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Conheça a história de amor e superação da família petropolitana que adotou três irmãos

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Conheça a história de amor e superação da família petropolitana que adotou três irmãos

Neste Dia Nacional da Adoção, a família Carvalho Porto compartilha uma história de muitos desafios, mas, acima de tudo, muita felicidade e realização

 Por Cristiane Manzini sob supervisão de Luísa Abreu

Os motivos que levam as famílias a buscarem a adoção são diferentes e os caminhos percorridos até lá podem ser um verdadeiro teste de superação. Para celebrar o dia 25 de maio, considerado o Dia Nacional da Adoção, conheça a história de amor de uma família que se formou a partir da adoção.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

Família Carvalho Porto

Luciana Carvalho Porto, hoje com 50 anos, já sabia desde a adolescência que tinha uma condição fisiológica que a impediria de ter filhos. Ela conta que quando começou a namorar o marido Max, bem mais novo que ela e com desejo explícito de ser pai um dia, explicou sua situação e os dois começaram a conversar sobre a ideia da adoção.

Após três anos de casamento, o casal viu o desejo de aumentar a família se tornar mais forte. Entraram na fila da adoção e começaram a visitar alguns lares. Em um primeiro momento, assim como a maioria dos casais, desejavam adotar um bebê. No entanto, em uma dessas visitas se encantaram por uma menina de cinco anos, porém, como explica Luciana, a adoção deve acontecer dos dois lados. 

“Adoção é realmente assim: você adota a criança e a criança te adota.” A mãe conta, revelando toda a frustração daquele momento, que a partir da segunda visita a menina começou a se esconder demonstrando não querer fazer parte da família.  

O início do processo

Pouco tempo depois, através de uma amiga que também havia feito uma adoção, Luciana tomou conhecimento de um documentário produzido por uma mulher de Santa Catarina que tinha adotado quatro irmãs e auxiliava outras famílias que queriam fazer o mesmo.

Neste momento, ela e o marido, começaram a se abrir para a possibilidade da adoção tardia, que é quando as crianças já passaram da idade preferida pelos casais e, em geral, torna-se mais difícil serem escolhidas na fila. A possibilidade de aumentar a família estava mais perto, porém ainda havia um caminho a percorrer.

À primeira vista

O processo de adoção para a família Carvalho Porto foi rápido. Em menos de um ano a situação se definiu. O primeiro contato foi através de uma fotografia de dois irmãos, uma menina de 4 anos e um menino de 8 anos que estavam disponíveis. Após se encantarem com as crianças, souberam que na verdade havia mais um irmão, na época com 12 anos. Se a ideia já parecia difícil considerando a adoção de um menino de 8 anos, tornou-se um desafio a ser superado com outro irmão ainda mais velho.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

As barreiras

Luciana e Max conversaram bastante sobre o assunto, pois passariam de um casal sem filhos para uma família de cinco pessoas. O que eles não sabiam é que muitos desafios estariam por vir. As crianças eram de Farroupilha, RS, e eles decidiram viajar até lá para conhecê-las.

Luciana conta que esperava sentir aquela “faísca”, tantas vezes relatada por outras pessoas, quando visse as crianças, mas isso não aconteceu. “Eram crianças comuns até aquela hora”, relata a mãe. Porém, passaram o fim de semana juntos e a interação foi bem rápida. Quando levaram as crianças de volta ao lar tiveram certeza de que eles eram os “seus” filhos.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

Porém, em uma manhã após o período da viagem, receberam o contato da assistência social informando que devido à idade do marido, na época com 25 anos, o casal não estaria qualificado para a adoção das três crianças, já que a diferença entre a idade dos pais e o filho mais velho deve ser de, no mínimo, 16 anos, e a deles era de apenas 13 anos. 

A carta

Após o contato com as crianças, Luciana e Max não queriam mais perdê-las. Decidiram enviar um pedido ao juizado explicando que a lei permitia que ela sozinha adotasse as crianças e a sua idade preenchia os requisitos básicos.

Escreveu sobre toda a emoção que sentiu no contato com as crianças, a interação entre eles e todo o amor envolvido na questão. Foi aí que receberam uma ligação do próprio juiz que, conversando com Max, permitiu que o casal adotasse os três irmãos.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

A família foi autorizada a buscar as crianças para passarem as férias juntos. Após toda a preparação e a expectativa da viagem, novo revés: as crianças estavam com catapora e não poderiam viajar de avião. Após orientação, souberam que poderiam buscá-los de carro e assim fizeram. Foi uma viagem de cerca de vinte horas até Farroupilha, mas eles voltaram com as crianças.

