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Artista petropolitano faz sucesso internacionalmente com obras de colagens

Cultura

Artista petropolitano faz sucesso internacionalmente com obras de colagens

Edgard Rippel Barbosa, de 36 anos, vive nos Estados Unidos e foi notado pela “The Weird Show”, importante instituição artística de Barcelona

O artista e designer petropolitano Edgard Rippel Barbosa, de 36 anos, tem levado o nome de Petrópolis para terras longínquas. O pintor, que vive nos Estados Unidos, foi recentemente entrevistado pelo site de Barcelona/Brooklyn “The Weird Show”, importante instituição artística mundial.

Fotos: Arquivo Pessoal

Na matéria, Edgard conta sobre o seu processo criativo e seus trabalhos de colagem. No texto, o petropolitano cita as inspirações arquitetônicas de Petrópolis em sua arte. Em entrevista à Sou Petrópolis, ele conta mais sobre sua vida na cidade e sua carreira internacional. Confira:

Pode nos contar sobre a sua história com Petrópolis? Quando você decidiu se mudar daqui e por que foi para os Estados Unidos?

E.B: Nasci e cresci em Petrópolis. Ambos os meus pais são de lá e ainda tenho parentes morando na cidade. Cresci no Centro, estudando no extinto Instituto Social São José. Quando minha mãe casou-se novamente em 2004 com meu padrasto, que é americano, eles decidiram se mudar para os Estados Unidos e construir sua vida aqui. Eu os acompanhei. Na época, tinha 15 anos, e estou aqui desde então, primeiro na Flórida e, nestes últimos anos, em Nova York.

Foto: Arquivo Pessoal

De onde veio o seu interesse pela arte? Como isso começou a se tornar uma profissão?

E.B: Desde pequeno eu gostava de desenhar. Lembro até que mandava desenhos para serem publicados na Tribuninha! Mas meu principal interesse era a literatura. Lia muito Drummond e Fernando Sabino na escola e na Biblioteca do Centro de Cultura Raul de Leoni. A poesia era meu meio de escolha na época e até participei de alguns concursos locais.

No entanto, quando emigrei para os EUA, meu relacionamento com a língua se tornou mais difícil. Eu não conseguia me expressar com a mesma liberdade que no português. Como senti que a língua não estava tão disponível para mim, concentrei meus esforços expressivos no desenho, eventualmente descobrindo o design e a arquitetura como meios que buscavam um nível de universalidade em sua abordagem.

De onde veio a ideia de focar nas colagens?

E.B: Meu interesse pela colagem surgiu de forma muito natural. A maior parte dos meus primeiros trabalhos veio de exercícios de experimentação na faculdade. À medida que continuei a desenvolver minha própria abordagem e técnica, o trabalho se tornou cada vez mais central na minha prática e mais amplo em termos de temas.

A colagem se tornou, sem trocadilhos, uma montagem de todos os meios que me interessavam como designer e de todos os tópicos que eu queria explorar como artista.

Fotos: Arquivo Pessoal

Como funciona o seu trabalho hoje? Suas colagens são feitas de forma manual ou digital?

E.B: Um pouco dos dois. Meu trabalho busca viver exatamente entre esses dois mundos, sendo ao mesmo tempo nativo e estrangeiro. Uma grande influência no meu trabalho foi o movimento de digitalização de materiais impressos nos anos 2000. Com a popularização dos scanners e o surgimento do Google Books, o mundo analógico começou a se entrelaçar com o digital.

O estado analógico inicial ainda era reconhecível, mas a única forma de experienciá-lo era digitalmente. Avançando para os dias de hoje, há um novo impulso de ‘digitalização’ acontecendo, onde a realidade virtual e os gêneros digitais tentam traduzir toda a nossa realidade analógica em uma digital.

Essa tradução do que é a realidade e sua dualidade é um dos temas que me interessa explorar com minhas colagens. Geralmente, começo com fontes impressas, normalmente anúncios em revistas, folhetos, cartazes, etc.

A partir daí, desenvolvi uma técnica de colagem onde, em vez de criar fragmentação e abstração através de cortes e colagens, faço várias peças planas de origami a partir da mesma fonte. Eu escaneio cada variação e monto o resultado final digitalmente.

Dessa forma, busco que cada obra final retenha suas qualidades analógicas e digitais, enquanto se transforma em algo único no final.

Foto: Arquivo Pessoal

Como surgiu o convite pra participar dessa matéria na Weird Show e, pra você, qual a importância dessa publicação?

E.B: The Weird Show se tornou uma instituição consolidada no mundo da colagem nos últimos anos. Dirigido pelos incríveis Rubén B e Max-o-matic, o Weird Show é super ativo no movimento e apoia artistas em organizar workshops, exposições, podcasts e educação ao redor do mundo.

Tive a sorte de entrar em contato com a artista Andrea Burgay, que além de dirigir a revista Cut Me Up, também escreve para o site do The Weird Show no Brooklyn. Ela se interessou pelo meu processo de colagem e visitou o estúdio para discutir o trabalho. Essa conversa resultou no artigo.

O The Weird Show tem uma audiência e influência verdadeiramente globais. Eles acabaram de encerrar uma exposição incrível em Barcelona, “Los Raros. Las Raras. Nuevas Narrativas del Collage Contemporáneo”, que esteve em cartaz desde 10 de maio.

A exposição incluiu uma variedade de artistas que estão redefinindo o futuro da colagem. A exposição contou com um grupo internacional de 25 artistas, dos EUA, Reino Unido e de toda a Europa. É realmente incrível ser reconhecido por um grupo tão envolvido e apaixonado pelo nosso meio de expressão.

Fotos: Arquivo Pessoal

Na entrevista, você comentou que seu trabalho tem grande inspiração em Petrópolis, sobretudo na Casa dos Sete Erros. Pode nos contar melhor como isso aparece nas suas artes?

E.B: A Casa dos Sete Erros sempre foi um precioso destino para mim. De vez em quando, eu costumava ir lá depois da escola para brincar de encontrar os erros e tentar achar o esquivo 8º erro. Na época, eu não conseguia expressar isso em palavras, mas o que mais me encantava era como o Spangenberger criou uma expressão arquitetônica lúdica de um jogo infantil. Também aprecio como as diferenças arquitetônicas não são evidentes. Elas são praticamente invisíveis até serem reveladas pelo apelido da própria mansão.

Como artista, considero esse tipo de envolvimento divertido com uma obra altamente sofisticada e memorável. Esse é o tipo de trabalho interessante que busco alcançar na minha própria prática. Sempre que possível, tento incluir pequenas referências e surpresas que, com sorte, alguém, em algum lugar, irá perceber, enriquecendo sua experiência com a minha obra.

Fotos: Arquivo Pessoal

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