Saiba quem são os petropolitanos da lista da Forbes e o que eles fizeram pra chegar até lá
Pedro Gelli, de 27 anos, e Vitor Rabello, de 26 anos são os fundadores da Curta Hub, uma plataforma de negócios para criadores de conteúdo digital, e entraram para a lista da Forbes Under 30 de maiores empreendedores com menos de 30 anos no Brasil
A lista da Forbes Under 30 destacou, em 2023, os maiores empreendedores com menos de 30 anos no Brasil e, dentre eles, dois petropolitanos entraram para esta concorrida seleção. São eles: Pedro Gelli, de 27 anos, e Vitor Rabello, de 26 anos, que, ao lado do paulista Lucas Continentino, de 28 anos, criaram a Curta Hub, plataforma de negócios para criadores de conteúdo digital.
Da esquerda para a direita, Vitor, Lucas e Pedro. Foto: Leonardo Cardoso
Em entrevista à Sou Petrópolis, os empreendedores contaram um pouco sobre sua infância e adolescência na cidade, como teve início a Curta Hub, dicas para quem está começando a empreender e o que fez com que eles entrassem para a Forbes Under 30. Confira:
1. Primeiro, podem me contar de onde nasceu a Curta Hub?
Pedro: A Curta começou na pandemia, de forma online, com Vitor em Curitiba, eu em São Paulo e Lucas no Rio de Janeiro. Um ano depois, abrimos um escritório no Rio de Janeiro, e em 2023 nos mudamos para um escritório em São Paulo. Observamos um espaço para crescimento, no qual muitos influenciadores não estavam sendo representados por agências e fechavam poucos negócios. Isso se dá pela falta de profissionalização e orientação a negócios que muitos criadores de conteúdo enfrentam, especialmente porque muitos crescem mais rápido do que conseguem assimilar e compreender o mercado do marketing de influência no qual estão inseridos.
Lucas: Nossa ideia foi expandir a imagem do criador. A empresa foi criada há 3 anos por meio da percepção de que havia muitas oportunidades neste mercado que não estavam sendo aproveitadas e agora, com a Curta, estão. Percebemos, ao longo dos anos, uma dificuldade na precificação do trabalho dos influenciadores, muitos passam grande parte do seu tempo criando vídeos, ou fazendo parcerias com marcas que não atingem seu público, em busca de maior monetização, ou mesmo a percentagem desse valor destinado ao influenciador não condizia com as outras trabalhadas. Por ser uma profissão nova, ainda há muita discrepância entre os pequenos e grandes influenciadores.
2. Como vocês dois se conheceram e empreender sempre foi um sonho para vocês?
Pedro: Vitor e eu nos conhecemos em Petrópolis, no colégio Bom Jesus Canarinhos, com 12 anos de idade. Estudamos por todo o período escolar juntos e seguimos sendo melhores amigos desde então.
Vitor: Crescemos juntos e, além da amizade, o empreendedorismo com certeza sempre foi um sonho para nós. Tenho lembrança de desde muito novos descermos a rua Santos Dumont, na saída do colégio, conversando sobre empresas e possibilidades para o futuro.
Pedro e Vitor antes e agora. Fotos: Arquivo Pessoal e Leonardo Cardoso
3. A Curta foi a primeira empresa de vocês ou já empreenderam em outro ramo?
Vitor: Sou profissional da área de investimentos, com uma formação sólida nesse setor. Por isso, me tornei o responsável pela estruturação do negócio e vi um potencial mais voltado para o valor da empresa sob sua ótica financeira. Atualmente, trabalhamos com um modelo de partnership, vindo das finanças, o que é um grande diferencial da Curta.
Pedro: Eu já produzia conteúdo no YouTube desde 2014, por muito tempo foi meu grande empreendimento, quando criei os canais Gelli Clash, Gellones e Dicas do Gelli (@gelliclash), que somam hoje 8,8 milhões de inscritos e 1,3 bilhão de acessos. Ter essa experiência foi um dos fatores que mais me ajudou, junto com meus sócios, a moldar o negócio.
Lucas: No meu caso, já havia trabalhado na área comercial de diferentes empresas, lidando inclusive com grandes influenciadores do mercado. Meu forte sempre foi abrir caminhos de oportunidades comerciais para os criadores. Na Curta, tenho uma equipe que me apoia neste trabalho de utilizar da melhor maneira o potencial dos influenciadores.
4. No caso do Vitor, de onde veio esse interesse em agenciar criadores de conteúdo?
Vitor: Eu sou advindo de outra área, me formei pela BM&FBOVESPA, antes de completar o ensino médio, mas desde a adolescência sempre tive um grande interesse por grandes empresas e por startups. Aos 20 anos, me aprofundei no mercado financeiro estudando na EQI, aprendendo como estruturar um negócio escalável. Em 2021, junto com o Pedro Gelli e o Lucas Continentino, observando o nicho de marketing de influência em crescimento e com muitas oportunidades de gerar novos negócios, procurei trazer um pouco da minha visão sobre o mercado por meio da fundação da Curta.
