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Dia dos Irmãos: gêmeas petropolitanas contam como é dividir a vida com alguém idêntico

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Dia dos Irmãos: gêmeas petropolitanas contam como é dividir a vida com alguém idêntico

Thalita e Tamyris Portugal já viveram diversas situações inusitadas, como prever algo que aconteceria com a irmã e até trocar de lugar na escola para fazer provas sem ninguém perceber

Nesta quinta-feira, 5 de setembro, é celebrado o Dia dos Irmãos, data que comemora aqueles que estão conosco durante a maior parte da nossa história. Mas já imaginou dividir uma vida inteira com alguém desde o útero? Conversamos com duas gêmeas univitelinas, Thalita e Tamyris Portugal, de 36 anos, para contar como é ter alguém idêntico para compartilhar toda a sua vivência.

Fotos: Arquivo Pessoal

Como é ser gêmeas?

Para Tamyris, não há como explicar essa experiência. “É um sentimento único, como se estivéssemos interligadas por algo de outras vidas. Ter irmão é algo incrível, mas no caso de gêmeos é ainda maior, pois temos uma à outra desde o útero”.

No caso delas, gêmeas idênticas, tudo é ainda mais intenso. “Uma das coisas que mais curto na minha vida é ser gêmea. É algo que transborda, que transcende. Gêmeos univitelinos são raros. Somos uma dupla improvável e isso pra mim é muito especial”, comenta Thalita.

Ela define esse fato como uma conexão espiritual. “Sentimos estar juntas o tempo todo. Sabemos quando a outra está bem ou não. Fazemos os mesmos comentários e apontamentos. Embora tenhamos personalidades distintas, somos bem similares. Somos ligadas por algo que vai além do sangue , uma ligação cósmica”.

Fotos: Arquivo Pessoal

Centro das atenções

Desde cedo elas perceberam  que ter alguém idêntico a elas não era algo usual. Por onde passavam, as petropolitanas chamavam a atenção e eram rodeadas de perguntas.

“Ainda somos muito parecidas, mas quando menores éramos idênticas. Lembro de ver as pessoas se cutucando e falando sobre nós. Mas não nos incomodávamos. Era divertido ser o centro daquela atenção”, afirma Thali.

Com isso, as gêmeas foram ganhando popularidade. Na escola, todos brincavam de adivinhar quem era quem, tiravam fotos com as gêmeas uma de cada lado, e até hoje isso acontece.

Fotos: Arquivo Pessoal

Busca por individualidade

Tamy conta que a mãe delas sempre as vestiu muito parecidas e quase ninguém identificava quem era quem. Na adolescência, começaram a usar acessórios de cores diferentes para tentar se diferenciar, principalmente na escola, onde o uniforme era igual.

“Sempre fomos muito ligadas, mas no colégio precisamos ficar em salas diferentes para desenvolvermos nossa identidade. Apesar disso, nosso círculo social sempre foi o mesmo. Tínhamos nossos amigos dentro de sala, mas fora, juntávamos os dois grupos. É como se nós duas ficássemos ali no meio, unindo essa amizade que se mantém até hoje”, diz Tamyris.

Mas claro que nem tudo são flores. “Ter alguém igual a você e que divide tudo com você nem sempre é fácil. Às vezes, a busca pela individualidade acabou nos afastando um pouco. Mas logo percebíamos que éramos e somos mais fortes juntas do que separadas”, afirma Thalita.

Quando saiu da escola, Tamyris não sabia o que cursar e foi aí que decidiu se inspirar em Thalita, que foi fazer faculdade de publicidade. “Para não ficar sozinha, fui fazer comunicação social e cursamos a faculdade juntas. Cada uma com seu foco, mas juntas”. Atualmente, ambas trabalham na área de comunicação, mas em caminhos distintos.

Fotos: Arquivo Pessoal

Situações curiosas e inusitadas

Apesar de terem os mesmos professores, cada uma era melhor em uma matéria e, na escola, chegaram a trocar de lugar algumas vezes para fazer as provas.

“A Thali fazia os resumos, eu só lia e acabava tirando notas melhores que a dela. Quando alguma estava indo mal, trocávamos de sala no dia da prova. E como não tinha como ninguém provar que estávamos fazendo isso, aproveitávamos”, brinca Tamyris.

Fora da escola, a dupla zoava os amigos e familiares. “Quando saíamos, íamos ao banheiro trocar de roupa e depois voltávamos pra ver se alguém tinha percebido a troca. Minha irmã teve um filho, o Miguel, e quando ele era pequeno ficávamos sempre testando pra ver se ele adivinhava quem era a mãe”, acrescenta.

