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Georgette Vidor comemora medalha olímpica do Brasil na ginástica: ‘É o sentimento de que tudo valeu a pena’

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Georgette Vidor comemora medalha olímpica do Brasil na ginástica: ‘É o sentimento de que tudo valeu a pena’

Petropolitana de coração e peça fundamental no sucesso da ginástica artística do Brasil, Georgette foi treinadora de Rebeca Andrade e Jade Barbosa, além de ter revelado algumas das atletas medalhistas das Olimpíadas de Paris

As brasileiras Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira fizeram história na tarde desta terça-feira (30), nas Olimpíadas de Paris 2024. As atletas brilharam e conquistaram a medalha de bronze inédita na ginástica artística por equipe feminina. Elas ficaram na terceira posição na disputa, atrás apenas dos Estados Unidos e Itália.

Uma das técnicas mais respeitadas do país, a petropolitana de coração, Georgette Vidor, comemorou a vitória da equipe com muita emoção e orgulho de ter começado a escrever parte dessa desafiadora história.

Fotos: reprodução instagram @georgettvidor – AFP

Vida dedicada à ginástica artística

São 50 anos de trabalho dedicados à ginástica artística. Georgette Vidor começou no esporte muito cedo, com 15 anos, como ginasta no Flamengo e, em seguida, no Fluminense. Desde então, ela se dedica ao trabalho. São mais de 50 títulos, desde estaduais, nacionais e internacionais conquistados nos clubes em que atuou. Sendo 25 anos como técnica do Clube de Regatas do Flamengo, 15 anos de seleção brasileira e 7 como coordenadora das seleções nacionais femininas.

Além dos títulos, são várias as atletas reveladas por ela que hoje estão conquistando pódios. Ao trabalho e aos títulos que vêm sendo conquistados por estes, Georgette é só agradecimento.

Fotos: reprodução instagram @georgettvidor

“Vendo as meninas no pódio é um sentimento de que valeu tudo a pena. Chorei muito. A minha vida foi dedicada à ginástica artística. Comecei a fazer ginástica com dez anos, aos 15 comecei a dar aula. Agradeço a ginástica porque tudo o que eu tenho foi o esporte que me deu. Tudo o que eu conquistei, conhecer o mundo, estar em vários Jogos Olímpicos, nos Jogos Pan Americanos, Campeonatos do Mundo, Copa do Mundo, Campeonatos Internacionais, o próprio Brasil que eu conheci através da ginástica. Então, sem dúvida nenhuma, esse pódio veio para consagrar aquilo que a gente sempre sonhou. A medalha individual é importante, mas nós, treinadores do Brasil, tínhamos este sonho de ter a medalha por equipe, e isso finalmente aconteceu”, diz Georgette emocionada.

Desafios até chegar ao pódio de uma Olimpíada

A emoção da ex-treinadora da seleção brasileira em vê Rebeca, Flávia, Jade, Julia e Lorrane conquistando o bronze em Paris não é à toa. Georgette conta que são vários os desafios enfrentados por estas atletas, fazendo com que alguns talentos desistam do esporte.

Fotos: reprodução instagram @georgettvidor

“São muitos os desafios. Eu já passei por vários. Competir com atletas lesionados, falta de local para treinar. Na época do incêndio no Flamengo, eu coordenava a seleção. Para treinar e levar as meninas para Trigis (Alemanha), tive que conseguir apoio do prefeito, na época. Acabamos conseguindo um lugar para treinar, porque senão não teríamos conseguido com que elas chegassem onde estão hoje. Elas teriam se separado, ido para diferentes clubes do Brasil e não teriam feito o preparo que a gente fez”, lembra.

Falta de incentivos para a formação de atletas

Georgette conta que o caminho é longo até a preparação para as Olimpíadas, já que quem faz o preparo dos atletas são os clubes, que muitas vezes não recebem incentivos. Além disso, a ex-treinadora da seleção brasileira ressalta a falta de seriedade com o esporte nas escolas, a falta de clubes nos bairros para desenvolverem a prática esportiva e a pouca valorização dos profissionais.

“O Comitê Olímpico e a Confederação Brasileira têm muito apoio. Mas, infelizmente, quem prepara os atletas no país são os clubes, que preparam vários esportes olímpicos. Por exemplo, nós temos uma psicóloga para 900 atletas. Isso se torna algo difícil, acaba que não conseguimos formar e também dar possibilidades a tantos talentos que se perdem no Brasil. Dessas meninas que estão aí, imaginem quantos atletas neste país não ficam para trás, porque nascem com talento, mas não têm onde se desenvolver, porque o esporte não é levado a sério nem nas escolas. O nosso povo não tem dinheiro para pagar. Os salários dos treinadores de ginástica são muito baixos. Então muita gente prefere exercer a profissão fora do Brasil para ter uma condição de vida melhor. Tudo isso interfere. Acho que fazemos verdadeiros milagres pelas condições que temos”, desabafa a treinadora.

Formando ginastas

Com 19 anos, Georgette já tinha feito a primeira campeã estadual, Luísa Parente. Nomes consagrados no esporte como Rebeca Andrade, Jade Barbosa e Daniele Hypólito também já passaram pela coordenação da treinadora. E os bons frutos também estão sendo colhidos nos projetos sociais que ela mantém em Petrópolis. Como a petropolitana Ana Paula Delgado que, com apenas 9 anos, conquistou a medalha de ouro no Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística.

Fotos: reprodução instagram @georgettvidor

“Descobrimos a Rebeca, em Guarulhos, onde tinha ginástica lá. Descobri a Flávia, porque eu tinha um projeto social na Zona Oeste do Rio, e eu a descobri. Andressa Jardim apareceu no Flamengo. São vários. A petropolitana Ana Paula foi descoberta num projeto meu e vem tendo resultados no Brasil. Ela faz 12 anos esse ano, mas é uma menina que a gente acredita ter um futuro promissor. Sei que será a primeira grande campeã de ginástica de Petrópolis. Ela teve a chance porque eu tinha os projetos aqui, senão ela não seria descoberta. Então, também é preciso dar sorte e ter a confiança e o apoio dos pais em acreditarem na maluca da Georgette”, brinca a treinadora.

Considerada a maior reveladora de talentos da ginástica artística brasileira, Georgette Vidor também é a maior vencedora de todos os tempos do esporte no país.

“Em resultados de clubes, perdi a conta dos títulos, na categoria adulta e juvenil. Acho que vai ter que nascer outro treinador para ter o número de títulos que eu tenho nacionais”.

Questionada sobre a sua contribuição nos Jogos Olímpicos, Georgette tem orgulho de fazer parte dessa história.

“Minha contribuição foi me dedicar totalmente e trazer os primeiros grandes resultados para o Brasil, primeiro com o Luísa Parente, depois Soraya Carvalho, depois com o Daniel Porto. Só não consegui trazer resultados por equipe”.

A treinadora, que adotou Petrópolis como casa, pode até não ter conseguido esse feito enquanto treinava as atletas brasileiras, mas sem dúvida foi uma peça fundamental nos resultados que estão sendo obtidos hoje.

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