Vitor no início da carreira. Fotos: Arquivo Pessoal
5. Quando vocês criaram a empresa, imaginavam que iriam chegar tão longe assim? E indo mais pro passado, quando começaram a produzir conteúdo digital, imaginavam chegar onde chegaram?
Lucas: É um sonho chegar onde chegamos, porque não é apenas nos tornarmos conhecidos no setor, mas sim nos tornarmos um apoio para influenciadores de todo o mercado para sua profissionalização.
Pedro: Quando comecei a produzir conteúdo digital, eu sonhava em chegar onde estou, mas não imaginava, por exemplo, que me tornaria um empresário na lista da Forbes Under 30 e nem que chegaria, com apenas 3 anos de empresa, aos R$18 milhões de faturamento e uma perspectiva de mais de R$ 30 milhões para 2024. Esses reconhecimentos diários dos nossos esforços e as metas que estamos tendo a possibilidade de traçar nos provam que estamos no caminho certo para uma gestão humanizada do trabalho dos influenciadores, alinhada com princípios éticos fortes e com o objetivo de co-criarmos carreiras de sucesso na indústria do entretenimento.
6. Como funciona a empresa, quantos produtores de conteúdo vocês agenciam e quais são os seus maiores cases de sucesso?
Lucas: Temos, atualmente, três pilares de negócios nos quais impulsionamos 44 produtores de conteúdo. Se somarmos toda essa base, o público chega a 265 milhões de inscritos no YouTube (com sobreposição) e 2 bilhões de visualizações mensais.
Pedro: Trabalhamos também com o licenciamento de produtos de influenciadores, que são vendidos em nosso próprio marketplace e em outros 1500 pontos de vendas físicos no Brasil. Robin Hood Gamer, Geleia, Athos e Problems são alguns dos nomes de quem vocês podem encontrar produtos como cadernos, canecas, bonecos, mochilas e etc. No ano passado, movimentamos mais de 10 milhões de reais na venda de bonecos personalizados de influenciadores (número final no varejo), eles são o carro chefe das nossas vendas, passando de 130 mil bonecos vendidos em 2023.
Por fim, realizamos shows de alguns de nossos criadores com uma empresa parceira. Neste setor podemos destacar especialmente os shows que fazemos para os influenciadores Natan por Ai, Família Arqueira e Problems. Além disso, temos um canal próprio da Curta, que nos apoia na visibilidade das marcas e tem mais de 1 milhão de inscritos no Youtube.
Pedro Gelli. Foto: Leonardo Cardoso
7. Qual vocês acreditam ser o maior diferencial da Curta e do trabalho de vocês?
Lucas: Podermos criar uma marca e diversificar a abrangência de um influenciador é um grande trunfo que temos. Não somos apenas uma agência, mas sim geradores de novas linhas de receitas aos criadores na indústria do entretenimento, gerando receita multiplataforma. Isso também ocasiona uma maior identificação do influenciador com o público, por estarem disponíveis em mais pontos de contato com eles, seja por meio de produtos licenciados ou por shows, por exemplo.
Vitor: Além disso, na Curta o criador é sócio dos negócios. O modelo de partnership, adaptado do setor financeiro é muito relevante aqui, pois os influenciadores passam a ver que sua carreira está sendo bem cuidada, afinal, eles passam a receber os lucros do que estão vendendo por meio da Curta, como parceiros.
Pedro: Para mim, estamos apoiando a profissionalização do marketing de influência. Muitos influenciadores crescem mais rapidamente do que o tanto que sabem sobre o mercado, então, a Curta chega para apoiar estas pessoas que já têm um número de seguidores, mas não conseguiram explorar 360 graus as linhas de negócios importantes disponíveis no nicho em que estão inseridas. Queremos ajudá-los neste processo tão valioso de geração de renda e reconhecimento com o público. Como trabalhamos com algo pelo qual eu já passei na vida, minha intenção é que façamos uma boa parceria com estes influenciadores, de maneira a acolhê-los. Mantemos uma relação extremamente saudável com os influenciadores e queremos trazer a eles a base e público que merecem para crescer.
Vitor Rabello. Foto: Leonardo Cardoso
8. Para quem está começando a empreender, qual dica vocês dão e qual vocês acreditam ser a “chave para o sucesso”?
Pedro: Empreender não é fácil, mas é preciso entender qual é a real demanda do mercado e como sua ideia pode auxiliar o setor no qual gostaria de empreender a se desenvolver. Além disso, é importante unir seus conhecimentos com outras pessoas que tenham backgrounds diversos e possam agregar ao que você acredita.
Vitor: Sem dúvidas. Conosco foi assim, Pedro vindo do mercado de influenciadores digitais, Lucas com um forte conhecimento em vendas e marketing de influência e eu do setor financeiro.
Foto: Leonardo Cardoso
9. E por último, como vocês se sentem levando o nome de Petrópolis para esses espaços?
Pedro: É uma honra poder ser embaixador do nome da cidade onde nasci para o Brasil todo.
Vitor: Petrópolis hoje é um dos maiores pólos de tecnologia do Brasil, com diversas empresas se instalando lá para prosperar. Nada mais justo do que levarmos um pouco deste lado tão forte de nossa cidade para fora do Estado, chegando ao âmbito nacional e agora também internacional por meio da Curta.