Ter alguém idêntico a você pode trazer grandes praticidades. Como já aconteceu com Thalita em diversos momentos. “Quando tiramos a CNH, a Tamyris passou e eu não. Usei a carteira dela até conseguir tirar a minha. Uma vez precisava ir ao banco mas não ia dar tempo, minha irmã foi e conseguiu acessar a conta com a biometria dela pra mim. O Face ID do celular abre para os dois rostos. Sempre vivemos umas situações inusitadas assim”.

Fotos: Arquivo Pessoal

Elas contam sobre outra história curiosa. Quando tinham seis anos, uma tachinha entrou na mão de Thalita, que não sentiu dor nenhuma e pediu calmamente pra mãe tirá-la. Enquanto isso, Tamyris começou a chorar como se estivesse sentindo a dor.

“Minha mãe ficou sem entender o que estava acontecendo até que tirou a tachinha da minha mão e ela parou de chorar. Ela disse que doeu muito nela, mas não doeu em mim”, relata Thalita.

Quando adultas, Tamyris ligou para Thalita, que estava dirigindo, e disse que sonhou que ela ia bater de carro e que era para ela ir devagar. “Achei que era bobeira, mas não custa obedecer né. Acabei realmente batendo, mas como estava em baixa velocidade, só amassou um pouco o carro e não me machuquei”.

Em outro momento, Tamyris havia ido na balada e, após ter bebido, entrou no carro para ir pra casa. Ao virar a chave, sua irmã ligou para ela e disse para ela parar ali e não ir. “Isso já aconteceu de várias formas, sentimos um aperto no coração e sabemos que tem alguma coisa acontecendo com a outra”.

Elas contam que, mesmo agora, morando longe uma da outra, elas sem querer vestem a mesma camisa no mesmo dia, comentam as mesmas frases nas fotos de amigos e postam momentos similares do dia a dia nas redes sociais.

Todo mundo já cumprimentou alguém achando que era outra pessoa. E com gêmeas, é difícil perceber o erro, como conta Thalita. “Eu trabalhava pra uma empresária e, quando cheguei na segunda, ela não me cumprimentou. Achei estranho e ela me disse que se eu não falava com ela na rua, ela também não falaria comigo. Ela disse que me viu no shopping, falou comigo e eu não respondi. Aí entendi tudo, tinha sido com a minha irmã. Desde então combinamos que quando alguém nos cumprimentar, vamos responder de volta, mesmo que não conheçamos a pessoa”.

No Carnaval, Tamyris quase foi demitida por conta de um mal entendido. Ela trabalhava em uma loja de roupas e sua irmã chegou lá, fantasiada e com uma bebida na mão. “O dono da loja veio correndo pronto pra demitir ela. Aí ele percebeu que a Tamyris continuava lá, trabalhando, e que éramos duas”, relembra Thalita.

Fotos: Arquivo Pessoal

Cuidado

Para Thalita, ter uma gêmea a ajudou a olhar com mais carinho para o próximo. “Dividimos tudo desde sempre, barriga, quarta, brinquedos, atenção, pais. Entendemos que precisávamos lidar com isso e cuidar uma da outra. Fizemos isso desde cedo e isso ajudou a sermos mais empáticas”.

Na felicidade e na tristeza

Tamyris mora em Cabo Frio e Thalita no Rio. Elas são irmãs mais velhas de Annelise e Breno, que continuaram em Petrópolis.

Fotos: Arquivo Pessoal

Em 2010, o quarteto perdeu a mãe e foram afastados do pai. Na época, os caçulas eram menores de idade e foram criados pela avó, que veio a falecer em 2020. “Agora somos nós quatro. Essa união sustenta a nossa vida, é o nosso pilar. Nos ajudamos a seguir em frente”, conta Tamyris.

Apesar da distância física, os quatro fazem sempre questão de compartilhar todos os seus momentos. “Estamos todos juntos no dia a dia. Nos falamos constantemente no grupo dos irmãos e mantemos nossa vida interligada”.

Thalita relata que sempre teve muita ajuda da irmã. “Ela trabalhou desde cedo e me auxiliou com os gastos da faculdade durante o tempo. Me emprestava o carro dela. Ela é madrinha do meu filho e nos falamos todos os dias. Acho maravilhoso ter irmãos. É uma benção. Somos nossa fortaleza e essência. Sem eles eu não seria nada”, finaliza.

Fotos: Arquivo Pessoal

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