a superar o preconceito e reforçar minha fé. Me sinto grata por essa religião tão acolhedora”, diz, destacando que a internet, apesar de aumentar a visibilidade da Umbanda, também intensifica o preconceito.
Uma nova geração de umbanda
Ambas as jovens sentem que a nova geração está mais disposta a falar sobre a Umbanda e educar sobre o tema.
“Os jovens estão mais abertos, mas o preconceito ainda existe”, aponta Maria Eduarda Nonato.
Para Maria Eduarda Rodrigues, essa geração se aproxima da Umbanda por meio da cultura e da busca por espiritualidade.
“Hoje, a Umbanda é vista como uma religião acolhedora, e os jovens a encaram com orgulho e resistência.”
Eduarda Rodrigues e Eduarda Nonato mostram como a religião está ganhando força entre os jovens, que veem um caminho para o autoconhecimento e para a afirmação da identidade racial.