Censo 2022: Petrópolis tem a melhor taxa de alfabetização da Região Serrana
97% da população da cidade é alfabetizada. Professora de português explica as dificuldades sofridas pelos analfabetos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, recentemente, os dados do Censo 2022 referentes ao nível de alfabetização no Brasil, que ficou em 93% da população. Dentre as cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro, Petrópolis é a que detém o maior índice: 97,05%.
Foto Divulgação PMP
Confira o ranking:
1° Petrópolis – 97,05%
2° Nova Friburgo – 96,39%
3° Cordeiro – 95,73%
4° Teresópolis – 95,07%
5° Macuco – 94,28%
6° Carmo – 93,78%
7° São José do Vale do Rio Preto – 93,61%
8° Cantagalo – 93,11%
9° Bom Jardim – 92%
10° Santa Maria Madalena – 89,66%
11° Duas Barras – 89,58%
12° Trajano de Moraes – 89,02%
13° São Sebastião do Alto – 89,02%
14° Sumidouro – 88,25%
Taxas de analfabetismo
Mais de 225 mil petropolitanos sabem ler e escrever. Entre os mais jovens, a porcentagem de alfabetizados é maior e, quanto mais se sobe na pirâmide etária, menor fica.
Entre os jovens de 15 a 24 anos, a média é de 99,3%. Já para os mais velhos, com idade superior a 75 anos, esse índice cai para 89,27%.
“O analfabetismo no Brasil é um problema complexo, resultante de fatores sociais, econômicos e educacionais. Embora a educação garantida por lei, isso não tem sido o suficiente para acabar com o analfabetismo. No passado, o trabalho era priorizado em vez da educação, e essa negligência ainda reflete na sociedade atual, impactando negativamente a vida de parte da população de Petrópolis”, comenta a professora de língua portuguesa Luiza Pereira.
Desigualdade social
De acordo com a docente, o fato de 1% dos jovens petropolitanos com menos de 19 anos não saberem ler e nem escrever é, em grande parte, consequência da desigualdade social.
“Muitos desses jovens precisam trabalhar para ajudar nas despesas familiares, o que leva ao abandono da escola. Aqueles que conseguem frequentar a escola, mas precisam trabalhar, enfrentam dificuldades para conciliar as duas atividades, o que pode resultar no chamado analfabetismo funcional, isto é, indivíduos que conseguem ler, mas não interpretar ou formular textos coerentes”, ressalta.
Foto: Serra Drone
Dificuldades
Como resultado, as dificuldades enfrentadas por uma pessoa analfabeta afetam profundamente sua vida cotidiana, profissional e social.
“A falta de habilidades de leitura e escrita restringe as oportunidades de emprego, limitando essas pessoas a trabalhos informais e mal remunerados. Além disso, a falta de alfabetização gera dependência de terceiros para tarefas simples, como ler e interpretar documentos, o que pode causar constrangimento e sensação de exclusão”, exemplifica.
Este é o caso de Maria de Lourdes Plantz que, aos 79 anos, nunca soube ler e escrever. “Estudei até a terceira série, mas não conseguia aprender, e precisei sair da escola para trabalhar. Nunca consegui um bom emprego, minha vida foi lavar roupas de casa em casa. Até para assinar meu nome eu tenho dificuldade”, relata.
Importância da alfabetização
Luiza alerta que a incapacidade de acessar informações escritas também limita a participação social e torna os analfabetos mais vulneráveis a fraudes e exploração. No campo profissional, a alfabetização amplia as possibilidades de emprego e permite o progresso na carreira, garantindo melhores salários e maior estabilidade econômica.
“Portanto, a alfabetização é fundamental para a inclusão social, permitindo a comunicação eficaz e a participação ativa na comunidade. Além disso, ela é essencial para o crescimento intelectual e emocional, proporcionando acesso ao conhecimento e à cultura, enriquecendo a vida das pessoas e desenvolvendo o pensamento crítico e criativo. Em suma, a alfabetização é muito mais do que uma habilidade técnica; é uma ferramenta poderosa para transformar vidas e sociedades”, finaliza a professora.
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