Luciana diz que foi o melhor que poderia ter acontecido, porque durante o enorme trajeto eles se conheceram. Ela relembra que tranquilizou os filhos explicando que o casal não estava substituindo ninguém da família de origem e que as crianças só deveriam chamá-los de pais quando se sentissem confortáveis.

Ao final da viagem os irmãos já se referiam a Max e Luciana como “pai e mãe”. No retorno das férias de julho eles já não queriam mais se separar e rapidamente conseguiram as condições básicas para trazerem as crianças, tais como a adaptação da casa, matrícula nas escolas, entre outros. E em 20 de agosto de 2013 os filhos vieram definitivamente para casa — data que eles comemoram todos os anos.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

A adaptação

A adaptação em casa não foi fácil. O casal, que estava acostumado com uma casa sempre arrumada, silenciosa e tranquila viu sua rotina ser drasticamente alterada com a chegada dos três irmãos. Porém, Luciana sabia que o índice de famílias que devolviam os adotandos era alto e não queria que isso acontecesse com eles. Isso fez com que eles se empenhassem em fazer as coisas funcionarem. Não demorou muito para acontecer. 

“As famílias quando vão adotar elas vão muito iludidas daquela família perfeita, aquela criança perfeita, que não responde. Acha que só porque as crianças foram adotadas vão ser eternamente gratas. Criança é criança”, destaca Luciana.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

Apesar das dificuldades, Luciana diz que seus filhos são muito educados e amorosos. Ela e o marido são muito orgulhosos da família que construíram.

O outro lado da adoção

Regina Barragat é psicóloga no Lar de Crianças Nossa Senhora das Graças, em Corrêas, e explica que o trabalho na casa é multidisciplinar. A instituição que acolhe meninas e meninos de 0 a 12 anos precisa atuar em parceria com profissionais da área de saúde, da assistência social e da justiça para garantir que as crianças que chegam sejam atendidas em todas as suas necessidades.

Ela aponta que a primeira ação é uma consulta com uma pediatra voluntária para traçar, através de exames, um perfil da saúde da criança e a necessidade de encaminhar a outros acompanhamentos. 

Como funcionam os bastidores

O tempo máximo que as crianças devem permanecer no lar é de dois anos. Neste período, em acordo com o juizado de menores, o CRAS – Centro de Referência de Assistência Social e o CREAS – Centro de Referência Especializada em Assistência Social, há sucessivas tentativas de reintegrar a criança à sua família biológica. No entanto, quando as possibilidades se esgotam sem sucesso, a criança é colocada para adoção.

Foto: APCEF/RJ

Regina conta que quando o adotante escolhe um perfil disponível no lar o corpo técnico do juizado entra em contato com a família e assim se inicia a aproximação. Os adotantes participam de uma entrevista em que é feito um “raio-x” da criança pretendida com dados de saúde, origem, história, e todos as informações a respeito. Quando a família decide prosseguir com a adoção, o contato com a criança vai progressivamente aumentando através de visitas, saídas, pernoites e períodos de férias até as crianças e os pais se adaptarem uns aos outros.

O perfil dos adotantes

Regina aponta que felizmente, de um ou dois anos para cá, o perfil dos adotantes vem se ampliando. Além dos casais heterossexuais, os casais homoafetivos e as pessoas solteiras têm procurado mais o serviço de adoção. Quando a criança já tem uma idade para entender a situação, a partir de cinco ou seis anos, ela começa a ser preparada para receber a nova família. A psicóloga conta que são apresentadas figuras com várias configurações de famílias para desencadear algumas reflexões. 

“Tem muitos tipos de famílias. Tem família de pai com pai, mãe com mãe, pai com mãe, avó e avô, tem família de uma pessoa preta com uma pessoa branca, mãe sozinha…”, conta Regina, que vai conversando com a criança e imaginando os possíveis tipos de família. 

É fundamental lembrar que a adoção é um ato de amor e de extrema responsabilidade, porque envolve não só o desejo de construir uma família, mas sobretudo, a necessidade de educar, dar limites e preparar para a vida.

Foto: Arquivo Pessoal Família Carvalho Porto

Grupos de Apoio à Adoção

Quintal de Ana –  www.quintaldeana.org.br – Grupo sem fins lucrativos situada em Niterói que auxilia muitas famílias em Petrópolis

Angaad – www.angaad.org.br – Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção

Veja também: Entenda como funciona o processo de adoção em Petrópolis

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