‘Florescer’ e ‘Era lixo virou luxo’: conheça a mulher por trás desses projetos premiados de Petrópolis
A agente comunitária Sueli Meira, da ESF Estrada da Saudade, acumula uma lista de projetos voluntários que movimentam a comunidade e trazem um pouco de esperança à população do bairro
Por Cristiane Manzini sob supervisão de Luísa Abreu
Agente Comunitária pela Secretaria de Saúde do Município, Sueli percebeu que ajudar o outro traz para si mais uma possibilidade de compartilhar amor e ser feliz.
Apesar de ter que amadurecer antes da idade ideal, ela não permitiu que o ingresso precoce ao mundo do trabalho fosse um impedimento para olhar o mundo com bons olhos. Assim ela coordena inúmeros projetos voluntários na comunidade em que atua.
Foto Arquivo Pessoal
Sobre a agente comunitária
Sueli Meira Vieira já viveu muitas experiências ao longo dos seus 70 anos de vida. Nascida na Zona da Mata do Estado do Rio de Janeiro, em um local próximo à cidade de Porciúncula, veio morar em Petrópolis com apenas 8 anos de idade.
Começando a trabalhar aos 11 anos, viu a infância ser substituída pela responsabilidade de um emprego com carteira assinada. Devemos lembrar que há algumas décadas não havia toda a proteção legal que proíbe o trabalho infantil. Felizmente hoje essa realidade é bastante diferente.
Agindo na comunidade
Sueli se dedicou por 38 anos ao trabalho no comércio e quando se aposentou, ao invés do merecido descanso, começou a trabalhar como Agente Comunitária de Saúde na ESF – Estratégia de Saúde da Família da Estrada da Saudade, onde atua há 21 anos. Este posto tem parceria com a UNIFASE e, assim, ela também trabalha como monitora dos alunos, apresentando as famílias e acompanhando as visitas.
Apaixonada pelas causas sociais, Sueli divide o seu tempo entre o trabalho na unidade de saúde, o parceiro com quem vive há 44 anos, os dois filhos e as inúmeras ações com as quais se envolve.
Sueli e seu companheiro – Foto Arquivo Pessoal
Além disso, ela tem um ateliê em casa onde faz vários tipos de artesanato. Mas apesar de tantas tarefas ela não descuida de si mesma e investe seu tempo em atividades que lhe dão prazer sempre que possível. “Como eu uso meu tempo? Viajando! Eu amo viajar!”, diz ela.
Sueli e seus dois filhos – Foto Arquivo Pessoal
Projetos
O principal projeto ao qual Sueli se dedica é o Florescer, que atua essencialmente com mulheres idosas através de atividades de artes, conversas, passeios e viagens.
Ela conta que o projeto começou com pacientes portadores de diabetes e hipertensão, mas percebeu que seria mais produtivo fazer um grupo de convivências. “Deu muito certo com melhora da depressão, autoestima etc.”, explica.
Foto Arquivo Pessoal
O objetivo é promover uma socialização mais rica daquelas que, muitas vezes, já encerraram a vida profissional e acabam diminuindo as tarefas do dia a dia.
O projeto existe há quase 21 anos e foi já premiado pelo Ministério da Saúde exatamente pelos resultados alcançados. Ele oferece possibilidades de interação que podem melhorar a saúde mental das participantes que, ao invés de se isolarem em casa, fazem amizade com novas pessoas, escutam e contam suas histórias.
Foto Arquivo Pessoal
Outros Projetos
Sueli diz que mesmo trabalhando oito horas por dia, tem a oportunidade de desenvolver alguns projetos no próprio ambiente de trabalho.
Como se não bastasse a dedicação a um projeto tão relevante quanto o Florescer, Sueli se envolve coordenando inúmeros outros programas, sempre com o intuito de ajudar a comunidade. Entre eles estão o “Projeto Era Lixo Virou Luxo”, que busca agir sobre o destino de resíduos sólidos e, a partir dele, surgiu o “Berço de Garrafas PET”, também premiado pelo Ministério da Saúde.
Foto Arquivo Pessoal
São inúmeras as ações. Juntamente com a equipe de trabalho da ESF, ela coordena o “Projeto Pacotinho de Amor” com a nutricionista (Dra. Mari) do local. O objetivo é arrecadar e distribuir enxovais para bebês. O Projeto “Gotas de Vida”, sobre doação de sangue, é feito em parceria com uma agente comunitária (Fabi) como ela.
Sueli arrecada materiais de todo tipo para auxiliar outros projetos em parceria com diversas instituições da cidade, desde lacres e latinhas, até cestas básicas para doação. Ela conta com a parceria de organizações como a UNIFASE, a Mesquita Islâmica e a Dogs Heaven. Como se já não fosse o suficiente, ainda há o Projeto de Horta Medicinal “Mudas de Amor” mantido por Sueli e outra colega também agente comunitária (Zélia Souza).
Foto Arquivo Pessoal
Ser voluntário
Quem se dedica ao trabalho voluntário observa os benefícios em si mesmo tanto quanto nas pessoas que são ajudadas.
Servir aos outros proporciona recompensas emocionais que vêm da gratidão e da felicidade em ser útil e tornar a vida de outras pessoas um pouquinho melhor. Para Sueli funciona exatamente do mesmo jeito. Ela destaca a importância de olhar para si mesmo antes de olhar para o outro.
“Comece se amando e valorizando a própria vida. Pois só se pode ajudar ao próximo quem valoriza a vida”, explica a voluntária.
Foto Arquivo Pessoal
E prossegue destacando que o voluntariado é um caminho de ida sem volta. “Agindo assim o amor vai brotando e dando mais vontade de ajudar. Na verdade, vira um vício”, comenta Sueli deixando claro que uma vez que a pessoa se envolve com o ato de ajudar surgirá a vontade de fazer ainda mais.
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