Professora de Petrópolis acerta o tema da redação do Enem 2024 e alunos comemoram
Gisele Pissurno preparou os alunos para os temas que estão presentes no cotidiano, mas que são invisibilizados pela sociedade
A primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 aconteceu no domingo (3). Neste primeiro dia de prova, estudantes de todo o país tiveram que elaborar uma redação sobre o tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O tema foi considerado de grande importância, pois ofereceu uma oportunidade de reflexão sobre a cultura, história e contribuições africanas como aspectos fundamentais da identidade brasileira. Em Petrópolis, a professora Gisele Pissurno, de Linguagens na rede privada e no Prepara Enem, trabalhou e acertou o tema com seus alunos, que comemoraram a temática escolhida nesta edição.
Foto: arquivo pessoal
Assuntos do cotidiano
Professora de Literatura e produção textual e trabalhando com linguagens há mais de 12 anos, para Gisele Pissurno a experiência a permitiu reconhecer os padrões na cobrança anual da prova do Enem. Ela diz que, frequentemente, a redação está voltada à discussão de temas que estão presentes no nosso cotidiano, mas que são invisibilizados.
“São questões que constituem a identificação como nação, ainda que esse olhar levante tantas questões das quais não nos orgulhamos. No ano passado, por exemplo, a prova também abordava parte de nossas raízes históricas: a invisibilização do trabalho de cuidado que é, diariamente, realizado por grande parte das mulheres no Brasil. Em verdade, digo que a banca tem caminhado para discussões menos presentes nas grandes mídias e mais voltadas para a realidade concreta da população, principalmente a das minorias sociais”, explica.
Em 2023, Gisele também já havia abordado o tema da redação do Enem com os alunos em sala de aula.
Importância do tema da redação
De acordo com a professora o tema desse ano – “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil” – é um debate de urgência, principalmente porque o racismo sempre foi negado por parte da população.
“O Estado, infelizmente, também contribui para esse fato, visto que privilegia a cultura europeia e nega o legado de povos que constituem a nossa história. A exemplo disso, tem-se o enfraquecimento da laicidade do Estado e a depreciação das religiões de matriz-africana”.
Assunto debatido na sala de aula
Gisele conta que sempre ensina aos seus alunos que, para efetuar um texto com qualidade, todo o processo é importante.
“Estar ciente do que acontece à nossa volta é imprescindível para escrever uma redação, portanto sempre levo para a sala debates de temas que sejam relevantes não só para o vestibular, mas para a formação cidadã. Além disso, no meu projeto, eles escrevem semanalmente e, em devolutiva, corrijo cada redação com um olhar cuidadoso e crítico para que eles mesmos possam reconhecer seus erros. Isso exige muito, é claro, mas busco fazer sempre com muito carinho e respeito pela trajetória deles”.
O acerto no tema da redação foi muito comemorado pelos alunos da professora Gisele Pissurno. Mesmo diante do nervosismo ao fazer a prova mais importante da vida de muitos, eles se sentiram seguros por já terem abordado o tema em sala de aula.
Foto: reprodução rede social
Referências para os trabalhos dos alunos
Referências são de grande importância para que temas como da redação sejam discutidos. Gisele detalha que trabalhou conceitos essenciais como racismo estrutural e institucional, apropriação e silenciamento cultural, embranquecimento.
“Todos embasados em autores das ciências sociais e ilustrados por exemplos cotidianos. Trabalhei com eles, inclusive, o samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira de 2019, ‘História para ninar gente grande’, que coincidentemente foi um dos textos motivadores da prova de redação. A letra diz ‘Tem sangue retinto pisado atrás do herói emoldurado’, aludindo ao apagamento negro na história oficial. Lembro que essa letra me emocionou muito à época”.
Preparação e confiança para os alunos
Gisele destaca que abordar esses temas em sala de aula é de grande relevância para os alunos, pois fortalece a autoestima e aumenta a confiança deles para futuras provas.
“O maior impacto é realmente na autoestima. Costumo brincar com meus alunos que os estou preparando para escrever, até mesmo, sobre ‘Os entraves da Colonização de Marte’, (risos). Acertar o tema apenas os torna mais confiantes e tranquilos. Mas, na verdade, eles já passaram pelo maior desafio: enfrentar noites mal dormidas, vencer a ansiedade, escrever e reescrever o texto”.
Foto: arquivo pessoal
“A cobrança aumenta a cada ano! Mas, sou muito verdadeira com eles. Saber o tema não é suficiente. É necessário dominar uma estrutura muito específica, pois cada banca tem seu estilo de cobrança. Por isso, o estudo precisa ser bem direcionado. Meu papel como professora é esse: fornecer uma base segura para que cada aluno possa alcançar o melhor de si mesmo”, completa a professora de Linguagens Gisele Pissurno.
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